Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Antônio Ermírio de Moraes


FOLHA
, 80 ANOS

"80 anos em prol da democracia", copyright Folha de S. Paulo, 18/02/01

"John Stuart Mill, em 1859, sonhava com o dia em que a imprensa livre pudesse se tornar a grande arma para combater os governos corruptos e tirânicos. Em 1900, o seu sonho ainda não havia sido realizado.

Na verdade, a liberdade de imprensa é uma conquista relativamente nova. Uma pesquisa recente, que classificou a imprensa como livre, parcialmente livre e amarrada, registrou só 68 nações no primeiro grupo, 52 no segundo e 66 no terceiro. Apenas 1,2 bilhão de pessoas vivem no mundo da imprensa livre; 2,4 bilhões conhecem a imprensa parcialmente livre; e mais de 2,5 bilhões não têm a menor idéia do que seja a liberdade de expressão (Leonard R. Sussman, ‘The News of the Century’, 1999).

O Brasil, felizmente, está no primeiro grupo. Mas os brasileiros, especialmente os mais jovens, acham que a liberdade que temos veio como dádiva de governantes generosos e compreensíveis.

Nada disso. A conquista da liberdade de imprensa constitui um dos capítulos mais árduos na nossa história. Ao longo do século 20, o país viveu mais anos de autoritarismo do que de democracia. A travessia de um regime para outro foi realizada a duras penas e grandemente baseada no denodo de jornalistas corajosos, deliberados e profundamente comprometidos com a causa democrática. A liberdade é como a saúde: só a valorizamos quando a perdemos.

Um jornal como a Folha de S.Paulo, que completa 80 anos, sentiu na pele o que era viver subjugado e, sem se acomodar, lutou com todas as suas forças para libertar o povo da mordaça da censura, da intervenção e do arbítrio. Na verdade, essa luta tem raízes profundas. Já no ano de sua fundação (1921), a então ‘Folha da Noite’ lançou a campanha pelo voto secreto; em 1931, foram as longas campanhas pela saúde pública; em 1945, foi desfraldada a bandeira pela cédula única; durante toda a década de 70, foi a luta pela redemocratização; em meados dos anos 80, foi a liderança da Folha de S.Paulo na importante campanha pelas Diretas-Já; em 1993, foi o esclarecimento do povo a respeito do plebiscito, parlamentarismo ou presidencialismo. E daí para a frente a luta constante pela moralidade pública.

Hoje nos queixamos da corrupção que ainda impera no país. Mas é a imprensa livre que nos faz saber disso. Lamentamos as negociatas que são feitas no mundo da política. Mas é a imprensa livre que permite julgar os negociantes para negarmos o nosso voto. Odiamos quando se usurpam os direitos dos consumidores, trabalhadores, produtores e cidadãos em geral. Mas é a imprensa livre que orienta a população em relação aos usurpadores.

Podemos discordar da maneira pela qual esse ou aquele veículo se comporta. Mas ninguém subestima o valor da liberdade que prospera em nossa imprensa. Os abusos existem, é verdade, mas são para ser discutidos. A moderação é necessária, mas é para ser apreendida. A temperança é útil, mas só surge com o tempo. É essa figura equilibrada de Octavio Frias de Oliveira, cuja vida podia ser de aposentado, que reúne em uma só pessoa a moderação e a temperança que tanto contribuem para conter os abusos e manter a imprensa livre. Um grande exemplo para todo o Brasil. (Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna)"

"Folha lança novo ‘Manual da Redação’", copyright Folha de S. Paulo, 18/02/01

"A Folha, 80, refez e ampliou seu ‘Manual da Redação’. A nova edição da obra, referência para o jornalismo brasileiro, tem 392 páginas, inteiramente coloridas, e contém uma série de novidades em relação ao manual anterior (veja quadros nesta página).

A versão 2001 é a quarta desde o início do projeto editorial da Folha; as anteriores datam de 1984, 1987 e 1992. Seu sucesso dentro e fora do meio jornalístico fez com que o novo manual fosse escrito tendo em mira dois públicos-alvos: profissionais e leitores.

Para Carlos Eduardo Lins da Silva, 48, diretor-adjunto de Redação do jornal ‘Valor’ e coordenador da comissão que redigiu o novo manual, o aprofundamento do ‘caráter enciclopédico’ é um traço marcante da edição -por exemplo, na parte dos anexos, que abrange vários assuntos, de gramática a termos médicos, jurídicos e do noticiário econômico.

‘A preocupação em atender ao público externo não existia na primeira nem na segunda versão. Como a segunda, de 1987, atraiu muito o interesse dos leitores, a terceira e a quarta já foram feitas pensando bastante neles’, afirma.

