Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Ana Maria Bahiana

SCHWARZEGGER GOVERNADOR

“Picadinho de Exterminador”, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 14/10/03

“Todo mundo que riu, como se dizia antigamente, às bandeiras despregadas com a notícia da candidatura de Arnold Schwarzenegger ao governo da California deve estar reconsiderando sua posição. O eixo política-entretenimento é possivelmente um dos mais poderosos deste momento, e o número recorde de eleitores que compareceram às urnas já deveria ser endosso bastante. Acreditem em mim quando digo que americano detesta votar e que há décadas país, estados e cidades são governados por uma minoria – em geral idosa e conservadora – que tem tempo e paciência para ir às urnas.

A que se deveria tanto interesse, desta vez? Certamente não ao programa de salubridade fiscal ou administração de energia de Arnold… se é que ele tem tais coisas…

Digno de nota, tambem, é o poder de articulação dos republicanos, infinitamente superior ao dos democratas em quase tudo. E, neste caso, em sua capacidade de identificar, desenvolver e preparar uma celebridade para fazer um papel político.

Do lado democrata, o único sujeito da chamada ?comunidade do entretetnimento? que tem propensões políticas é o diretor Rob Reiner (Sintonia de Amor, Alex & Emma). Reiner é ativo em organização e militância, especialmente na California, onde conseguiu emplacar a lei que aumentou a taxação sobre produtos de tabaco, com fundos revertidos para rede de ensino público.

Durante algum tempo – não muito, é verdade – Reiner foi uma possibilidade dos democratas para garantir o controle da California, numa disputa com Arnold. Mas não demorou muito para os consultores perceberem que um diretor gordinho, calvo e sem nenhum sucesso recente de bilheteria ia virar picadinho nas mãos do Exterminador.

E nem pensem em Michael Moore. Alem de ser eleitor residente em Michigan, e não na California, Moore está tão à esquerda do espectro político que nem pesa na balança, na hora de uma avaliação realista de candidatos.

Considerem os dois casos anteriores de políticos de projeção vindos de Hollywood: Clint Eastwood (prefeito da pacata Carmel, na California) e Ronald Reagan. Notem que ambos são republicanos como Arnold, e tirem suas conclusões.

Mas tirem mesmo: uma das fraquezas do jornalismo cultural, hoje, é essa hesitação em enfrentar pautas mais carnudas, tingidas de política e economia. E no entanto, estas tendem a ser, exatamente, as mais saborosas, por revelar a real dimensão e alcance daquilo que, outrossim, corre o risco de ser mera perfumaria.”

 

OLIGOPOLIZAÇÃO NOS EUA

“Por que os gigantes não podem se expandir?”, copyright O Estado de S. Paulo / The New York Times, 19/10/03

“Com os consumidores sofrendo um bombardeio de possibilidades de escolha inimaginável uma geração atrás, soa acadêmico um debate no Congresso e nos tribunais sobre as novas regras que permitem a expansão dos maiores conglomerados da mídia. Apesar de tudo, dizem os defensores das mudanças, a diversificação de opções surgiu em um período de rápida consolidação da mídia. Então, que perigo há em permitir que as empresas continuem crescendo?

Juízes federais e um grupo de legisladores estão discutindo se aceitam ou não a liberalização das regras, uma das mais importantes ações de desregulamentação feitas no governo Bush. Espera-se também que o governo aprove a mais recente fusão da mídia: a compra das empresas de entretenimento da Vivendi Universal pela General Electric, dona da NBC.

O negócio, formalizado na quarta-feira, daria à NBC grande quantidade de novas propriedades, incluindo estúdios de televisão, parques temáticos e três canais de TV a cabo.

As novas leis de propriedade de meios de comunicação foram precedidas de pesados lobbies de muitas das maiores e mais influentes empresas de jornais e emissoras de televisão, incluindo a The New York Times Company, que pediram a eliminação da lei que impedia o controle de uma emissora e um jornal na mesma cidade.

As novas regras, aprovadas pela Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês), estendem a abrangência das emissoras de televisão e cadeias de jornais e provocaram uma explosão de protestos. A comissão e o Congresso receberam mais de 1 milhão de manifestações contr&aaacute;rias à desregulamentação.

Mas os defensores das mudanças alegam que as centenas de canais disponíveis para assinantes de TV a cabo e por satélite, combinadas com as ofertas virtualmente sem limites da internet, provam que as velhas restrições eram produtos antiquados de uma época de escolhas limitadas e menos diversidade.

Eles também dizem que as grandes empresas continuam a ter incentivos de mercado fundamentais para fornecer programação diversificada.

?O mercado dos meios de comunicação é marcado pela abundância?, disse Michael K. Powell, presidente da FCC, em discursos e na sabatina a que foi submetido no Congresso para tentar justificar as novas regras, que ele defendeu por meio da comissão há alguns meses. ?Sabíamos que, em 60, na era de ouro da televisão, até o fim dos anos 80, se não assistíssemos ao telejornal da noite, estávamos perdidos. Mas hoje não faltam notícias e programação de interesse público – combustível da nossa sociedade democrática.?

