Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1280

A palavra da Folha de S.Paulo



Edição de Marinilda Carvalho

Chego hoje de uma semana e meia fora, durante a qual estive desnetizado, para me deparar com mais um episódio de tirania tapuia da oligarquia que detém os meios de informação: o todo-poderoso júnior (Otavio Frias Filho) não soube seguir o Manual da Folha e tascou-lhe censura no que seus leitores devam ler sobre a empresa do papai.

Protagonizou um vergonhoso ato que acreditávamos característico de governos brucutus e sociedades menos modernas que a nossa atual, pós-anos militares.

Surpresa ainda maior por pretender ser o senhor filho um paradigma da Nova Ética no jornalismo livre brasileiro. Foi sob sua batuta que a Folha imprimiu em seus repórteres a superioridade moral que lhes deveria nortear cada linha, dando razão ao apelido de “bispos” que receberam de fãs e detratores.

Serve-nos de lição: teorizar liberdade não significa obrigação de praticá-la. Aliás, no Brasil, obrigações só as têm os menos remunerados. Herdeiros estão acima disso. O Dines escrever o que é fato (ou o Agora não veio substituir o fracasso dos jornais populares da empresa dos Frias? Ou uma empresa estrangeira não veio ser sócia? Cadê o desmentido?) resulta em “demissão” e até notinha de baixo teor jornalístico explicando os porquês. A Folha, autoproclamada vetor do bom jornalismo tupi, corta de suas páginas um dos mais bem dotados da área e ainda por cima justifica o ocorrido com um desleixo de objetividade de fazer inveja aos seus periódicos popularescos.

Não explicou ao leitor onde Dines pecou, onde ele não foi acurado, justo, correto, como lhe é habitual desde os tempos em que júnior sequer sabia ler o jornal do papai. Dines, naquela época, praticava o jornalismo-modelo que júnior viria a exigir de seus vassalos. Dines enfrentava com originalidade a versão militar dos censores que inspiraram júnior, se não em forma com certeza em motivações.

Ao se dar o trabalho de pedir a cabeça do curtido (e curtido!) homem de visão que emprestava à Folha sua sabedoria, semanalmente, Frias mostrou que vive na mesma sintonia que aqueles a quem pretende policiar. A incapacidade de lidar com a verdade acerca de seu espólio o levou a perder a compostura, a bem construída imagem, ficando nu como aquele rei egocêntrico da lenda.

Talvez o senhor filho não tenha sido avisado de que expõe-se assim sem pudor, uma vez que o resto dos poderosos deste seu cenário (Brasil) não são de melhor casta. Nossa história é tão impregnada pelos episódios resolvidos a cassetete que poucos se dão ao trabalho de protestar, outros sequer notam baixarias.

O senhor filho conta com a “anonimidade” em meio a esse palheiro de estupidez que chamamos de nossa nação. E também conta com o silêncio dos subalternos: os arcebispos e toda a arquidiocese não haverão de avisar ao chefe que ele está nu. Nada como a Corte para manter a autoconfiança. Nada como vassalagem desinformada para manter o poderio. Nada como herdar o trabalho do papai para brincar de superior.

Só esquece ele que Dines já perdeu o emprego várias vezes antes – também pelo mesmo hábito de fazer jornalismo de verdade –, e ainda está aí. Não apenas está aí como colhe os louros da coragem que teve. Os súditos podem calar, mas a História conta a verdade mais tarde. Quem será o mocinho disso tudo? Mário Quintana fornece o texto para a mensagem de Dines ao filho: “Aqueles que atravancam o meu caminho: esses passarão… eu… passarinho”.

Fabiano Golgo, de Praga

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Enviei a seguinte carta à Folha: “Cabe à Folha publicar Errata admitindo que errou ao afirmar que Alberto Dines assinara texto com inverdades sobre a empresa. Não é possível que um jornal publique uma inverdade dessas! O que Dines disse em sua coluna no Observatório da Imprensa (e, pelo amor ao bom senso: como é que a Folha pode querer pautar outras publicações? Ou punir por conteúdo que não está sob sua direção?) não foi contestado, mas sim comprovado quando, em 22 de março de 1999, a Folha da Tarde se despediu das bancas, pedindo aos seus leitores, em editorial, que verificassem o novo produto de massas da empresa a ser lançado no dia seguinte – praticamente o que Dines mencionara no condenado artigo.

