Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

A patologia do coice

Pablo Ribeiro Uchôa (*)

 

Sei que a pronúncia no português brasileiro é algo complicadíssimo. Mas, lendo artigo de Alberto Dines sobre os cacoetes da cobertura brasileira em Kosovo (ou sobre Kosovo, já que até há pouco tempo não havia um só brasileiro na Iugoslávia), não pude me furtar de comentar isso.

Principalmente na TV, todos insistem em falar Kôsovo, com “english accent”, em vez de Kosooovo, o que seria mais natural para nós, lusófonos. Pristiiiiiina vira Prístina. Slobodaaaan Miloseviiic vira Slobódan (ou Slóbodan) Milósevic.

Está certo que, no Brasil, dependendo da região em que se está, os Bálcãs podem virar Balcããããs (particularmente, é como aprendi a pronunciá-lo). Até aí tudo bem.

Tudo não passaria de uma simples questão de opção fonética se por trás desse fato não estivesse a constatação de que optamos não pelo som que soa mais confortável ao ouvido brasileiro, mas pelo som que escutamos na CNN. Como sabemos que Belgraaaado se pronuncia assim, e não Bélgrado, seguimos em frente. Já “Kosovo”, essa região distante, desconhecida e desprovida de interesse para nós que vivemos no país das maravilhas, aprendemos a pronunciar da forma como nos ensinam nossos mestres, os americanos.

Se não fossem eles, nem escutaríamos falar desse lugar…

(*) Estudante do 4º ano de Jornalismo da USP, 21 anos

 

Xico Vargas

 

Permitam-me um breve comentário sobre os, digamos, penduricalhos que modernamente se atrelam aos jornais como incentivo à venda e que têm tomado na mídia a designação de “marketing agressivo”.

Esse mau passo foi dado inicialmente pelo JB, 17 semanas antes da Copa de 78. Sortearam-se, então, 17 Chevettes (carro medíocre que fazia sucesso à época), aos quais o leitor poderia concorrer se tivesse a pachorra de juntar sete cupons e os trocasse por um bilhete numerado. “Chevette da Copa” era o nome da promoção.

Lembro-me que a circulação do jornal quase dobrou, mas ao final do evento voltou praticamente ao que era antes da brincadeira.

Anos depois, o jornal O Dia associou grande investimento em aprimoramento técnico (não editorial) a sorteios de apartamentos, carros, eletrodomésticos e um sem número de quinquilharias para seus leitores. Experimentou também expressivo aumento de circulação mas, como o JB, viu os números despencarem quando a oferta de presentes diminuiu e quando o Extra, munido de pesquisas que indicavam os objetos de desejo mais próximos de sua faixa de público, passou a ofertar panelas novinhas em folha para dar status às cozinhas das leitoras.

Como os brindes que as antecederam no mercado, as panelas também não deverão agregar leitores quando saírem da pauta.

Não sem motivo, entidades que medem o alcance da mídia impressa nos EUA buscam fórmulas de descontar das tiragens os números agregados por esse tipo de maluquice.

 

Isabela Nogueira (*)

 

O uso de anabolizantes para aumentar a circulação de jornais e revistas entupiu as bancas de jornal de CDs, fitas de vídeo, fascículos, panelas e badulaques vários. Os jornaleiros paulistanos não gostaram. Parte deles está em pé de guerra e, desde 27 de março, suspendeu a venda desse tipo de “valor agregado ao produto”. A gota d’água foi uma notificação do Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas de São Paulo, distribuída nesse dia, informando que a comissão sobre as vendas dos produtos promocionais – isto é, a parte do jornaleiro – seria definida “caso a caso”. Até então, o percentual de comissão de venda da publicação ou do produto promocional era de 30%. A justificativa apresentada pelo sindicato patronal baseava-se no “quadro econômico geral e nos custos crescentes, fortemente indexados ao dólar”.

No mesmo dia 27, a Folha de S.Paulo reduziu a comissão para 20%. Foi, em conseqüência, o primeiro jornal a ter seus produtos promocionais devolvidos pelos jornaleiros. “Se não resistirmos agora, eles vão nos tirar um terço da comissão de tudo que vendemos”, diz o jornaleiro Marcelo Mathias, com banca na região da Rua Augusta, em São Paulo.

