Angela Adnet(*)
Tenho a certeza de que o "Sr." Paulo César dos Santos Oliveira – assaltante-almofadinha engravatado – teve seu dia de glória com a matéria publicada no Globo de 28 de outubro. Afinal, não é para qualquer mortal conseguir o espaço – a primeira e a 16ª páginas – de um jornal deste porte.
Colocando-se como "vítima do sistema que não gera empregos" – ele tem mulher e filho, desempregado, como vai viver? –, com a maior calma do mundo avisou que vai lançar um livro.
Qual terá sido a razão que levou o jornal a dar ao citado senhor tanta importância? O assalto em si, a roupa elegante ou o fato de ele ser um futuro escritor?
Na possibilidade de a terceira hipótese ser a de maior peso, fica a sugestão aos nossos consagrados escritores que lutam por espaço para divulgar seu trabalho:
COMPREM UM TERNO TOM SOBRE TOM E ASSALTEM UM BANCO!
(*) Escritora
Stephenson Groberio(*)
Quando Eduardo Dusek cantarolou, na década de 80, a música que é título deste artigo nem imaginava que poderia existir alguém como Vera Loyola. Esta senhora foi capaz de festejar o aniversário de sua cadelinha, Pepezinha, tendo como convidadas suas emergentes amigas, acompanhadas de suas respectivas mascotes. Soa mais estranho do que os latidos deste canil high society, porém, o destaque que a mídia dedicou ao evento.
A revista Veja deu duas páginas, ilustradas com quatro fotos, que destacaram anfitriões, convidados e decoração. Vários jornais noticiaram, telejornais idem e, segundo Vera, "tinha até paparazzi".
A imprensa precisa noticiar acontecimentos fúteis como este? Precisa. Para que possamos criticar. Quem sabe assim a sociedade real se conscientize de que criança pobre é mais importante do que cão rico.
Mídia e emergentes, troquem seus cães por uma criança pobre!
(*) Estudante – desempregado – de Jornalismo da Faesa (Faculdade de Educação e Comunicação) e de Letras-Português da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo)
Pacto Globo-Folha e o pacto do silêncio
Acordo Folha-Globo, primeira avaliação