Ora, que falta de respeito com os leitores! Fazer-nos acreditar que um indivíduo faltou com a verdade quando foi a própria Folha que o fez!”

Fabiano Golgo

Gostaria de parabenizar e agradecer ao jornalista Alberto Dines pela sua coragem. Acomodar-se e jogar no time do consenso é a atitude dos dias atuais. É triste ver a sociedade e, por conseqüência, a mídia brasileira desmoronando. Nos jornais, no rádio ou na televisão vê-se muito raramente uma posição de desconforto com a realidade e muito menos ações contestatórias.

Ir para uma redação de jornal ou de emissora, repetir a pauta do consenso, voltar para casa e antes de dormir pensar “Puxa, eu trabalho na Folha“, “Aquela criança deformada deu 10 no Ibope” ou “Aquela música é um lixo, mas a viagem que eu fiz pra Salvador bancada pela gravadora foi ótima” tornou-se hábito nas “cabeças” da mídia do nosso país.

Cabeças?

Estariam acomodadas? Cansadas? Amedrontadas? A acomodação, acredito, é fruto da incompetência. “Tudo bem. Eu tenho meu salário e um certo status, afinal de contas, trabalho “. Só os competentes acreditam que o exercício da profissão pode ser digno. “Se sou alfaiate, vou fazer o melhor terno para o meu cliente.” “Se sou jornalista, vou fazer o melhor jornal para o meu leitor.”

Para finalizar, peço a Alberto Dines que não desista. Se um dia o Brasil vier a cumprir a promessa de “país do futuro”, com certeza o O.I. terá dado grande parcela de contribuição. Abraços.

Fabricio Franco

Sou leitor da Folha aos sábados e domingos. Soube pela edição de 31/3 que Alberto Dines tinha sido demitido da sua coluna no caderno Ilustrada; um verdadeiro ato de censura (da qual já havia sido vítima em outubro). Fico estarrecido com a ombudsman. É compreensível não ter abordado o assunto na sua coluna de 14/3, já que geralmente o material que sai no fim de semana é editado na sexta anterior.

Agora, não há justificativa para a ombudsman ter se omitido em comentar o ocorrido na sua coluna de 21/3. Muitos leitores inclusive mandaram comentários a ela, com cópias para o site do Observatório. Na hora “H”, cadê cojones pra peitar a direção da Folha?

Pior é que há outras questões às quais a instituição do ombudsman tradicionalmente faz vistas grossas.

Parabéns à diretoria da Folha pela estratégia de neutralizar a voz do Dines. Em vez de calar sua boca, estão dando mais audiência ao site do Observatório. Bravo!

Abraços indignados!

Hidemberg Alves da Frota, estudante secundarista

Muito boa esta reportagem sobre a Falha de S.Paulo. Indicarei a vários amigos.

Fernando Luchesi

Parabéns, Mauro Malin, pelo seu texto sobre a saída do Dines da Folha. Por seu intermédio fiquei sabendo, há algum tempo, que a Folha tinha o rabo preso com Maluf. Neste número do Observatório fico sabendo a razão do rabo preso e outras coisas mais. A demissão do Dines, na forma utilizada pela Folha, me surpreendeu, embora venha observando a queda moral/ética do jornal há algum tempo. A decepção é muito grande. A quem recorrer na hora de ler um bom jornal, já que a Folha se afasta cada vez mais do projeto surgido décadas atrás?

Como prometi em carta ao Observatório, o UOL não é mais meu provedor. Só falta não ler mais a Folha, o que ainda não aconteceu porque lá ainda estão o Janio de Freitas, o Cony, o Rossi e o Zé Simão. O Cony, pelo que vem escrevendo sobre o FHC, deve estar na marca do pênalti. Tá danado! Não sei o que está acontecendo com o nosso país, só sei que não encontro uma só pessoa otimista quanto ao seu futuro próximo. O país está sendo destruído em todos os seus valores: a juventude não encontra emprego, os velhos são roubados do pouco que ganham, ética é uma palavra pejorativa nos ouvidos do donos do poder, a mídia falida e/ou vendida, o cinismo resultante final da falta de esperança virou arte de saber viver. Todo esse choro, pelo qual peço desculpas, é para dizer que a Folha é a maior decepção jornalística dos últimos anos.

