Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Acordo Globo-Folha

Edição de Marinilda Carvalho

Amigos, o destaque da edição é o veto de Lula ao repórter Luiz Maklouf Carvalho como entrevistador do Roda Viva. Atitude apoiada por uns ? aos quais Maklouf responde aqui mesmo ?, não-apoiada por outros, teve leitor que mandou até charge para ilustrar seu pensamento. A charge, de Chico Caruso, já estava programada para sair na capa do Observatório.

O acordo Globo-Folha, para criação de um jornal de economia, também despertou interesse ? como mostra em nossa homepage, aliás, a sondagem sobre o tema patrocinada por nosso irmão, o programa Observatório na TV. Dos 360 amigos que votaram até o dia 1?, 312 acham que a fusão reduz a diversidade de opiniões na imprensa, contra 48 que não pensam assim.

Outra coisa: vemos com prazer que cada vez mais leitores mandam a nós as reclamações que enviam a outros veículos. Pois não somos o Procon da mídia? :-))) Estão reproduzidas nesta edição queixas a Zero Hora, Folha e Veja, com as respectivas respostas das redações. Peço especial atenção ao retorno dado pela Veja ao leitor Renato Janine Ribeiro, que reclamou do pouco espaço destinado pela revista ao obituário de D. Helder Câmara.

Pois em sua tragicômica mensagem a Janine Ribeiro, professor titular de Ética e Filosofia Política da USP, a “atendente” de leitores disse que não houve “a intenção de desmerecer o arcebispo e muito menos cometer uma afronta aos milhares de religiosos. Foi apenas uma escolha editorial”.

É de chorar.

Mudando de assunto, mas ainda de mau humor com esta demonstração abissal de ignorância sobre o peso político de D. Helder ? nas décadas de chumbo, simplesmente o brasileiro mais conhecido no exterior depois de Pelé ?, lembro ainda que há cartas espalhadas por várias seções do Observatório. Se a sua não estiver aqui estará certamente na editoria que aborda o tema da mensagem.

O que não representa intenção de desmerecer e muito menos de afrontar o leitor. É apenas uma escolha editorial :-))

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Clique sobre o trecho sublinhado para ler a íntegra da notícia

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A Folha piora ou o Globo melhora ? mentalidade anos 60. Acredito que o Sr. Dines e muitos outros críticos estão tratando o tema da fusão da Folha de S. Paulo e de O Globo, para formar um terceiro jornal, focado em economia, de forma maniqueísta, forçando uma dicotomia que talvez seja inexistente ou não seja tão gritante quanto pensam.

Pichar a Folha como representante do Bem e O Globo como a encarnação de Belzebu é ser, no mínimo, parcial e apaixonado, como um torcedor de futebol.

Não estou dizendo que o Sr. Dines, que muito admiro e do qual sou leitor e telespectador assíduo (e que sinto enormemente por não ter sido seu aluno, pois cursei Jornalismo em BH), pense assim. Mas a maioria dos leitores que se manifestaram sobre o tema (influenciados pela opinião do Sr. Dines), tanto neste Observatório quanto na seção de cartas da própria Folha, pensa desta forma maniqueísta e “anos 60”.

Senhores, um jornal de economia vive principalmente de números e credibilidade. Uma vez noticiados números errados ou camuflados, perde-se a credibilidade e o jornal vira pasquim de quinta categoria. Os dois jornais aliados sabem bem disso. Pelo menos, é o que esperamos. Quanto à quebra da independência de ambos os jornais, pergunto: por que somente a Folha sai perdendo? Será que O Globo não pode sair ganhando também? Viram como esse argumento é sofista?

Eduardo Sol, Belo Horizonte

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Acredito que essa união entre Folha e Globo não é ruim somente para a Folha, mas para nós, leitores, que passaremos a ler lixo em cima de folha.

Vilto João de Haro

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O monopólio é mais uma forma que as grandes empresas encontram para mais lucrar. Evitam a concorrência e diminuem a diversidade de opiniões.

Walter

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União, conluio, associação ? chamem como quiserem o desavergonhado acordo da Folha com O Globo, que só pode colocar os leitores e a sociedade em uma posição de patética observação do poder midiático e nefasto do grupo Marinho. Nada sobrará de claro e opinativo neste segmento em que ele detinha apenas parte da razão.