Os críticos dizem, porém, que as escolhas que os espectadores pensam fazer ao mudar de canal de TV ou de site na internet são ilusórias. Eles sustentam que um pequeno grupo de grandes empresas domina tanto a internet quanto a televisão e os produtores independentes há muito tempo foram excluídos das emissoras com a eliminação das normas financeiras do sindicato. Essas normas evitavam que uma empresa dona de emissoras e de unidades de produção produzisse sua programação inteira.

?Noventa por cento das 50 maiores estações de televisão a cabo são propriedade de gigantes que são donos de emissoras e de sistemas de cabo?, disse Michael J. Copps, um dos dois democratas integrantes da FCC que votaram contra as novas regras. ?Os 20 maiores novos sites de internet também são dominados pelos mesmos conglomerados ou simplesmente preferem reciclar notícias de fontes que não estão na rede, em vez de competir ou fornecer mais diversidade. Ter mais canais que são propriedades das mesmas poucas pessoas não significa ter mais diversidade de opinião editorial e definitivamente não significa mais competição. E mais: a maior parte dos canais de TV a cabo não oferece notícias locais.?

Como as mesmas empresas estão produzindo a programação e controlando os canais de divulgação, segundo os críticos, há o perigo de que um pequeno grupo delas acabe com as outras, reduzindo a diversidade e a competição.

Lições – Para Copps e outros críticos, a experiência da indústria do rádio é bem significativa. Eles dizem que depois que o governo acabou com as regras de propriedade no começo dos anos 90, a maior parte das estações locais e independentes foi engolida pelos conglomerados.

Segundo os críticos, isso criou uma indústria homogeneizada e, embora pareça haver muitas estações no dial, não há grandes diferenças na programação. As estações muitas vezes são inacessíveis para artistas independentes e não têm programas com notícias locais.

?A desregulamentação do rádio nos deu lições poderosas e relevantes?, disse Copps. ?Quando o Congresso e a comissão removeram as barreiras à concentração, experimentamos uma consolidação poderosa, nunca antes vista.

Vimos uma redução de 34% no número de donos de estações de rádio. A diversidade na programação sofreu. Essa experiência deveria nos aterrorizar.?

Mas Powell sustenta que o rádio é um negócio muito diferente. Emissoras de televisão que não pertencem a controladores de TV a cabo e via satélite enfrentam uma competição acirrada porque o segundo grupo, ao contrário das redes, obtém receitas tanto da publicidade quanto das assinaturas. Isso levou Powell e as emissoras a concluir que, na ausência de alguma desregulamentação, as redes não serão capazes de fornecer nem TV aberta nem programas caros. No rádio, isso não ocorre.

Os críticos argumentam que essas distinções são irrelevantes e as tendências no rádio devem servir de alerta. Ainda segundo eles, a televisão, em particular, rapidamente evolui para um mundo em que as redes estão realizando fusões com empresas que também são provedores de canais de TV a cabo ou via satélite. Isso pôde ser visto, recentemente, com a proposta de aquisição da Hughes Electronics, proprietária do serviço de satélite DirecTV, pela News Corporation.

Powell e as redes de televisão também discordam da idéia de que o atual nível de diversidade é resultado das velhas regras. ?A sugestão de que elas produziram abundância é ilusória?, disse Powell. ?A abundância frutificou em novos meios de comunicação como a TV a cabo, via satélite, a internet, que não estão sujeitos às leis das emissoras de televisão.?”

 

TIME WARNER SEM AOL

“Time Warner Inc. tira oficialmente ?AOL? do nome”, copyright MMonline (www.mmonline.com.br), 16/10/03

“Projeto de mudança não incluiu a divulgação por campanhas publicitárias

O maior grupo de comunicação do mundo assumiu hoje sua nova identidade, um processo iniciado no mês passado e que envolveu três principais mudanças: a troca do nome corporativo AOL Time Warner Inc. pelo antigo Time Warner Inc.; um novo logo divulgado hoje por Advertising Age; a substituição do símbolo ?AOL? na Bolsa de Valores de Nova York pelo ?TWX? usado antes da fusão com a America Online, em 2001; e a alteração do domínio ?aoltimewarner.com? para ?timewarner.com?. Além disso, o novo QG do grupo em Manhattan, para o qual as operações serão gradativamente transferidas a partir do final do ano, será chamado Time Warner Center.

As medidas, aprovadas pelo board do grupo em 18 de setembro, visam criar maior independência entre as operações de Internet e as inúmeras propriedades de mídia tradicional, que incluem CNN, HBO, Time magazine e Warner Bros.

A responsável pela execução do projeto foi a consultoria de marcas Lippincott Mercer, em contrato avaliado em US$ 300 mil que não prevê campanhas de divulgação das mudanças.”