Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Ainda o monopólio

ITÁLIA

O governo italiano cancelou a venda de uma unidade da TV estatal RAI para uma companhia americana, o que provocou acusações de conflito de interesses dos críticos do primeiro-ministro e magnata da mídia Silvio Berlusconi.

Berlusconi controla a maior rede privada de TV da Itália, a Mediaset, única concorrente real da RAI. A venda da unidade RaiWay para a Crown Castle International teria criado uma nova força competitiva no mercado. O caso foi acompanhado com atenção no país, entendido como um teste crucial de como Berlusconi lidaria com potenciais conflitos entre seu cargo público e seus interesses comerciais.

O ministro das Comunicações, Maurizio Gasparri, insiste que ele próprio tomou a decisão de suspender a venda, alegando que a oferta da Crown Castle, de US$ 380 milhões por 49% da unidade, era muito baixa. A proposta da empresa americana foi feita em abril, um mês antes da eleição de Berlusconi e, segundo a Associated Press (26/10/01), a administração da RAI estava inclinada a sancionar a transação. Não havia outra oferta pela RaiWay, que controla mais de 2.300 locais de transmissão na Itália. A decisão do ministro parece se opor ao discurso do próprio primeiro-ministro: durante a campanha, Berlusconi anunciou a intenção de privatizar um dos três canais da RAI.

Francesco Rutelli, líder da oposição, lembrou que a decisão é vantajosa para o magnata, que na prática controla todo o setor de TV do país. "Depois desta decisão, a Itália está menos livre, a RAI, mais pobre, e o mercado livre, sob ameaça como nunca antes, se não já destruído, no setor de informação."

CIRCULAÇÃO

Sob novas regras de medição de circulação, o Audit Bureau of Circulations (ABC) divulgou os números de seu relatório bianual, que dizem respeito aos seis meses concluídos em 30 de setembro.

As novas regras, aprovadas para ajudar os jornais a enfrentar a crise do setor, agora contam como circulação paga cópias vendidas a no mínimo 25% do preço de capa (antes o valor era de 50%) e exemplares vendidos por hotéis e companhias aéreas. Por isto, para fazer a comparação com o mesmo período de 2000, o ABC aproximou a diferença, relata Seth Sutel [Associated Press, 29/10/01], combinando os números do ano passado que não eram incluídos no total.

Desta forma, o USA Today aumentou sua liderança na lista: permanece o número um, com média de circulação diária de 2,24 milhões de cópias. Relatórios recentes informam que o jornal vende mais de 990 mil exemplares por meio de hotéis, escolas e companhias aéreas. Ainda assim, o USA Today teve queda de 0,6% em relação ao ano passado. O Wall Street Journal manteve o segundo lugar, com aumento de 1% na circulação, mesmo percentual atingido pelo New York Times. Já o New York Post deu um pulo de 22% depois que cortou seu preço de capa pela metade; seu rival Daily News cresceu 4,6%.

NY TIMES

A conexão à internet na New York Times Co. foi interrompida por várias horas na terça-feira (dia 30), em um aparente ataque, depois que os computadores da empresa foram inundados de informação. "Não sabemos se houve má intenção, mas não parece haver uma explicação inocente", disse Terry Schwadron, administrador da rede. Após as 14 horas, os computadores da Times começaram a receber uma imensa quantidade de transmissões eletrônicas que sobrecarregou o dispositivo que protege a empresa de ataques de hackers. O principal sítio da Casa Branca sofreu um ataque semelhante em maio, quando milhares de mensagens falsas foram enviadas aos servidores e pararam o sistema.

David Moore, da Cooperative Association for Internet Data Analysis, na Universidade da Califórnia, afirma que alguns recursos ajudam a evitar este tipo de ataque, mas há pouco a fazer. Para Moore, um novo ataque não seria surpresa. "Muitas diferentes instituições são atacadas. Às vezes há um motivo para divulgar uma mensagem política."

Adam Pasick [Reuters, 30/10/01] lembra que já houve dois falsos atentados ao New York Times nos últimos tempos, incluindo uma carta com pó branco enviada à repórter Judith Miller, especializada em bioterrorismo, que testes mostraram não haver antraz.

    
    
                     

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