Fica difícil pensar em ler a Folha depois de tanta canalhada em meio a tanto silêncio. O poema do grande Cabral já não serve de alento nesta união de fatos.

“… Belo porque é uma porta

abrindo-se em mais saídas…”

João Cabral de Melo Neto

Berenice Pompilio, leitora, cidadã, professora

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A parceria “Falha” de S. Paulo e Veja (só o que a gente quer mostrar) continua funcionando a mil, e não só no provedor que ainda o abriga (uma lufada de inteligência, com perdão do cacófato impróprio). Fiquei enojado com o “interessantíssimo” rodapé sobre os campeões do traço no horário nobre, em que eles supostamente conseguiram encontrar mais um motivo para espicaçá-lo.

Colega de profissão, me sinto impelido a não temer que o passar dos anos possa obnubilar aquele espírito combativo ? coisa de impulsos pueris, segundo alguns ? presente em sua verve prolífica.

Vá em frente. Traço no meio do lixo televisivo pode até ser comum. Raro é despertar a ira furibunda de meia dúzia de moleques de recados de barões arcaicos. Você é motivo de orgulho para todos nós. Com carinho,

Sérgio Pavarini

 

Primeiro, torço por longa vida para o Observatório. Já ia longe demais a falta de algo inteligente na imprensa. Muito bom. Por outro lado, apesar de não ser petista, vou destoar da unanimidade em relação ao veto feito a um jornalista para entrevistar o Lula no Roda Viva. As denúncias deste jornalista cheiram a sensacionalismo barato, basta lembrar sua reportagem sobre a filha do Lula. Creio que jornalista sério faz denúncia com provas e, principalmente, que tenha interesse público. Do contrário fica melhor nas colunas de mexericos. Data venia, concordo com o veto. Liberdade de imprensa, sim, mas sem invasões de privacidade e denuncismos.

Armando do Prado

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Concordo que vetar um entrevistador é mesmo constrangedor para nosso querido Roda Viva. Mas vejo o texto escrito pelo Luiz Maklouf Carvalho, e mais uma vez noto o quão arrogante tende a ser um repórter. Parece que, ao ler, vejo o repórter com os olhos avermelhados dizendo “medo das perguntas incômodas ao vivo e a cores.”. Ou então entoando “oito, repito, oito porque deve ser um recorde”. Recorde deve ser o número de ações na Justiça movidas contra os grandes barões da política neste país e que não deram em nada. Um repórter costuma dizer com gosto “furo”, “exclusivo” e “documentado”. Acho que um político realmente não deve deixar de dar respostas sobre sua vida pública e sobre seus atos profissionais e políticos. Mas também enxergo uma certa obsessão deste repórter pela vida do Lula. É certo que esse repórter votou em Collor em 89 após jogar um balde de água fria na campanha petista. Ou será que ele não imaginava a repercussão que poderia dar tal reportagem? Talvez não, talvez ele tenha votado mesmo no Lula, por saber quem de fato era Collor, mas não encontrou um colega à altura que do outro lado desmascarasse Collor e todo o apoio que a imprensa conservadora lhe dava.

Não me entendam mal. Não quero defender o Lula nesta história, mas neste país de Maluf, ACM, narcodeputados, Camargo Correia, Odebrecht, Roberto Marinho e tantos outros, é realmente fácil perseguir quem não defende um oligopólio.

O Lula nos deve uma resposta melhor do que “problemas pessoais”. Mas o repórter também não entende o que são problemas pessoais, pois a isto respondeu que só teve contatos profissionais, ainda que, por vezes, talvez o tenha encontrado “pessoalmente”. Ou o encontrou profissionalmente? Alguns repórteres realmente rangem os dentes para falar “profissional”. Um problema pessoal atinge a pessoa, e significa que algum problema um causou ao outro. Aí deveria vir a explicação: por que houve este problema? Lula não concorda com a maneira de agir do repórter? Não gosta dele, pois se sentiu prejudicado?

Eu, pessoalmente, não gostaria de fazer julgamentos sobre o Luiz Maklouf Carvalho, pois não o conheço. Mas acho que ele deveria reler o próprio texto de maneira mais crítica e como um observador da imprensa. Nós leitores nem sempre gostamos dos brados dos repórteres.

Fábio Pazzini

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Em primeiro lugar gostaria de dizer que sou fã do programa Observatório da Imprensa na TV e admiro o jornalista Alberto Dines há muitos anos por seu trabalho de compromisso com a verdade. Mesmo que algumas vezes possa discordar de suas opiniões, respeito-as sempre porque são opiniões independentes e assumidas em nome do que acredita ser a verdade.