José Rosa Filho

Solidariedade e protesto contra mais um ato de violência praticado pelos tubarões da imprensa contra jornalistas.

Francisco Siqueira,

Sou leitor de suas colunas desde o tempo em que você assinava a pág. 2 da FSP e devo lhe agradecer, pois foi lá que tomei conhecimento e posterior contato com a obra monumental de E. Gibbon. Creio que, não tenho certeza absoluta, foi neste artigo que você fazia críticas à administração do Sr. Paulo Maluf – e em seguida deram-lhe o “cartão vermelho”.

Através da Internet leio os artigos do Observatório, e fico muito feliz em saber que existem pessoas como você que não desistem nunca, apesar da força que os oponentes possuem.

Gosto de ler a FSP, pois lá escrevem jornalistas que eu admiro e respeito, como Janio de Freitas, Clóvis Rossi, Luís Nassif. Mas o que me irrita profundamente é perceber que a redação não aceita críticas e muito menos reconhece seus erros, muitas vezes mostrados por leitores e corroborados pela ombudsman. Mania de grandeza ou burrice mesmo?

Gutemberg

Estou do lado de Dines já há algum tempo, vez por outra assistindo ao Observatório na TV. Solidariedade é artigo meio raro numa época em que o mais comum é a bajulação. Quando li na Veja uma crítica ao programa, de que fazia comentários “pedestres” sobre jornalismo, senti vontade de jogar a revista no lixo. Mas esta da Folha foi o “ó” do borogodó.

Espero que as críticas que Dines faz ao meio não respinguem no ego dos donos do UOL, por onde dei uma rápida passadinha e acabei encontrando o e-mail do O.I. Dines, um abraço, e continues com teu sábio sorriso na telinha da Cultura.

Evandro Assumpção, jornalista,

Sou advogado, tenho 25 anos e passei a admirá-lo quando tinha 13 e li o livro do Zuenir Ventura sobre 1968, e a histórica primeira página do dia seguinte ao do AI-5. Penso que a sua demissão da Folha foi uma vergonha para o jornal. Penso também que sua decisão de não somente torná-la pública mas criar um escândalo em cima disso é boa para a imprensa e mancha a reputação do seu ex-patrão. Não tenho dúvidas de que o Observatório é fundamental e coroa sua brilhante carreira de tantos anos de conteúdo e estilo inigualáveis.

Ocorre que já estamos no fim do mês, e o seu Observatório continua só falando nisso.

Vamos trabalhar!! Vamos continuar esculhambando as pautas fajutas, as armações das manchetes encomendadas, o foco na Tiazinha e a olímpica indiferença ao Kosovo, a ignorância da mídia ao cobrir assuntos jurídicos e tantas outras peças que nos são pregadas diariamente pela imprensa. Abraços de um leitor atento,

Rogério Tucherman

Alberto Dines responde: Caro Observador: o “affaire” Folha vs. Observatório só ocupou a nossa edição de 20/3. Nesta edição estaria encerrado ou reduzido não fosse a dose de veneno distilada pelo diretor de Redação da Folha. Estamos trabalhando e muito: nesta edição colaboram 18 Observadores e 126 leitores, e produzimos 166 laudas de comentários e debates. Você acha pouco? Então junte-se a nós, o Observatório é de todos. A.D.

O último artigo de Dines na FSP ficou excelente! Uma navalhada! Uma escopeta! Uma bomba atômica! Parabéns pela coragem, vitalidade, inteligência e sensibilidade. Você agiu como um anarquista iconoclasta (na melhor acepção dos termos) de primeiríssima linha, como há muito eu não lia! Obrigado.

André Azevedo

Tudo e todos podem ser descartáveis hoje em dia. Inclusive jornalistas, como foi o seu caso. Mas os barões da mídia também não são imunes a esta era de furacões e maremotos, não é mesmo, colega Dines?

Luis Sergio Roizman

Em 1980, Dines, então diretor da sucursal carioca da Folha, era o titular (creio que foi o primeiro e seguramente o melhor) da coluna RJ da pág. 2. Em 1980, foi demitido por causa de um artigo antimalufista (o “nefasto” era então governador biônico de SP). Pois bem, hoje, os editoriais da Folha são antimalufistas. Dines tinha razão. Sugiro que O.I. publique o artigo de 1980 para conhecimento de seus leitores da nova geração.

