A suíte do silêncio

O Liberal anunciou em julho, em manchete de primeira página, que havia fissura em uma das pontes da Alça Viária. No dia seguinte, a construtora OAS publicou destacada matéria paga no jornal desmentindo a informação. A partir do dia imediato o assunto morreu. O jornal não corrigiu sua matéria, nem desmentiu a nota da empreiteira baiana. Calou-se apenas.

Na verdade, não há a fissura escandalosamente noticiada. Há colisões de embarcações com os pilares das pontes. O problema existe, mas os acidentes ocorridos até agora não afetaram a estrutura da obra. A construtora e a capitania dos portos tomaram suas providências para evitar os choques, quase sempre causados por descuido dos tripulantes ou por uma ou outra falha operacional, incluindo a iluminação dos pilares.

Todos os jornais de respeito levam muito a sério as suítes. Acompanham os assuntos relevantes que noticiam para manter bem informada a opinião pública, para cobrar providências das autoridades e para poder encerrar a cobertura esgotando a matéria. Interrupções bruscas podem deixar a impressão de que houve alguma interferência, geralmente indébita, para que o tema fosse abandonado. Mesmo quando se trata apenas de incompetência profissional, pode-se deduzir a existência de má fé na história.