Francisco Ranieri Netto, presidente do Sindicato dos Vendedores de Jornais e Revistas de São Paulo, diz que 80% das bancas de jornais aderiram ao boicote. “Realizamos três reuniões com a categoria e estamos aguardando um pedido de negociação por parte das empresas. Oficialmente, ninguém se pronunciou.”

Se não houve pronunciamento oficial, houve ações práticas. O primeiro CD da coleção “Bíblia Infantil da Angélica” – brinde do jornal Agora São Paulo, do Grupo Folha – começou a ser distribuído em 28 de março para logo em seguida ser retirado de circulação. Os jornaleiros devolveram os CDs. “Eles simplesmente não conseguiram vender”, diz Ranieri. Um comunicado divulgado pelo Agora São Paulo informou aos leitores que “por questões técnicas e operacionais, estamos suspendendo temporariamente a promoção de CDs”.

O Estado de S.Paulo, concorrente direto da Folha, também está na mira dos jornaleiros. No lançamento da promoção “Lição de Casa”, uma coleção de 20 fascículos para alunos da 1ª à 8ª série, a empresa pensava reduzir a comissão da banca de jornal para os mesmos 20%. “A decisão das empresas de jornais foi unilateral e imposta. Se o Estadão não voltar atrás também vou devolver o produto”, diz o jornaleiro Silvio Forcella, com banca na região central de São Paulo.

Os donos de banca terão mais sarna para se coçar. Logo após terem sido avisados da redução nas comissões, os jornaleiros receberam outro comunicado da entidade patronal: a partir de maio será estabelecido um número mínimo de venda de jornais por banca. Trocando em miúdos: o jornaleiro que vender abaixo do número estabelecido vai se responsabilizar pelo que não vendeu, isto é, vai ter que comprar o encalhe.

Até agora, o sistema vinha funcionando mais ou menos assim: o jornal não vendido era devolvido à empresa editora, em todo ou em parte. Bancas mais distantes podiam enviar apenas os recortes do cabeçalho, nos quais constassem a data do jornal encalhado. De acordo com Ranieri, do sindicato, as empresas que pretendem alterar as regras de devolução do encalhe são os grupos Folha (Folha de S.Paulo, Agora São Paulo e Notícias Populares), Estado (O Estado de S.Paulo e Jornal da Tarde) e o jornal Diário Popular.

São os maiores jornais de São Paulo. Mas seus leitores não tomaram conhecimento e tiveram sonegada a informação sobre esse qüiproquó envolvendo as empresas jornalísticas e a sagrada instituição da banca de jornal. À exceção do Meio&Mensagem, um semanário para o mercado publicitário (“Resistência nas bancas – jornais reduzem comissão dos jornaleiros”, 5/4/99), a mídia impressa paulistana não tocou na questão da nova regra do encalhe, tampouco na redução das comissões dos jornaleiros. Para o sindicalista Ranieri, a mídia brasileira se autoprotege, “um encobre o outro, são todos mancomunados”.

Armin Jung, vice-presidente do Sindicato dos Vendedores de Jornais e Revistas, disse que a categoria está disposta a negociar, mas se a nova regra não for alterada o sindicato entrará na Justiça. “Devolver as publicações que não foram vendidas é um dos poucos direitos que o jornaleiro tem. Não vamos abrir mão disso.”

(*) com L.E.

 

Vera Silva (*)

 

Estava malhando e vendo TV (aliás, a TV virou instrumento de ginástica; em todas as academias há uma TV ligada), quando entrou o programa da Silvia Poppovic (para início de conversa, acho-a uma simpatia!). Em discussão, o interesse de moças adolescentes pelos pais das amigas.

Todo mundo ficou ligado no programa. O tema é muito interessante, não é mesmo? Havia uma linda mocinha de 19 anos, um psicoterapeuta bonitão, por volta dos 50 anos, o auditório e a Sílvia.

