Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

A briga continua

PULITZER 2002

Poucas semanas antes do anúncio do Pulitzer, Wall Street Journal e Seattle Times continuam travando furiosa batalha verbal. Série de reportagens ? finalista do prêmio ? do Seattle, publicada em março de 2001, acusou médicos do Centro de Pesquisa de Câncer Fred Hutchinson de não informarem os pacientes sobre o risco de um tratamento experimental e de terem se beneficiado financeiramente por serem sócios das empresas que produzem os medicamentos testados. Artigo de Laura Landro, editora-assistente do Journal (19/3/02), acusou o diário de distorcer fatos e aumentar a desconfiança do público em relação a pesquisas médicas.

No dia 27, editorial do Journal atacou de novo: “O Seattle Times não merece um Pulitzer.” O jornal explica que, ao submeter uma matéria para concorrer ao prêmio, também devem ser enviadas cartas, correções e textos que contestem a precisão do relato. O Seattle Times jamais publicou a carta que Landro enviou ao editor, há um ano. “Se o tivesse feito, de acordo com as regras, teria que incluir a carta na inscrição do Pulitzer.”

Em resposta, o editor-executivo do Seattle, Michael Fancher, declarou que o editorial era injusto porque, embora não tenha publicado a carta de Landro por falta de espaço, o jornal submeteu a crítica que ela enviou ao Columbia Journalism Review. “Pedem-nos para acreditar que outros textos enviados à apreciação são mais convincentes do que o escrito por uma excelente jornalista que publicou um livro sobre como sobreviveu ao câncer”, rebate o Journal (1/4). Para o jornal, esta atitude demonstra os padrões de precisão do rival: a carta de Landro enviada ao Columbia Journalism Review tinha duas páginas e meia, e foi reduzida a dois parágrafos. “Esta é a carta que Fancher alardeia ter submetido aos juízes do Pulitzer. Por sinal, é a Universidade de Colúmbia que dirige o prêmio, portanto qualquer editor com um mínimo de QI sabe que é melhor submeter textos críticos do Journalism Review.”

“Isto só reforça nossa visão de que o que realmente precisa de correção são os padrões de reportagem em Seattle”, prossegue o Journal. O resto da imprensa trata o caso como uma discussão restrita, dando-lhe pouca atenção ? “como se fosse rude contestar o trabalho de um colega” ? e acaba deixando de lado o conteúdo da crítica de Landro.

 

TV GUIDE

Com seu 50o aniversário chegando, TV Guide, revista semanal mais vendida nos Estados Unidos, muda para se adaptar à explosão de novas tecnologias, como TV a cabo, televisão digital e por satélite. Edição especial em que artistas contam o que viram de mais importante em suas vidas na televisão chega às bancas em 8/4, dando início a um ano inteiro de celebrações promocionais.

A segmentação e diversificação da TV obrigaram o guia a criar alternativas para poder indicar ao leitor o que deve assistir. Quando a publicação nasceu, em 1953, havia somente quatro redes grandes (CBS, ABC, NBC e a extinta DuMont). A clássica lista de programas continuará existindo, mas fazer frente às centenas de canais expandindo-a resultaria “em uma TV Guide do tamanho de uma lista telefônica”, explica Lauren Snyder, executiva da revista. O sítio na internet e os canais a cabo e digital levarão o conteúdo que não couber na versão impressa.

Segundo a Reuters [31/3/02], TV Guide tem circulação de nove milhões de exemplares, o que a faz campeã de vendas de seu segmento. Em 1973, seu auge, chegou a 40 milhões. O editor-chefe, Steven Reddicliffe, lembra que a revista foi a primeira sobre personalidades a fazer sucesso no país. “Quando foi lançada, anunciava a si mesma como o manual de instruções para este maravilhoso equipamento que todos têm na sala de casa”, relembra o professor Robert Thompson, chefe do Centro de Estudos de Televisão Popular da Universidade de Siracusa. “Virou acessório padrão que se p&otilotilde;e no braço da poltrona, junto com a lata de cerveja.”