Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

A inversão brasileira

No Brasil, mal se tomava conhecimento do relatório divulgado em Uppsala, os fatos vinham comprovar não só o acerto da conclusão sobre o papel neutro das faculdades de comunicação, mas mostravam ainda que, num desdobramento logicamente possível – admitido como hipótese, em nota de rodapé, pelos estudiosos suecos -, as redações podem piorar o eventual estado de confusão mental de egressos de faculdades de comunicação.

Enquanto alunos da Faculdade Cásper Líbero, sob a direção do jornalista Igor Fuser, produziam um bom número especial da revista Esquinas de SP (“O Brasil da ditadura: 17 histórias de um tempo sombrio”, novembro de 1997), liam-se nos dois grandes concorrentes paulistas (resta saber a que, exatamente, concorrem) as pérolas abaixo, pinçadas ao acaso, em meio a incontáveis, realmente incontáveis congêneres.

Folha de S. Paulo, 10/12/97, capa da Ilustrada:

“Tropicália ganha biografia. Demoraram 30 anos, mas o movimento tropicalista tem sua primeira biografia”. Etc.

Não é molecagem deste Observador. Está impresso. Para a posteridade.

O Estado de S. Paulo, 12/12/97, caderno Cidades:

“A capital mineira (….) chega a seu centenário, hoje, com motivos de sobra para comemorar. (….) Os números da criminalidade, por exemplo, são de fazer suspirar paulistanos e cariocas: em 1996, a Polícia Militar registrou na cidade 411 homicídios, ou pouco mais de 30 por mês, média bem inferior às do Rio e São Paulo. (….) A cidade foi projetada para abrigar apenas 200 mil habitantes, e hoje tem mais de 2,3 milhões, 400 mil deles vivendo em vilas, favelas e áreas de risco, e 850 mil carros”.

Espetacular. Viva Belo Horizonte! Viva o jornalismo pátrio!