Com relação ao chamado veto à presença de um jornalista, a meu ver obscuro, que vive do sensacionalismo, uma vez que as reportagens que citou em relação ao Lula e ao PT (que encontrei na Internet) são realmente de baixo nível e de quem quer apenas manchar a imagem de Lula e do PT. Porque o sr. LMC não faz matérias da mesma ordem com ACM e PFL?. Com certeza absoluta é porque morre de medo! Aliás, foi impressionante a babação de ovo quando o ACM foi ao Roda Viva. Ninguém fez nenhuma pergunta séria ou que questionasse o autoritarismo ou os compromissos com o Banco Econômico, por exemplo. Todos se comportaram como um bando de capachos.

É interessante lembrar que quando Lula critica o FMI é imediatamente contestado pela mídia. Quando ACM criticou o FMI a mídia aplaudiu. Aliás, foi também desta forma que entrevistaram o FHC no Roda Viva. Ninguém contestava as respostas, nem de FHC e menos ainda de ACM. É impressionante como a imprensa exerce a ditadura do pensamento único ou, se preferirem, o veto a qualquer voz discordante.

Todos os comentaristas econômicos da televisão são pró-governo! Não permitem que os pobres telespectadores ouçam uma voz discordante sobre as medidas econômicas ou políticas do governo. O Congresso Nacional é apresentado e defendido pela mídia como um apêndice do Executivo. Se por acaso não aprova alguma matéria proposta pelo Poder Executivo é chamado de irresponsável. Afinal, quem veta quem?

Finalmente, gostaria de dizer que o Lula foi convidado a ir ao Roda Viva. Ele, como qualquer outra pessoa, tem todo o direito de ir ou não ir a um programa se não lhe apetece. Não lhe apeteceu ir a um programa com o tal de LCM. Fez muito bem, diga-se de passagem, ainda que a passagem seja no final.

Carlos Eduardo Malhado Baldijão

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Como diz o ditado, quem não deve não teme. Ou, como dizia um jornalista americano: “Não há perguntas embaraçosas. Só respostas embaraçosas”. Esta parece ser sempre a desculpa ideal de boa parte da imprensa para se permitir destruir a carreira de alguém. O prezado jornalista, meu colega, deve saber que hoje em dia todos devemos temer, pois nem sempre ética, integridade e competência estão presentes no jornalismo. Infelizmente.

Ana Brandão

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Luiz Maklouf Carvalho responde: A reportagem sobre a filha do Lula foi publicada no Jornal do Brasil em 25 abril de 1989 ?, portanto nada tem a ver com a sordidez praticada seis meses depois por Collor e Cia. O Lula foi ouvido e confirmou os fatos (que aliás não poderia desmentir). Lurian foi entrevistada ao lado da mãe e da avó, no apartamento em que morava. Não escondeu a alegria que sentia ao ser tornada pública, como ilustra muito bem a foto de José Carlos Brasil na primeira página do JB. Ricardo Setti era o diretor da sucursal de São Paulo e Marcos Sá Correa o editor-chefe, no Rio. À época, o jornalista Ricardo Kotscho, então assessor da campanha de Lula, além de seu amigo pessoal, me deixou carta assinada, em 26/4/89, com o seguinte trecho: “Caro Maklouf, vim aqui pra te cumprimentar pessoalmente sobre a belíssima matéria sobre a filha do Lula. E aproveitar para pedir desculpas pela reação emocional que ele teve ao falar com você”.

Fiz várias reportagens com ou sobre o Lula depois da matéria da Lurian. É um equívoco pensar que os vetos começaram aí. Eles começaram, primeiro nos bastidores, quando fiz reportagens sobre casos pontuais de corrupção no PT. Chegaram ao extremo na entrevista com Paulo de Tarso Venceslau e à paranóia com a matéria que demoliu uma das explicações de Lula sobre a compra do apartamento de cobertura em São Bernardo do Campo (Folha de S.Paulo). Ao contrário da transparência absoluta que deve à opinião pública, a postura de Lula sempre primou pela obscuridade, pelo silêncio contumaz, pela recusa determinante em esclarecer fatos, especialmente quando as perguntas se referem ao expressivo crescimento de seu patrimônio e à vida muito boa que tem levado. Não fui processado por nenhuma das reportagens que fiz sobre Lula e o PT. Os veículos que o foram, por duas vezes ganharam as ações. Significa, a meu ver, que os fatos relatados estão todos de pé, sem contestação factual. E é isto que interessa fundamentalmente para um repórter.

