Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

A mídia faz vistas grossas

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PROMISCUIDADE

Chico Bruno (*)

Os últimos acontecimentos demonstram, mais uma vez, à opinião pública brasileira o quanto é necessária uma rigorosa faxina política. Não dá mais para a grande imprensa se calar diante dos delitos cometidos pela grande maioria dos políticos que pululam impunemente pelos gabinetes e os corredores do Congresso Nacional. Não dá mais para imolar apenas bodes expiatórios de ocasião.

A grande imprensa tem conhecimento do que ocorre nesses corredores e gabinetes. A grande imprensa sabe, assim como sabe, também, a grande maioria dos servidores das duas Casas, que convivem diariamente com centenas de funcionários das grandes, médias e até pequenas empreiteiras do país. A maioria dos gabinetes funciona como escritório de representação de empreiteiros e prefeituras do país. E a relação é de promiscuidade.

Ralos de desperdício

A CPI do Orçamento imolou alguns poucos parlamentares bodes expiatórios que, por incrível que pareça, foram imolados por uma maioria que continua praticando os mesmos crimes. Não é possível acreditar que as divas e damas que cobrem a política brasileira desconheçam esses delitos, as conhecidas verbas carimbadas.

O orçamento é emendado nos gabinetes não pelos políticos, mas pelas empreiteiras. Todo mundo em Brasília sabe como funciona a coisa. Qualquer repórter que se der ao trabalho vai descobrir com facilidade como funciona o esquema e saber que a corretagem corre frouxa.

Vamos exemplificar. No imaginário estado de Xixixi os empreiteiros são sempre os mesmos há vários anos, estão lá a Maltramo, a Overest, enfim, sempre os mesmos, entra governo, sai governo. Agora, exemplos reais. A Adutora do Sertão, em Alagoas, já passou por n governos, mas a empreiteira continua a mesma; no Castanhão no Ceará é a mesma coisa; o Canal da Maternidade, no Acre, idem; a BR-156, no Amapá, idem, e assim, sucessivamente, lá se vai a coisa pública pelo ralo do desperdício.

Infelizmente se enganam os que pensam que a Lei do Gerson foi sepultada. Ela continua a ser seguida com voracidade pelos corredores e gabinetes de Brasília. Ali todo mundo leva o seu em troca de algum favor, do mais humilde ao mais graduado servidor. A grande imprensa observa tudo com muita naturalidade, apesar de estar careca de saber que Brasília é a capital dos alguns porcentos.

(*) Jornalista

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