Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Alguém está mentindo

ENTREVISTA NA BERLINDA

O presidente paquistanês Pervez Musharraf afirmou que, no encontro em Islamabad para discutir o papel de seu país na guerra contra o terrorismo, diria a Colin Powell, secretário de Estado americano, que se o mulá Omar fosse derrubado Osama bin Laden estaria "a caminho". "Peguem Omar e Osama não conseguirá mais operar", teria dito. Será? Não se sabe.

Diz-se que as frases do paquistanês foram proferidas em longa entrevista ao USA Today e à rádio CBS. Elisa Tinsley, editora de Internacional do USA Today, afirmou que a conversa entre Musharraf e o correspondente Jack Kelley de fato ocorreu. Segundo a BBC (15/10/01), Riaz Mohammed Khan, porta-voz do Ministério do Exterior do Paquistão, negou a existência de tal entrevista. Elisa Tinsley afirma não fazer idéia do motivo pelo qual o ministério paquistanês está negando o fato. Uma porta-voz da CBS também disse que a rádio confirma a reportagem. A equipe diz que a repórter Kimberley Dozier pediu a Musharraf para fazer algumas perguntas para publicação e o presidente disse sim. Ela anotou, mas não gravou a entrevista.

MÍDIA vs. EXÉRCITO

Está cada vez mais próximo o momento de uma incursão militar por terra do exército americano no Afeganistão. Disse-o secretário de Defesa americano, Donald Rumsfeld, a representantes da mídia, de que haverá grandes dificuldades em permitir que jornalistas acompanhem tropas em ações militares.

Em encontro com chefes de sucursais em Washington, Rumsfeld frisou as circunstâncias incomuns do conflito e disse que o Departamento de Defesa não mandou jornalistas para a área porque não sabe aonde encaminhá-los. Indicou, também, que era perigoso permitir o acesso de jornalistas a forças especiais americanas responsáveis por procurar terroristas em operaç&otilotilde;es terrestres no Afeganistão. Concordou, no entanto, em fornecer comunicados regulares à imprensa, "por mais superficiais e vazios que sejam."

O encontro, ocorrido em 18 de outubro, aconteceu após sucessivas reclamações da mídia. Segundo Mark Jurkowitz [The Boston Globe, 19/10/01], a idéia era convencer o governo a afrouxar o rígido controle de informações sobre a guerra. "Historicamente, o exército e o governo encontraram formas de excluir a imprensa em qualquer guerra americana, utilizando métodos diversos nas diferentes épocas", afirmou Jeffrey A. Smith, professor de Jornalismo da Universidade de Iowa e autor de War and press freedom ("Guerra e liberdade de imprensa").

Para Bill Hammond, historiador do Centro de História Militar das Forças Armadas dos EUA, o conflito não deveria surpreender. "Não há um equilíbrio", disse. "A mídia deve fazer o que deve fazer, da mesma forma que o exército."

    
    
                     

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