Qualquer pessoa tem o direito de não querer ser entrevistada por determinado jornalista. É decisão que mede a concepção democrática de cada um. Lula explicou o veto por um “problema pessoal”. Como sempre que o procurei foi na condição de repórter, imagino que tenha se referido a sua contrariedade pessoal, subjetiva, com as reportagens que fiz, pelo simples fato de tê-las feito. Não por serem sensacionalistas, mentirosas ou coisa que o valha ? até porque não o são ?, mas por trazerem verdades que ele considera incômodas. Para mim, a causa do veto foi o medo de responder a perguntas sobre fatos que continua teimando em não esclarecer, entre eles a origem dos recursos para a compra da cobertura em São Bernardo do Campo.

Para matar a curiosidade do leitor sobre o meu voto nas presidenciais: votei em Lula em 89 e 94, no primeiro e no segundo turnos. Em 98, por entender como um erro grave sua recusa sistemática em não esclarecer o crescimento patrimonial ? condição obrigatória para quem pretende governar o país ?, votei no Zé Maria, do PSTU. Não por qualquer simpatia aos trotskistas, muito pelo contrário, mas por achar que alguém precisa manter a radicalidade.

Não acho, como cidadão, que o convite ao ACM, o elogio ao Chávez, o encontro com FHC, a confusão nas propostas políticas, o distanciamento da origem de classe, a tolerância com denúncias como o “partido da boquinha” e a vida boa sem explicação transparente ? não acho que nada disso jogue definitivamente por terra as qualidades do Lula. Mas acho, até pela responsabilidade dos 35 milhões de votos que recebeu, que ele deve repensar rapidamente essa sucessão de erros que vem cometendo. Como diz aquele personagem da TV, o veto é só um detalhe. L. M. C. (Editor de Profissão: repórter <www.geocities.com/reportagens/> E-mail: <maklouf@br.homeshopping.com.br)

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Fiquei quase em estado catatônico ao observar que só o jornalista Luis Maklouf de Carvalho falou sobre o veto/censura que sofreu por parte de Lula, travestido de assessoria. Como bem disse Lula, “sempre tem uma primeira vez”. Amanhã é um sindicalista, depois um negro, depois um judeu e depois… Lula e sua assessoria (leia-se Paulo Vannucchi e Celso Horta) sabem muito bem a quem interessa esta primeira vez. Em minha entrevista afirmei que a tal Articulação, corrente à qual pertencem Lula, Zé Dirceu, Benedita, entre outros, é o PFL do PT. O aliado Garotinho chamou de PB, Partido da Boquinha. E o brilhante Chico Caruso falou tudo em sua charge. [ver capa]

Só espero não ter de enfrentar ACM e aliados da mesma forma que tivemos de enfrentar a ditadura. Pelo menos é isso que podemos esperar da sua viúva legítima, o PFL.

Paulo de Tarso Venceslau

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Gostaria de dizer aos colegas [Ricardo] Noblat e Eliane [Cantanhêde] que considero a decisão do programa estapafúrdia. Não tem cabimento.

Marco Nascimento

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Gostaria de manifestar meu inconformismo ao saber que a “assessoria do Lula” vetou o nome de um jornalista do Roda Viva. Estava assistindo, e quase desliguei a TV, porque se é para fazer entrevistas com perguntas para envaidecê-lo era melhor que tivessem feito o programa com outra pessoa. Não pretendo, com isso, desmerecer os outros entrevistadores e nem o programa, pelos quais tenho grande admiração. Entretanto, talvez o ilustre entrevistado não tivesse comparecido se a produção não substituísse o repórter… Enfim, isso só demonstra que quem deve teme (a “contrario sensu”)!!!

Marcelo David, advogado, São Paulo

 

Sou estudante de Jornalismo, e gostaria de saber se o Sr. Alberto Dines já comentou algo sobre o destaque dado ao aniversário do filhinho, digo, caõzinho da emergente Vera Loyola. Aproveito também para convidá-lo para o aniversário de um ano de meu canário belga.

