Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Além dos resultados

A ampla cobertura dedicada ao provão pela imprensa e o acalorado debate suscitado no meio universitário focalizaram, em geral, o desempenho das instituições avaliadas e os critérios utilizados pelo Ministério da Educação na atribuição de conceitos. Não faltaram, porém, interpretações voltadas exclusivamente ao ranqueamento dos cursos, contrariando os seus objetivos prioritários.

Afinal, o provão não é o único instrumento para avaliar a graduação, pois integra o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior, que contempla, entre outras variáveis, a qualificação docente, a organização didático-pedagógica e a infra-estrutura dos cursos. Portanto, seus indicadores não devem ser tomados isoladamente. O que não significa minimizar sua importância.

Ao implementar o exame, legitimado pelo amplo apoio da opinião pública, o MEC introduziu a avaliação como prática sistemática. Logo depois da divulgação dos resultados do primeiro provão, as comissões de especialistas da Secretaria de Ensino Superior do MEC saíram a campo para verificar in loco as informações fornecidas pelas próprias instituições. Essas visitas permitirão avaliar as reais condições de funcionamento dos cursos.

Outro importante referencial fornecido pelo provão é o perfil dos graduandos, desenhado a partir de um questionário aplicado simultaneamente à prova. A pesquisa apurou informações socioeconômicas e culturais e apreciações pessoais sobre a qualidade do curso freqüentado, o desempenho dos professores e as condições de infra-estrutura oferecidas pela instituição. Os dados apurados alimentam o debate interno nas instituições de ensino superior e estimulam o desenvolvimento da avaliação como prática permanente.

O exame, que vem sendo estendido progressivamente a todos os cursos de graduação, permite a construção de uma série histórica de indicadores, que oferece as bases para a definição de políticas e acompanhamento das metas fixadas. Ao produzir parâmetros nacionais de referência, estimula uma competição salutar, servindo como incentivo para que as próprias instituições realizem esforços para sanar suas deficiências e elevar o padrão de ensino, o que já vem ocorrendo.

A adesão maciça dos graduandos no segundo exame, comprovada pelo baixo índice de provas em branco (pouco mais de 2%), e a tranqüilidade que marcou a realização das provas refletem as mudanças ocorridas desde o primeiro exame. A mobilização dentro e fora das instituições de ensino superior pela melhoria da qualidade, certamente, é um de seus melhores resultados.

(*) Maria Helena Guimarães de Castro é presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP/MEC) e professora licenciada da Unicamp.
E os comunicólogos?

A.D.

Enquanto a imprensa sentava-se no banco dos réus ou estirava-se no divã dos analistas por causa da tragédia de Diana, nossos comunicólogos reuniram-se em seu 20º Congresso (Santos, SP) como se nada tivessem a ver com o assunto, para conferir seus feitos teóricos e distribuir louvores.

O release publicado pela Folha (9/9) dava conta do magnífico salto no número de inscritos neste tipo de conclave – passou de 1.600 (em 1996) para 2.700. Isto evidentemente trará profundas modificações no panorama mediático brasileiro.

Outro motivo de regozijo: uma pesquisa realizada pela USP com 3.500 ex-alunos indica que 63% ainda trabalhavam com comunicação depois de formados. Resta saber quantos estão em assessorias de comunicação e quantos em jornalismo.

O problema do ensino do jornalismo passa obrigatoriamente pela qualidade do professor.