José M. Lima

Agora é hora de se saber para que serve um ombudsman. Ou a da Folha reage, sai em favor do Dines e corre o risco de perder o emprego, ou sai em favor da Folha e perde de vez a credibilidade. Imagino a ginástica que ela está tentando fazer.

João

Estávamos assistindo aula técnica de jornalismo com o jornalista Paulo Markum. Achei conveniente abordar a crise enfrentada pelos grandes jornais. Markun nos explicou e com brilho nos olhos, disse: “Dines perdeu seu emprego por causa de suas declarações”. Não podemos deixar de manifestar nosso orgulho diante de sua conduta.

Lilian e Jullie, Universidade do Vale do Itajaí

A Folha, jornal que assino e no qual já trabalhei, cometeu um erro estratégico do ponto de vista editorial e do ponto de vista de marketing. A imagem do jornal sai desgastada com sua demissão. Meus alunos de Comunicação na UFRGS não comentam outra coisa. Meus amigos, alguns nem sempre afeitos às discussões sobre jornalismo, saíram das margens do senso comum para aprofundar um bom debate sobre liberdade, verdade e interesses empresariais.

De tudo isso, sinto especialmente pelo modo como você foi comunicado de sua demissão. Conheço a educação e a gentileza de Sérgio Dávila e posso imaginar o seu imenso constrangimento. Mas devo dizer que o resultado da história toda é, paradoxalmente, salutar. Os profissionais e estudiosos da comunicação começam a colocar em pauta a discussão sobre o peso excessivo do marketing no jornalismo. Nem sempre o que se vende como imagem reflete a real estrutura da comunicação. Embora vivamos a época do hiper-real e do simulacro, ainda existem lacunas – como a Internet – para a expressão das vozes discordantes. Sinta-se orgulhoso por ajudar a construir novos espaços de debate sobre o jornalismo no país e reanimado por estar presenciando o início de uma era em que o poder da comunicação se descentraliza e se abre. Felizmente.

Marcia Benetti Machado, professora de Comunicação UFRGS

A demissão do jornalista Alberto Dines representa uma perda para os leitores da FSP e para a própria empresa, que finge ser democrática, mas na verdade está voltada apenas para seu umbigo (seu ego inflado e seus interesses pecuniários). Felizmente, atitudes arbitrárias como esta não silenciam o jornalista preocupado com sua importância social.

José Artur Gonçalves e Reinaldo Ruas

Meu comentário sobre a demissão de Dines; curto e grosso, e meio Pollyana, talvez: eles é que perderam. Só espero que não tirem o Observatório do ar, já que o site está armazenado no UOL, que, todos sabem, é da Folha

Carolina Nogueira

Nota do O.I.: O ciberespaço é infinito, Carolina. 🙂

Parabéns, Alberto Dines. Assim como a sociedade considera o Exército a reserva moral do Brasil, não tenho nenhuma dúvida de que eu posso considerá-lo a reserva moral do jornalismo brasileiro. O seu comportamento centrado no interesse do público deveria ser imitado por todos os jornalistas que hipocritamente defendem a liberdade de imprensa.

Adriano Oliveira, Ciência Política da UFPE

Solicito o cancelamento da assinatura 3265668, quando expirar (se não me engano, no dia 8 de abril). Entre os motivos, posso citar: 1) demissão do colunista Alberto Dines, que considero um absurdo pelas alegações dadas pela Folha; 2) sou assalariado e nos últimos 32 meses não tive aumento no meu salário. Logo, por que vou pagar 13% a mais se o meu reajuste foi de 0%??? Isso sim é o que eu chamo de falta de sensibilidade, mostrada, aliás, pela matéria do Sr. Dines. A imprensa realmente não sabe viver sem a inflação…

Hermann Wecke

Mestre Dines, além de admiradora de seus textos, admiro sua coragem. E com essa demissão injusta, pergunto-me: para onde caminha a imprensa brasileira? Somente para um discurso vazio? O que vão ler na mídia impressa, no próximo milênio, os jovens – incentivados por nós, professores? O que nós podemos esperar dos ditos “grandes” jornais brasileiros???