Stephenson Groberio

Nota do O.I.: Dines comentou o assunto em sua coluna no JB, reproduzida no Entre Aspas desta edição. Convidado, o próprio Stephenson acabou escrevendo sobre o tema, no Imprensa em Questão [ver as remissões abaixo]. A propósito, nosso curió pergunta se o traje para a festa é rigor ou esporte fino.

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“Você viu a briga no Ratinho ontem…?” “E a novela, foi o máximo, não?”

É lamentável saber que programas como o do Ratinho e a novela da Globo, exibidos no mesmo horário, lideram a audiência da TV brasileira. É bem verdade que eu estaria mentindo se dissesse que ambos os programas nada têm de útil ou importante. Mas as cenas envolvendo principalmente sexo e violência são de tirar o sono das pessoas que têm o mínimo senso crítico.

Evandro Thiesen

 

Como leitor permanente de jornais e revistas, agora também via Internet, venho identificando cada vez mais a força das empresas jornalísticas sobre os jornalistas. Será o fim da controvérsia; o fim da liberdade tão perseguida; o fim de Alberto Dines, Aloysio Biondi, Villas Bôas-Corrêa, Janio de Freitas, Mino Carta, Luis Fernando Verissimo e de tantos outros que, concordemos ou não, nos fazem parar para pensar? Será a consagração dos jornalistas porta-vozes, papagaios dos gabinetes oficiais, dos donos do poder, da elite dominante que nos impõem padrões e valores como se fossem únicos, saídas como se não existissem alternativas? Talvez seja melhor parar de ler jornal, desligar a TV e o computador e ir pescar. O que esta faltando ao povo brasileiro é mais indignação.

Luiz Francisco Evangelista

Gostaria que vocês fizessem uma análise sobre uma matéria do Fantástico (17/10) que falava sobre o mentor intelectual do assalto ao trem pagador. Uma verdadeira apologia à falta de ética humana. Quero por oportuno parabenizar o excelente trabalho que o Observatório vem desenvolvendo na crítica e análise do papel da imprensa.

Cristiane Félix

A imprensa paulista parece que é desmemoriada. Simplesmente esqueceu quando no inverno passado o fatídico Sr. Fábio Feldman gastou rios de dinheiro na Secretaria do Meio Ambiente e na Cetesb para fazer promoção pessoal, tudo com a concordância do Sr. Covas. É uma vergonha como a imprensa tratou do assunto, mesmo porque não fez um jornalismo investigativo para verificar onde foi gasta uma fortuna com seminários, coffee-breaks, diárias de hotéis, convênio com o Canadá, com estadia de várias pessoas que sequer falavam a língua local, projetos contratados para beneficiar amigos, e várias cositas más. Este é o Brasil dos oportunistas, que fazem qualquer coisa para se reeleger às custas do dinheiro público.

Maira Silva Jardim

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É justo empurrar sobre as costas da população mais uma taxa, ainda que sob o argumento de que o sacrifício de se desembolsar, no mínimo, mais R$ 2,50 é para uma boa causa? Melhorar a segurança, com uma polícia de Primeiro Mundo. Vendo por esse prisma, pode-se assim dizer, de boas intenções o inferno está cheio. A proposta, sabiamente colocada via imprensa à apreciação dos paulistas, como um balão de ensaio, não encontra respaldo entre os contribuintes. Paulo Reis Aruca

Acho que a mídia não é escravizada, e sim nós, leitores, é que comemos a ração que nos é dada. E outra: se não fosse o Observatório, hoje estaríamos comendo a mesma ração de cachorro, mas calados e achando gostoso.

Vilto João de Haro

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Sobre o Ronaldinho, gostaria de comentar o seguinte:

1) Ele recebeu doses cavalares de hormônio do crescimento (ou outra coisa do tipo) na Holanda. A tal explosão muscular nada mais era do que isso, aproveitando que tinha 17 anos e se podia moldar seu corpo franzino. Não fez exercícios compensatórios nos joelhos para agüentar a carga muscular. A história foi citada num programa esportivo da Bandeirantes e vários comentaristas confirmaram. O garoto franzino transformou-se num fenômeno quando foi para o Barcelona. A diferença era visível, mas foi atribuída à idade;

2) As crônicas dores nos dois joelhos o forçaram a tomar medicamentos para controlar a dor na Copa do Mundo;

