Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

A resistência da mídia

MALÁSIA

Os pequenos grupos independentes de mídia da Malásia sofrem para sobreviver enfrentando recursos financeiros limitados, anunciantes desconfiados e a dura competição com as grandes corporações midiáticas. Como se isto não bastasse, comenta Anil Netto [Asia Times, 4/9/01], os vendedores que trabalham com jornais de oposição têm sido alvo de ataques do governo. Segundo o Independent Media Activists Group (Kami), eles são proibidos de vender determinadas publicações e os que insistem em fazê-lo podem ser presos e julgados.

De acordo com o porta-voz do Kami, Ahmad Lufti Othman, as ameaças aos vendedores de jornais aumentaram. "Tal ação visa evitar que as pessoas recebam informação confiável, num tempo em que grandes jornais, televisão e rádio se tornaram instrumentos dos partidos governantes para espalhar sua propaganda barata", disse.

Mesmo jornais que receberam permissão governamental foram confiscados. Um dos vendedores que reclamaram com os funcionários que fizeram a apreensão ouviu que "qualquer publicação com notícias sobre Anwar Ibrahim, ex-vice-premier, não pode ser vendida".

A internet foi de grande ajuda para os veículos independentes, visto que há menos restrições legais para publicações online. Mas o meio é limitado pela sua baixa penetração: apenas 10% da população da Malásia (de 24 milhões de habitantes) têm acesso à internet.

Steve Gan, editor do portal independente de internet Malaysiakini.com recebe 150 mil visitantes diariamente. Ainda assim, seu sítio perdeu anunciantes. "Não podemos competir com os gigantes", disse. Mas publicações independentes "não podem, não devem falhar". "Se falharmos, será uma bofetada não apenas na liberdade de imprensa na Malásia, mas também na poderosa idéia de que a internet pode trazer democracia e aumentar a liberdade de imprensa do país."

 

CHINA

A China deve permitir que a News Corporation e a AOL Time Warner tenham acesso aos seus telespectadores locais. Em troca, as companhias terão que distribuir um canal patrocinado pelo governo chinês nos EUA.

O ministro Xu Guangchun disse que é sua intenção deixar que ambas as companhias transmitam para a província de Guangdong, a mais próspera da China, vizinha a Hong Kong. A única questão pendente, de acordo com o ministro, é se as companhias assegurarão um canal da China Central Television nos EUA.

As companhias estrangeiras lutam há mais de duas décadas para entrar no mercado chinês. Antes, somente tinham permissão para transmitir para hotéis turísticos e condomínios residenciais estrangeiros. A intenção de abrir o mercado interno representa uma liberalização de um de seus setores mais fechados.

Segundo James Kynge e Robert Thomson [The Financial Times, 4/9/01], a aprovação seria um triunfo particular para Rupert Murdoch, magnata da News Corp. Ele passou oito anos tentando reparar um comunicado de 1993 em que dizia que a TV via satélite representa "uma ameaça certa aos regimes totalitários". Uma série de documentários da BBC, feitos em 1994, sobre problemas sociais e políticos da China também provocou a ira de Pequim. Agora, James Murdoch, o herdeiro, à frente das operações da News Corp. na Ásia, agradou às autoridades chinesas ao criticar severamente o movimento místico Falun Gong.

    
    
                     

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