Beijos solidários de quem espera que esse episódio não o faça pensar na aposentadoria (precisamos de seus textos).

Ivana Oliveira, professora de Comunicação Social da Universidade da Amazônia, Belém

Lamentável a atitude da FSP. Conte com a minha total solidariedade, mas cá entre nós, aconteceria mais cedo ou mais tarde.

Você, há muito tempo, desde o Jornal dos jornais, resolveu assumir o papel de “grilo falante” de uma imprensa que é, cada vez mais, mais empresa jornalística do que imprensa, e que usa o fato de ser imprensa com objetivo explícito de se expandir em outros setores da economia. A dita “grande imprensa” ampliou o espectro dos significados da palavra comunicação e assim querem conseguir maior poder de manipulação da sociedade. É o modelo de O Globo, que não seria possível, por exemplo, nos EUA.

Aquela imprensa que você defende, a imprensa feita por jornalistas, só encontro nos pequenos jornais e na imprensa dita alternativa. JB, O Globo, FSP, O Estado não são, para mim e para muita gente, representantes do que se chama imprensa honesta. São honestos apenas enquanto seus interesses empresariais não entram em rota de colisão com a verdade. Qual a relação que existe entre imprensa e telefonia? No Brasil deve ser imensa. Afinal, várias empresas jornalísticas queriam ser donas de empresas telefônicas. Recentemente, o Estadão censurou o João Ubaldo. Consta que o Cony foi censurado na FSP. Você foi censurado e agora demitido da FSP por discordar da orientação política do jornal – ou por criticar aquele que os beneficiou financeiramente. Muito democrática essa imprensa. Imprensa que só divulga carta de leitor se for “a favor”.

E, se não há democracia, caímos numa ditadura ou em qualquer outra forma de estado totalitário. Os jornalões fazem hoje um jornalismo a favor. Pensam que os leitores são idiotas. O JB está aí para provar que o leitor não é tão idiota quanto eles pensam – vai falir, ninguém compra. Ainda, felizmente, existem Jornalistas – com J maiúsculo – capazes de dizer que o rei está nu. Sim, felizmente, ainda existem.

Infelizmente, as empresas jornalísticas no Brasil no governo FHC não querem ser apenas isso. Querem mais. Querem um pedaço do loteamento. Não acredito em imprensa que busca negócios em outras áreas. Para mim é uma questão de lógica: dono de jornal que quer ter empresas não-jornalísticas não acredita na imprensa. Para ele, a imprensa é apenas um meio. Não está interessado nela.

Não sei se estou ficando velho e vendo que o mundo é mais cínico do que realmente é. Talvez. Mas certamente eu vou continuar brigando para melhorá-lo.

Desculpe pela catarse. Estou muito p… de ver o FHC fazendo do Brasil uma imensa Bahia, e agora vejo você ser s… por jornal que finge ser democrático. Um grande e quixotesco abraço do

Luiz Fernando Ribeiro de Almeida

Senti um certo ar de satisfação na nota publicada pela Veja [sobre a demissão]. Sinto isso desde que fizeram uma suposta grade de programação de TV, e acho que fizeram só para incluir seu programa no meio. Se eles fizeram questão de dizer que não havia audiência, por que se incomodam tanto? Será porque quem lê o semanário é também quem assiste ao seu programa, e começa a questionar a revista em certos aspectos???

Pode ser pequena a audiência, mas é qualificada…

Fábio Camilo Reis

Dines, meu caro e novo amigo, tu tens “cojones”. Acabei de ler sobre a tua demissão. Acabas de ganhar um admirador. Gravei tudo na CPU para reler. Já o havia assistido na TV Cultura-SP, mas os seus escritos são mais explícitos e arrasantes. Adorei…

A partir de agora, este site está incluído no meu “favoritos”. Abraços.

João Evangelista Domingues, professor de Português/Inglês,

Calouro do curso de Jornalismo da UFPR, acompanho com freqüência o seu programa na TV Cultura, e agora tive o prazer de visitar – pela primeira vez – a página do Observatório. Após tomar conhecimento de todos os fatos que levaram à sua demissão da FSP, fiquei profundamente desanimado em relação à imprensa brasileira. Para que serve o jornalista se ele não pode publicar a verdade, nua e crua? Será que, num futuro próximo, não poderei informar às pessoas sem que “chefões” filtrem e adaptem meus textos? Se for assim, prefiro passar por um novo vestibular e tentar outra coisa.