3) Na Copa do Mundo ele sentia fortes dores nos joelhos, e tomou alguma coisa para controlar a dor. O excesso de remédios e de tensão emocional provavelmente resultaram no piripaque da final da Copa;

4) Ele nunca vai recuperar a forma: é o mesmo que se dopar para os 100 metros (conseguindo bater o recorde mundial) e depois conseguir melhorar o tempo, quando já piorou a forma física resultante do uso de hormônios (IMPOSSÍVEL!). Ronaldinho sempre lamentou não ter feito o reforço muscular nos joelhos;

5) A conspiração do silêncio envolve os nebulosos tempos da Holanda, interesses comerciais de patrocinadores da CBF (Nike), a imprensa, os médicos e a imagem do craque ligado a vários produtos que valem milhões;

6) Um craque com família, embaixador da ONU, preocupado com causas sociais e humanitárias é um bom disfarce para esconder seu futuro fracasso na Copa de 2002, já que ele anunciou que a de 2006 será sua última Copa (claro, pois ele não vai agüentar mais…).

7) Estamos reféns da mídia, pois o mito não pode ser destruído por causa dos interesses em jogo. Temos de fazer de conta que ele joga… Como falta uma imprensa mais investigativa no Brasil;

8) Embora isso nada tenha a ver, ele fugiu do país deixando uma garota grávida que teve uma crise nervosa e perdeu a criança. A mídia respirou aliviada e abafou o caso, mas a história foi contada no programa da Silvia Popovic.

8) Agora vamos ter que agüentar a Globo defender a Ferrari, porque o Barrichello vai para lá ano que vem. Temos um jogador que não joga e anda de Ferrari e temos um piloto que não vai conseguir correr o suficiente numa Ferrari.

Esta caixa preta algum dia terá que ser aberta…

Luiz Roberto da Costa Jr.

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Ronaldinho se encheu de tanto gás que esvaziou a bola, que, murcha, não rola mais.

Vera Silva

Muito tempo atrás sugeri a criação na TV Cultura SP de um telejornal com características próximas às do Jornal dos Jornais. Hoje, com a rede bem constituída e com programas jornalísticos inseridos na grade, volto à idéia. Estamos sendo inundados por informações e imagens, em canais abertos e fechados, dia e noite, que se repetem muito, pois vêm de fontes tipo CNN. Os telejornais das 10 da noite da Rede Pública acabam se assemelhando aos demais, porém com um agravante: dispondo de menos recursos, acabam em geral sendo repetidores de matérias “requentadas”.

Por que esses telejornais da Rede Pública não fazem uma análise dos vários outros telejornais nacionais e internacionais, comparando uns aos outros, mostrando diferenças e semelhanças? Acho que teremos algo novo, interessante e até bem barato.

Michel T. Gorski

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Por que será que nestes tempos de alta tecnologia nas telecomunicações o governo, as sociedades representativas (sindicatos, ONGs, confederações, universidades, igrejas) e os órgãos de mídia que não possuem TV (O Dia, JB, Tribuna da Imprensa, Rede Transamérica, Jovem Pan) não se interessam em criar canais de TV via UHF? Em São Paulo, de certa forma existem varias TVS em UHF (Rede Mulher, Rede Vida, TV Senac, Canal 21 e MTV ? estas são as que eu conheço, mas não conheço nenhuma com sede no Rio).

Escrevo isto porque tenho uma TV com antena de UHF e consigo sintonizar a TV Cultura, a MTV e a Rede Vida (todas de São Paulo), e gostaria de sintonizar outras emissoras. Dezenove universidades do RJ se juntaram e criaram um canal de TV via Net. Por que não abrir o sinal para UHF? Por que o Senac/RJ não retransmite o sinal de São Paulo ou cria uma TV aqui no RJ? Porque a Fundação Roberto Marinho não libera o sinal do canal Futura, já que é uma emissora de interesse social?

José

Com algum atraso, envio mensagem que mandei à revista Veja, quando da morte de dom Helder Câmara, e a respectiva ? e hilária, ou irônica? ? resposta. É óbvio que reclamei do silêncio sobre a morte do arcebispo por razões políticas, sociais e se quiser editoriais ? não, religiosas. E só pode ser muita ironia da parte da redação lamentar os sentimentos de “milhares de religiosos”, que teriam sido feridos pela omissão. O que está em xeque é, sim, uma decisão editorial que privilegia a direita e silencia qualquer comentário mais aprofundado, seja favorável, seja crítico, sobre um personagem relevante da história brasileira do último meio século, e que o faz pela simples e única razão de ser ele de esquerda. Seguem dois outros e-mails, na base do forward: primeiro, o que mandei à Veja, depois o que ela me enviou.