A mocinha (que à época tinha 18 anos) relata que começou a perceber o interesse do pai da amiga, um bonitão de 38 anos; pensou que era casual, percebeu que não era, então… rolou, e foi rolando a relação, às escondidas, porque ele (surpresa!) era casado ainda; entrou sexo, ele disse que a amava e que pensava em se separar da esposa para ficar com ela etc. Mas a mocinha tinha mãe, contou para a mãe e, seguindo os conselhos da mãe e os de sua própria cabeça, considerou ser melhor se separar dele e encontrar uma pessoa para “namorar direito”. Conseguiu fazer isto, e hoje tem uma namorado tão jovem quanto ela.

Em princípio, nada surpreendente na história, o problema foi a apresentadora e o psicoterapeuta (será que ele é psicólogo, meu Deus!?) colocarem a discussão em torno da idade dos dois (como se amor dependesse da idade dos amantes) e das fantasias de romance das jovens adolescentes (o que possibilitaria este tipo de relação entre mocinhas de 18 anos e homens maduros, casados ou não).

Digo problema porque um programa de TV não pode ignorar que aquilo que não ajuda em geral atrapalha. Discutir a atração sexual e o amor das mocinhas pelos “coroas” como fixações neuróticas, porque a jovem gostava e admirava muito o pai e este seria o fator que possibilitaria o romance com um homem mais velho, é o cúmulo do absurdo. Como é possível um psicoterapeuta se atrever a generalizar desta forma um caso de amor? Como é possível uma apresentadora de TV aceitar esta generalização, que expõe como neurótico o amor filial? Como é possível uma emissora, detentora de concessão pública, fazer uma discussão assim, ao vivo, em que não se aponta a imaturidade do homem adulto, que não resolveu sua dificuldade afetiva no casamento antes de entrar numa relação extraconjugal? Como é possível a sociedade aceitar um programa que sequer discutiu a importância do diálogo havido entre a mãe e a filha para que esta jovem pudesse sair de uma relação com um homem aparentemente imaturo ?

Estamos continuamente diante deste tipo de programas na TV; as novelas reproduzem essas relações todo o tempo; numa novela do SBT, por exemplo, um homem ficou noivo de uma mulher como vingança por haver sido enganado pela ex-noiva!! Contudo, não se discute a necessidade do autoconhecimento para a felicidade, não se discute o direito de as pessoas serem felizes, não se discutem os objetivos pelos quais as pessoas se casam, os motivos pelos quais têm filhos. Não se discute a paixão, não se fala de autocontrole. É como se tudo fosse problema, como se a neurose fosse um padrão humano inato, e que a modelação sóciofamiliar não tivesse nada a ver com isto.

Penso que está na hora de se usar o raciocínio. É preciso discutir os problemas das pessoas na TV com honestidade humana sem usar a pseudo-análise científica para explicá-los. Problemas são para serem resolvidos. Não há sentido em se discutir uma questão sem que os parâmetros e o contexto do comportamento sejam percebidos, e uma orientação genérica para a prevenção do problema seja apresentada.

No exemplo citado, como nada disto foi feito, fica-se com a impressão que: se uma jovem gosta muito do pai, ela vai tender a namorar o pai de alguma amiga e que tudo o mais é parte do desenvolvimento das pessoas. Não há nenhum problema com o homem que se envolveu com esta jovem: a jovem seria vítima de seus hormônios e fantasias e o homem da irresistível atração exercida por um corpinho jovem, durinho e bonitinho (como deu a entender a Sílvia Poppovic durante a apresentação do tema).

Exige-se mais responsabilidade social dos programadores e apresentadores de TV. A TV é diversão, sim, mas quando resolve sair desta área tem obrigação de fazê-lo com competência.

(*) Psicóloga em Brasília

 

Douglas Duarte

 

As coisas andam confusas na cabeça do Sr. Evandro (ou do Sr. Bonner, não se sabe ao certo). No Jornal Nacional de 5/4/99 vimos o apresentador alternar entre revolta e ternura. A primeira notícia tratava do “absurdo” trabalho infantil de crianças no sertão nordestino. A segunda notícia dava conta dos aposentados de Minas Gerais, que já estavam “conseguindo vagas para trabalhar”.