Tive uma experiência meio parecida aqui na Internet. Eu e um amigo mantemos uma página não-oficial do maior time da capital paranaense, o Coritiba. Como o nosso endereço é muito parecido com o da página oficial, várias pessoas nos visitam por engano. O legal é que recebemos, depois, e-mails dessas pessoas nos elogiando, dizendo que a nossa página dá de 10 na outra. Bom, o detalhe é que muitos incentivam o fato de falarmos exatamente a verdade, criticando o time quando preciso, sem dar satisfações a ninguém. Não sei se interessa, mas abaixo segue um pedaço de um e-mail que recebemos após um clássico entre Coritiba e Paraná: “Excelente o comentário da partida Coritiba x Paraná. Ao contrário da nossa medíocre crônica esportiva, cega diante do óbvio ululante, o autor revelou com crueza total o que foi o jogo: UMA M*!!!”

No caso, o autor sou eu. E é exatamente isso que me levou a escolher o jornalismo como profissão. Mas, sem liberdade, acho que não gostarei da minha vida profissional. Último detalhe: será que, depois da liberdade de imprensa, teremos de criar a liberdade “dentro” da imprensa?

Um abraço e, por favor, continue sempre lutando pela melhora do jornalismo

Júlio Malhadas Neto (Jack The RiPPeR)

Em tempos de crise, o povo brasileiro esquece de seu passado de lutas em defesa da liberdade, sem sequer esboçar uma reação em prol de seus direitos – há muito tempo esquecidos. A luta pelo direito à liberdade de expressão, hoje em dia tão “fora de moda”, em outros tempos era motivo de mobilização popular – outro termo nostálgico – onde muita gente boa se foi pelas mãos daqueles que ostentavam a lei, com o aval dos antigos generais.

A ditadura militar no Brasil deixou cicatrizes profundas em todos os setores de nossa sociedade e, atualmente pode ser vista sob a forma de letargia social nos principais estados brasileiros – do Oiapoque ao Chuí – onde a desmobilização popular, dos jovens em especial, é uma realidade conveniente aos que governam o país, facilitando o expediente de uma outra ditadura: a do Capital. Mas nem sempre foi assim, muitos profissionais de comunicação – jornalistas por vocação – se esforçavam em livrar a população, oprimida por mãos de chumbo, da opressão dos órgãos do governo.

O mais terrível deles, o SNI (que atualmente atende pela sigla Abin-Agência Brasileira de Inteligência) se destacou pela sua sordidez e pela covardia de seus atos, levando a tortura e “suicidando” muitos que se opunham ou ameaçavam a censura. Este foi o caso do jornalista Vladimir Herzog, que foi morto em 1975 em uma das celas do antigo prédio do DOI/Codi, localizado na Rua Thomas Carvalhal, n° 1.030, em São Paulo.

A morte de Herzog caiu como uma bomba nas redações dos jornais; em seguida, chegava o comunicado oficial do II Exército à imprensa, atestando o “suicídio” nas dependências do DOI/CODI, sendo prontamente acatado pela grande imprensa.

Nos pequenos jornais, conhecidos como imprensa nanica – democrática – o buraco era mais embaixo; o EX, jornal oposicionista dirigido pelo jornalista Hamilton Almeida Filho, já falecido, publicou às pressas uma edição completa com a seguinte manchete: A sangue quente – A morte do jornalista Vladimir Herzog, tendo sua redação destruída dias após a publicação, caindo na clandestinidade. Este e muitos outros fatos desconhecidos da história do Brasil, após anos e anos, estão sendo retirados dos baús, comprovando a bestialidade pela qual, nós brasileiros, somos vítimas até hoje, com a censura implícita em nossos meios de comunicação.

Um recente episódio envolvendo a FSP descreve exatamente o que ocorre, em maior ou menor proporção, nas redações dos jornais. O jornalista Alberto Dines foi demitido após fazer críticas aos principais veículos, inclusive a Folha, em um artigo publicado em janeiro deste ano, demostrando a cultura da (não)informação a que o leitor está fadado. É necessária uma mudança urgente na estrutura jornalística atual, deixando de lado os comprometimentos – ou rabos presos, como preferirem – com a elite do país, que tem sido o cartão de visitas do FMI, em sua bravata de exploração pela América do Sul. Dizem que o jornalismo sério, comprometido apenas com o leitor, morreu. E que o espaço foi ocupado pela mercantilização das empresas de comunicação;

Quem foi que o matou?

