Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

A direita cospe fogo

NOTAS DE UM LEITOR

Luiz Weis

Para se ter idéia do que é a mídia de direita nos Estados Unidos de hoje, registrem-se duas reações à denúncia da repórter-estrela Christiane Amanpour, da CNN, de que a imprensa americana, na cobertura da guerra no Iraque, "foi amordaçada e se amordaçou" ? o que, por sinal, não é nenhuma novidade.

Numa entrevista ao canal de cabo CNBC, em 16/9, Christiane disse que "a televisão, certamente, e minha emissora, até certo ponto, foram intimidadas pelo governo e a sua infantaria na Fox News" ? numa alusão ao canal arquiconservador de notícias, de propriedade de Rupert Murdoch, que lidera a audiência no setor.

A Fox respondeu que "é melhor ser visto como um soldado de Bush do que como uma porta-voz (spokeswoman) da al-Qaeda". E o comentarista James Taranto, do Wall Street Journal, inventou que Christiane acha, com as suas críticas, que a CNN foi "insuficientemente pró-Saddam".

Christiane Amanpour é um dos melhores repórteres de TV (sem distinção de sexo) do mundo. Quem já viu as prensas que ela costuma dar nos poderosos da Terra (sem distinção política), sabe que isso não é exagero.

Chamá-la de porta-voz da al-Qaeda ou acusá-la de ser pró-Saddam é de uma baixeza sem tamanho. Ou inversamente proporcional à franqueza com que ela incluiu a própria CNN onde trabalha entre as emissoras intimidadas por Washington.