Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

A arte de cozinhar com humor

THE WEEK

"Ótima revista" (Charlie Rose, da TV pública PBS); "Incrivelmente eclética e uma alegria de se ler" (Diane Von Furstenberg, estilista); "Eu amo, amo esta revista", (radialista Bob Garfield). Tais elogios saem toda semana na capa da revista americana The Week. Rotina em capas de livros, a prática é inédita em revistas dos EUA, e chamou a atenção de The Washington Post, que em 29/1 publicou matéria a respeito assinada por Peter Carlson. Desde que foi lançada, em maio de 2001, os confetes de celebridades e aspirantes a celebridade aparecem na capa dentro de um círculo laranja.

Lançada em maio por Felix Dennis, que Peter Carlson chama de "o gênio louco" por trás da revista Maxim, Week é a versão americana da bem-sucedida publicação britânica de mesmo nome. É magrinha ? só 40 páginas ?, e seu subtítulo parodia a auto-suficiência da mídia: "Tudo o que você precisa saber sobre tudo que realmente interessa".

The Week emprega zero repórteres: uma equipe de 16 redatores lê jornais e revistas do mundo inteiro, e cozinha tudo em sucintos parágrafos. Parece tedioso e superficial, mas Carlson diz que não. É informação, e de fino humor. Semanas atrás, um redator contou, numa frase, que dois homens já faziam fila à porta de um cinema em Seattle aguardando a estréia do próximo Guerra nas Estrelas, marcada para 16 de maio. E completou: "Nenhum dos dois é casado." Na coluna Boring but Important (chato mas importante), a revista fala de projetos de lei e déficits orçamentários. A seção Briefing destrincha, em formato de perguntas e respostas, assuntos polêmicos como a história da divisão da Palestina, a eterna guerra pela Caxemira, o "carro do futuro", movido a hidrogênio.

The Week tem muito mais notícias e vozes internacionais do que Time ou Newsweek, numa seção de três páginas chamada Uma olhada pelo mundo. Os leitores podem saber o que escrevem colunistas russos, paquistaneses ou malaios sobre a guerra no Afeganistão. Souberam, por exemplo, que o jornal lituano Baltic Times está furioso porque o best-seller de Jonathan Franzen, The Corrections, retrata a Lituânia como um antro de crime e corrupção. A revista ainda resume as notícias das revistinhas de supermercado, na seção Deve ser verdade… li nos tablóides. Essa deliciosa atração, diz Carlson, é perfeita para quem pega a fila errada do supermercado: aquela que anda depressa demais e chega logo ao caixa, antes que possamos saber qual estrela de Hollywood se drogou, ficou grávida, engordou ou foi presa. A Week "preenche essa lacuna".

A Week, aliás, preenche quase todas as lacunas. O que explica a frase do romancista Christopher Buckley, na capa da edição passada: "A Week me faz economizar US$ 10 mil por semana em assinatura de revistas."