Rafael Vargas

Caro Dines, seu admirador de longo tempo (desde E por que não eu?), gostaria de declarar meu irrestrito apoio ao senhor no Caso Folha, jornal que não merece minha leitura desde meados dos anos 80, apesar de diversos colaboradores de indiscutível seriedade e competência. Parabéns pelo Observatório, e que continue sempre e cada vez melhor. Grande abraço.

Gilberto de Paiva Magalhães

Fiquei estarrecido com a decisão infundada de demitir o jornalista Dines. Realmente, a mídia brasileira ainda tem um extenso caminho democrático pela frente. Estamos apenas engatinhando. Liberdade de imprensa, primeiro, precisa acontecer nos bastidores desta, senão, que autoridade terão para cobrar o mesmo do governo? Aliás, não são somente os governantes que impedem a liberdade de imprensa, também o poder econômico, camuflado em “países democráticos”, e responsável pela maior escravização de que se tem notícia. Como diriam vocês: precisamos “falar o que houve, e não o que ouve”.

David Duarte Amaral

Prezado Dines, ao demiti-lo a FSP prova que tem cultivado um liberalismo para inglês ver, superficial e rancoroso. O que restou do legado de Cláudio Abramo? Nada? No alto do morro da FSP sempre haverá a imagem de um Maluf (ou de um diretor com pretensas virtudes de revolucionário francês) para empurrar a rocha precipício abaixo, como aconteceu em 1980, como se repetiu agora? O pior de tudo é que a situação se generalizou. Aqui, na imprensa do Paraná, vivemos dramas parecidos. Muda apenas o contorno provinciano. Aceite minha completa solidariedade.

Paulo Briguet, jornalista

Que não se mandem mensagens de “condolências” a Dines. Quem precisa disso são os senhores dirigentes da FSP. A competência e a seriedade do jornal se foram com ele. Quem diria que ainda chegaríamos ao ponto de ver os dirigentes da “combativa” e “moderna” Folha encastelados em uma torre de marfim? Que coisa mais antiga, meu Deus…

Maria Thereza C. G. do Amaral, homeopata veterinária

A propósito do artigo Os barões da Limeira, de Luiz Egypto, fiquei sem entender direito a questão da “aliança estratégica” O Dia-JB. Como é que é isso?

Ronaldo Reis

Luiz Egypto responde: É o seguinte: o Jornal do Brasil roda os classificados de O Dia; parte da distribuição do JB no Grande Rio é feita pela frota de veículos de O Dia; as duas empresas mantêm acordo operacional na rádio FM O Dia, do Rio. Os concorrentes se uniram para enfrentar O Globo. (L.E.)

Ao Dines minha solidariedade, parabéns pela sua postura. E saiba que tenho me esforçado para ler as notícias diferente de antes.

Cláudio

Dines, como as empresas de comunicação são comprometidas… Você nos dá coragem e muita inspiração. Sua crítica intensa abre os nossos olhos. Obrigada.

Janaina

Não há somente um veículo de comunicação. Não quero crer que tudo esteja sendo manipulado, pois então… mãos à obra, esperneiem, metam a boca no “trombone”, mostrem o que é ser jornalista e provem que o jornalista é muito mais importante que o jornal!!!

Amedeo

Quero registrar aqui minha indignação pelo que eu considero um atentado a tudo aquilo que a FSP me fez acreditar durante todos esses meus anos de assinante. Atentado porque eu fui iludido pensando que este jornal fosse diferente dos outros – ver o Manual da Folha (Ué! Entendi direito esse manual? Ou não entendi o propósito do jornal (SEI LÁ!) Pensei que o jornal procurasse a verdade independentemente de quem fosse prejudicado (como se a verdade prejudicasse alguém…?).

Sou um ex-leitor – para que ler um jornal que se acha liberal, e na realidade é mais conservador que o Estado? Quero parabenizar Dines pela coragem de nos colocar tantas coisas. Escolho entre o que acho que é certo e o que me dizem que é certo.

Carlos Alberto Coelho

 

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