Renato Janine Ribeiro

“Prezados senhores, quero manifestar minha surpresa ante as escassas linhas dedicadas por Veja a padre Helder Câmara, por ocasião de sua morte. Veja pode discordar das idéias de dom Helder, mas não deveria deixar de informar adequadamente a seus leitores sobre o que ele fez e significou. Atenciosamente, Renato Janine Ribeiro

Resposta da redação

Prezado senhor Renato, recebemos sua mensagem e agradecemos o interesse por Veja. Concordamos que deveríamos ter reservado maior espaço para noticiar o falecimento do arcebispo emérito de Olinda e Recife, dom Hélder Câmara. Gostaríamos de esclarecer, no entanto, que não fizemos isso com a intenção de desmerecer o arcebispo e muito menos cometer uma afronta aos milhares de religiosos. Foi apenas uma escolha editorial. Contamos com sua compreensão e estamos à disposição para qualquer esclarecimento. Atenciosamente, Carulina Costa, Atendimento ao leitor”

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E-mail enviado a Zero Hora/Porto Alegre, sobre a “imparcialidade” do veículo.

Marco Mendonca

“Os dois socos da Zero Hora ? Dentro da proposta publicitária da Zero Hora de se mostrar um veículo isento, gostaria que vocês comentassem o seguinte: 1) Recentemente, em resposta a uma provocação, um militante do PCB agrediu com um soco um filiado do PMDB na esquina democrática. Este fato foi noticiado na capa de ZH, na coluna do Barrionuevo e rendeu inclusive um box da Rosane Oliveira. 2) Ontem, um militante do PTB ou PMDB (?) agrediu com um soco um militante do PT na Câmara de Vereadores. Por que não houve nenhum comentário, nenhuma chamada na capa?! Marco Mendonça

Resposta da redação

Prezado Marco, não tenho nenhum problema em te explicar nossos critérios para o espaço dado à agressão. Antes, porém, gostaria de lembrar que somente Zero Hora noticiou esta agressão e publicou a foto do rapaz agredido. Rosane de Oliveira”

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Enviei o e-mail abaixo à Folha.

Lucia Mendez

“Sempre a estou aporrinhando com observações de “tropeços”, porém agora é para indagar da veracidade ?ou se entendi direitinho? a notícia publicada no domingo, dia 17/10, fls. A8: ?A atriz acompanhou quase toda palestra do ex-ministro na Universidade de Harvard, sentada no chão, na frente da primeira fila de cadeiras? ? não que eu duvide da Folha, porém há que se considerar que pode haver dedos sagazes bailando sobre teclados inescrupulosos. Lucia Mendez

Resposta da redação

Agradeço suas críticas à reportagem da Folha. Entretanto recebi a confirmação de que, de fato, a atriz acompanhou a palestra da maneira relatada. Atenciosamente, Renata Lo Prete ? Ombudsman”

Vocês viram a foto do Ciro Gomes e da Patrícia Pillar publicada à exaustão? Não parece o nosso Mikhail e a nossa Raissa? O nosso casal pós-perestroika?

Luis Mir

Esta obsessão de atacar a Folha e defender os amigos chega a ser ridícula. Então candidato a presidente que sonega imposto comete um erro sem importância? Que país é este? Para eleger o continuísmo de direita o Sr. Alberto Dines releva a honestidade? Esta é a ética do O.I.? Usar carro de empresa que se beneficiou durante o governo do sonegador é normal? Esta é a ética tucana! Este é o Brasil do O.I.. Pêsames.

Orlando Fogaca Filho

No Observatório na TV de 26/10 foi citado que foi O Globo quem primeiro publicou matéria informando que os guerrilheiros do Araguaia foram mortos e enterrados na selva. Gostaria apenas de lembrar que essa matéria foi publicada em A Gazeta de Vitória (ES), no final de novembro de 1993, sendo de minha autoria. O deputado Nilmário Miranda tem conhecimento disso, pois enviei a ele cópia do material que obtive com exclusividade com um ex-oficial da Marinha. Gostaria apenas que fosse feita a correção.

