Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Antes da guerra, uma coletiva

THE WASHINGTON POST

"Imploro para que desafie a equipe editorial a questionar a indisposição do presidente em participar de coletivas de imprensa, especialmente agora que nossa nação está sendo conduzida para a guerra. Acho surpreendente que tão poucos repórteres e colunistas tenham chamado a atenção do público para a recusa da administração em encarar a imprensa, pois, francamente, esta esquiva de prestar contas é perturbadora e nefasta." Esta mensagem, recebida recentemente de um leitor, é o tema da coluna de 2/2/03 do ombudsman do Washington Post, Michael Getler.

De fato, aponta o ombudsman, falta que o presidente George W. Bush, que vem apresentando argumentos para que os Estados Unidos invadam o Iraque, se submeta a uma coletiva de imprensa antes de ser lançada a primeira bomba. Notadamente ele está evitando os jornalistas, atendendo, no máximo, pequenos grupos durante poucos minutos. Sua última coletiva foi em 7/11/02. Representantes do governo, como o secretário de Estado Colin Powell e o secretário de Defesa Donald Rumsfeld, têm dado muitas entrevistas e ido bastante a programas de TV, mas eles não são líderes eleitos pelo povo.

Utilizando dados de uma pesquisa de Martha Joynt Kumar, da Towson University, Getler mostra que, se Bush se esconde da imprensa, outros presidentes também já o fizeram. As 39 coletivas realizadas pelo atual líiacute;der nos dois primeiros anos de governo são poucas se comparadas com as 84 realizadas por Bill Clinton em período equivalente. Vale destacar, porém, que ele está à frente de Richard Nixon e quase empatado com Jimmy Carter. Outro aspecto importante a ser notado é que não basta que se realize uma coletiva, é necessário que os jornalistas formulem bem as questões, pois a Casa Branca utiliza estratégias para não responder o que não lhe convém. "As perguntas em si são partes importantes da informação", conclui Getler.