A primeira história abre o jornal: ficamos sabendo que crianças estão trabalhando para ajudar a sustentar a família tecendo algodão e bordando redes, as mesmas que se compram nas férias em cidades do Nordeste. Aparecem cenas de uma “criança” de 17 anos, cheia de vigor físico, quando comparado com os desnutridos que infelizmente são legião no semi-árido. Um off choroso nos explica que eles movimentam os teares com a própria força, para confeccionar os tecidos que virarão redes depois. Nada que o rapazote pareça ter muito problema para fazer. Em seguida, a matéria dá sua única bola dentro: critica as vestimentas, que não são adequadas, e a ausência da necessária máscara, que impede que os microscópicos filamentos de algodão entrem pelo pulmão, provocando uma série de distúrbios. Esse dado passa rapidinho. Depois, mais farsa: mostram o absurdo de uma criança de 6 anos trabalhando na “indústria da rede”. Alguns pontos que só as imagens mostram, mas que o texto parece não ter atentado: as crianças trabalham na frente da própria casa, ao lado dos irmãos e dos pais, comunalmente, bordando as franjas das redes.

É bom lembrar: isso é uma alternativa ao desemprego nas frentes de trabalho do governo, que paga a remuneração – ilegal – de 80 reais mensais. É o único caminho para comer depois de uma estiagem de mais de dois anos. Aí está o drama. Trabalho familiar sempre existiu e sempre vai existir – graças a Deus! Em vez disso, o que se vê é um dramalhão que mostra lindas crianças sendo exploradas – mas não se diz por quem, e só as ouvimos reclamar quando a repórter pergunta: o que você preferiria fazer enquanto está aqui? Brincar, claro. Quem não quer?

Até aí é compreensível. O cuidado excessivo nessas questões de trabalho infantil é sempre bem-vindo.

O problema é a matéria que eles engatam em seguida sobre os aposentados mineiros.

Pessoas que deveriam estar descansando, aproveitando o fruto de vários anos de trabalho, estão conseguindo, finalmente, se cansar de novo! Os patrões mineiros já estão aceitando pessoas que antes eram “velhas demais” em seus quadros. Por qual salário não se falou, mas acho que os leitores têm um palpite…

Essa notícia, dita com um misto de felicidade e expressão de fé no futuro, me deixou confuso: quando trabalho fora da época é aceitável? Quando a falta de assistência do governo deve ser compensada com trabalho?

Ou seja: o governo não dá assistência aos velhos e aos novos, que buscam alternativas – ambos de forma decente – para seus problemas, nos dois casos fruto do desmando desse mesmo governo. Um (que me parece mais aceitável) é taxado de “absurdo”. O outro, esse que me parece mais absurdo, de positivo. Perdi o tino?

O velho e a criança… só falta o burro.

Somos nós.

 

Andreas Adriano (*)

 

O suplemento Telejornal, do Estado de S.Paulo, traz na capa a manchete “A hora da notícia”. O olho informa que “emissoras (…) apostam na informação como arma para ganhar audiência”. Além de uma entrevista com o novo diretor de Jornalismo da Bandeirantes, Fernando Mitre, a matéria destaca que Globo e Record querem criar novos programas jornalísticos, e o SBT pensa, inclusive, em ressuscitar seu Departamento de Jornalismo.

Tive duas reações ao ler a matéria: a primeira foi “isso significa novos postos de trabalho para colegas de televisão”. Um pensamento de jornalista, um tanto corporativista, admito. A segunda reação, de telespectador, foi de certo medo. Especialmente pela linha fina do box: “Globo, Cultura, SBT e Record incrementam seus noticiários na busca por audiência”. Bem, exceção de praxe à Cultura, nós telespectadores sabemos muito bem qual é a formula líquida e certa para catapultar audiências: show, sensacionalismo, apelação. Esses ingredientes já estão presentes em qualquer noticiário, de qualquer canal (exceção de praxe, novamente, à Cultura). O fato de as três principais redes quererem incrementar seus programas jornalísticos só significa uma coisa: haverá mais show, sensacionalismo, apelação, notícias irrelevantes como a da mulher pendurada na roda-gigante, citada no Observatório de 5/4/55.