Nilo De Mingo Jr

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Meretíssimos????? Pelamordedeus! Como é que vocês me deixam uma manchete com a palavra meritíssimos escrita dessa maneira? Adoro o Observatório, e por isso mesmo me senti na obrigação de reclamar: vocês são o que ainda dá gosto de ler na imprensa, mas… mais cuidado na revisão!

Lúcia

Nota do O.I.: Perdão… O imperdoável engano foi corrigido dois dias depois que a edição entrou na rede :-(((

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Descobri por acaso este “site”, aliás, com dupla satisfação. Em primeiro lugar ele mostra a veracidade de um pensamento meu, antigo, de que para se fazer um jornalismo independente hoje, no Brasil, somente é possível através da Internet. Em segundo lugar, o design gráfico foge a qualquer padrão encontrado em nossa imprensa. Matérias rápidas, concisas, racionais, de rápida apreensão perceptual, pois das notícias há mais dedução que intuição. Meus parabéns, continuem. À guisa de sugestão:

(a) Colocar datas das edições, com seus respectivos números;

(b) Oferecer uma rolagem (scroll) para facilitar, como num índice, procura de matérias por assunto ou autor;

(c) Facilitar a procura de matérias de números anteriores.

Sugiro-lhes, ainda, publicações sobre corrupção em nosso Judiciário e maiores desdobramentos sobre a questão das drogas. Neste último caso, é preciso enfocar a situação do poder da droga, seu outro lado. Quem é o detentor do dinheiro das drogas, visto que (será que me engano?) quase 25% de todo o dinheiro depositado em nossos bancos têm origem na lavagem de dinheiro deste setor. Minhas saudações, na esperança de que não parem. Avancem, mas lembrando-se sempre da lição de Bonaparte. Após sucessivas vitórias, perdeu forças pela imprevisibidade de um poder inaudito e silencioso, o frio da Rússia.

Hugo Luciano Wascheck, 62 anos, neurologista e estudante de Direito

Nota do O.I.: Caro Hugo, agradecemos os elogios ? e o alerta! Quanto às sugestões: 1) A data de cada edição está no alto da homepage, logo abaixo da logomarca; 2) Temos um índice de matérias, também no alto da página; 3) No menu (coluna à esquerda da homepage) temos o link Edições Anteriores, onde se pode ter acesso ao arquivo do O.I. pela data das edições; e o link Busca, onde a pesquisa pode ser feita por palavra-chave. Esperamos tê-lo ajudado. Um abraço, volte sempre.

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Da maior importância são trabalhos como este, neste pobre, passivo e eternamente sofrido Brasil. Brasil dos afortunados irresponsáveis que nada mais vêem senão ganhos imediatos e vultosos em detrimentos da maioria menos favorecida. Os irmãos com aposentadorias de vergonhosos valores, por exemplo. Parabenizo neste momento a todos que fazem de maneira responsável este veículo que é o Observatório da Imprensa.

Romero Couto Santiago, Recife

Escrevo para saber se vocês têm acompanhado o jornal ABC Domingo, editado em Novo Hamburgo, RS. Têm? É que é lá que escrevo, logo meu narcisismo pensou em mandar este bilhete. O Observatório é legal, embora eu não tenha muita paciência em ler coisas longas aqui na telinha. Mas metam bronca, sigam o trabalho, que faz bem pra saúde da alma do país.

Luís Augusto Fischer

Nota do O.I.: Não acompanhamos (ainda), mas poderemos fazê-lo (logo) se você nos enviar o endereço do site. Para facilitar sua leitura, confira o botão Modo de Usar, Boa sorte!

Não existe nada mais contrário à plena liberdade de imprensa do que um órgão de imprensa; qualquer órgão de imprensa. Com a mesma garra com que divulgam detalhes da vida e dos problemas de pessoas físicas e jurídicas envolvidas em qualquer questão de interesse público, jornais, rádios e TVs fecham-se sobre seus próprios problemas. A Ipanema FM, rádio do grupo Bandeirantes, demitiu Katia Suman. Katia era, há 16 anos, a cara e a voz da Ipanema. Como assim? Pode a Igreja demitir o papa? Pode o governo demitir o presidente? Ney Gastal

 

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Pacto Globo-Folha

Lula veta repórter

Totó emergente 1 e 2

Meritíssimos não gostaram

Ciro errou, Folha exagerou

Ronaldinho


Continuação do Caderno do Leitor

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