Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

A criança no poder

TT Catalão (*)

 

O Correio Braziliense, ao orientar sua edição de 12 de outubro para a visão de mundo da criança, pretendeu ir além da mera homenagem. A idéia já havia sido tentada, mais tímida, um ano antes. Na edição deste ano, as crianças interferiram na feitura do jornal. Ocuparam em opinião e arte cada página e editoria. Fizeram a charge política, o editorial, as cartas, a seção fixa Desabafo, a capa e suas chamadas.

Alguns temas foram “comentados” genericamente pela criança. Assim, em Internacional crianças falam de paz; em Economia, sobre os valores do país; em Arte e Espetáculos, suas críticas; em Brasil, sobre meio ambiente e saúde; no caderno Eleições, sobre o voto e os planos para a cidade e o país; em Cidades, sobre trânsito, drogas e “o que eu faria se eu fosse meu pai/ou minha mãe“; o Esporte foi dedicado à terapia dos pequenos torcedores do Fluminense indignados com o time, e como estão escapando da gozação geral.

Enfim, a intervenção foi radical, causando até algum estranhamento por ser o jornal um produto rígido, padrão de “realidade pseudo-organizada” que as pessoas aguardam para “entender a vida”.

A capa celebra a edição pela ousadia característica do jornal (que lhe deu o último Prêmio Esso em Criação Gráfica ). A experiência não vai parar. O jornal mantém um dos cadernos infantis mais interativos da imprensa brasileira, o Galera no Correio, e quer, no próximo ano, fazer com que as crianças acompanhem alguns repórteres e participem das etapas de busca, apuração, pesquisa e análise da notícia, até o fechamento. Em alguns temas, é claro. O conceito central foi: criativos continuamos a criança. Ou ainda: que tipo de mundo criamos para as crianças? Que tipo de crianças criamos para o mundo? Que tipo de criação e de mundo queremos para as crianças?

Em CRI S E?

C R I E.

(*) Da equipe do Correio e também Observador.