Como telespectador, só posso pensar que o festival de inutilidades, besteiras e curiosidades que constitui a maior parte do nosso jornalismo televisivo vai aumentar. Como de praxe, foi preciso alguém da Cultura para pegar na veia, pisar com salto-agulha no calo inflamado: “Há episódios curiosos, como o assassinato de um brasileiro em Nova York, que não contribuem com a sociedade”, disse Marco Antônio Coelho, diretor de Jornalismo (a Cultura é a melhor rede e, apesar da pobreza de meios, faz um jornalismo muito melhor que o da Globo). [ver remissão abaixo para carta sobre a Cultura]

A maior parte do conteúdo de nossos telejornais recorre a esse tipo de irrelevância. Um brasileiro foi morto em NY. Que importância tem isso? Só porque foi no Waldorf Astoria? Se esse é o motivo para tanto barulho em cima de coisa tão irrelevante, nossa mídia televisiva, Globo à frente, deu um show de provincianismo. Não é a primeira vez, nem será a última, que um gay é assaltado e morto.

Outras irrelevâncias que tomaram horas e horas das nossas TVs recentemente: o seqüestro do irmão da dupla caipira, com a agravante “dramatizadora” de que cortaram a orelha do moço. Um americano qualquer que descobriu ter tias velhas no Brasil. O irmão de um obscuro pagodeiro que, digamos assim, esqueceu o caminho de casa por algumas horas e foi dado como seqüestrado. A mãe do mesmo pagodeiro, que já tinha sido seqüestrada. A mulher presa na roda-gigante. As insistentes e insuportáveis matérias que o Jornal Nacional leva ao ar todo dia, sobre animaizinhos idiotas. Culminando com o urso que chupava sorvete para aliviar o calor. Certo está o irreverente José Simão, da Folha de S.Paulo, que já batizou o programa de “Jornal Animal”…

Utilizando as palavras de Marco Antônio Coelho, como tais episódios contribuem para a sociedade? Qual o interesse público da orelha do irmão do outro, da tia do gringo, do irmão do pagodeiro? Do koala calorento chupando picolé? (Será que ele toma chocolate quente com conhaque no inverno?) O pior é que a televisão, por sua influência, arrasta todos os outros veículos para o mesmo festival de irrelevâncias. A foto do desorelhado goiano estava em todos os jornais no dia seguinte à sua libertação. Sem falar nos serviços via Internet e nas revistas. Idem para o sujeito esfaqueado em NY. Gente morre esfaqueada todos os dias na periferia do Rio e de São Paulo. Por que este, especialmente, mereceu tanto destaque? Por que não empregam esforço de reportagem semelhante para apurar o que aconteceu com o negro que apareceu morto na valeta, num morro do Rio? Aliás, por que é que criminosos só são presos depois de dar entrevista ao Roberto Cabrini?

Afinal, os jornais não buscam se diferenciar do imediatismo da televisão e das agências on line? Então, por que não começam por deixar todas essas baboseiras de lado? Ou, ao menos, dar a elas destaque condizente com sua pouquíssima relevância, o que equivaleria a destiná-las aos pés-de-página ou, no máximo, à manchete secundária da página policial?

Por tudo isso, e apesar de corporativamente feliz com a oferta de novos postos de trabalho que deve acontecer, meu lado telespectador só pode ficar em pânico com a notícia de que as redes querem investir em jornalismo para aumentar a audiência. Porque, é quase certo, a receita para o aumento da audiência provavelmente será a mesma provada e aprovada no Faustão ou no Gugu.

Aliás, não é de admirar que o diretor de um desses programas tenha sido recentemente contratado para chefiar o Departamento de Jornalismo de uma grande rede. Ou seja, meu lado telespectador preferiria que o SBT continuasse sem Departamento de Jornalismo, pois é difícil imaginar que um telejornal feito no mesmo canal que gestou o Aqui Agora – e transformou o Ratinho em estrela – possa produzir algo além de orelhas cortadas.

(*) Repórter da revista América Economia

 

 

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