Ana Astiz, 34, diretora da Publifolha -editora responsável pelo lançamento do livro-, também aposta na utilidade do manual para o público leitor: ‘Hoje, a Internet e os e-mails voltaram a popularizar a escrita. Escrever bem e com precisão é ainda mais importante do que era há cinco anos’.

As mudanças no projeto

Lins da Silva, que participou da elaboração das três edições anteriores, aponta as diferenças entre elas: ‘A primeira, de 1984, era mais doutrinária, por ter sido lançada com o novo projeto. A segunda tinha como objetivo ser mais prática, e a terceira reforçava esse caráter de consulta’.

Para o jornalista, a nova versão, embora prática, recupera algo do tom doutrinário das primeiras edições. ‘Mas de uma forma mais suave. O próprio projeto tornou-se mais suave’, avalia, referindo-se à última versão do Projeto Folha, divulgada em 1997 e reproduzida na abertura do manual.

Lins da Silva acredita que a versão 2001 -cujo principal objetivo foi traduzir esse novo projeto para o cotidiano dos jornalistas- não provocará tantas discussões quanto as anteriores. ‘As idéias do Projeto Folha já foram assimiladas; hoje, elas são menos controvertidas do que nos anos 80.’ (Livro: ‘Manual da Redação’, Editora: Publifolha, Quanto: R$ 29,90 (392 págs.), Onde encontrar: em livrarias de todo o país, pelo televendas (0800-140090) ou pelo site da Publifolha (www.publifolha.com.br))"

"Nova versão reafirma princípios do jornal", copyright Folha de S. Paulo, 18/02/01

"Os trabalhos da comissão designada pela Direção de Redação da Folha para fazer o novo manual começaram em março de 1998.

Comandada por Carlos Eduardo Lins da Silva -na época, correspondente da Folha em Washington (EUA)-, a comissão foi composta pelos jornalistas Alcino Leite Neto, Ana Estela de Sousa Pinto, Armando Antenore, Edney Cielici Dias, Lucia Reggiani, Luiz Caversan e Rogério Ortega.

No início, definiram-se as linhas gerais de reformulação da obra. Foram mantidas as diretrizes do projeto editorial da Folha: produzir um jornalismo crítico, moderno, pluralista e apartidário. Dividiu-se o manual em quatro capítulos e 12 anexos. A comissão debateu, em várias reuniões, todas as mudanças propostas; algumas delas foram levadas a votação.

Todo o manual foi submetido à aprovação de um colegiado composto pelo diretor de Redação da Folha, Otavio Frias Filho, e pelos então secretários de Redação do jornal, Eleonora de Lucena (hoje editora-executiva) e Josias de Souza (hoje diretor da Sucursal de Brasília). Textos, mapas, tabelas e gráficos foram revisados, em diferentes etapas, pelo Programa de Qualidade, pelo Controle de Erros da Folha e pela Publifolha.

Para auxiliar na elaboração dos anexos, bastante ampliados na versão 2001, o jornal convidou 21 especialistas de diversas áreas. O manual traz textos escritos pelo professor de português Pasquale Cipro Neto, pelos advogados Luís Francisco Carvalho Filho e Walter Ceneviva, pelos médicos Julio Abramczyk e Jairo Bouer, pelo geógrafo Demétrio Magnoli e pelo jornalista Paulo Daniel Farah.

Os anexos foram revisados por David Uip, médico; Eduardo Giannetti e Gilson Schwartz, economistas; Ives Gandra da Silva Martins e René Ariel Dotti, advogados; Celso Pinto, jornalista; Antônio Flávio Pierucci, sociólogo; Pierre Sanchis, antropólogo; Roberto Romano, filósofo; José Dutra Vieira Sobrinho, matemático; Francisco Savioli e Thaís Nicoleti, professores de português; Dalton de Andrade e Julio Singer, professores do Instituto de Matemática e Estatística da USP."

"Jornalistas avaliam relevância de manuais", copyright Folha de S. Paulo, 18/02/01

"A atividade jornalística envolve, ao mesmo tempo, precisão e criatividade: exige-se que os textos sejam tão exatos quanto bem escritos. O próprio jornal precisa conciliar dois objetivos que soam antinômicos, diversidade e unidade.

Essa ambivalência torna mais difícil a elaboração de manuais. Até que ponto a fixação de regras de conduta e a definição de padrões, ambas indispensáveis, inibem a criatividade do jornalista?

O diretor de Redação do jornal ‘O Estado de S.Paulo’, Sandro Vaia, defende os manuais como balizadores do trabalho jornalístico, desde que não se tornem camisas-de-força -opinião compartilhada por Graça Caldas, coordenadora do curso de jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo. Vaia acredita que o ‘culto fundamentalista’ aos manuais pode produzir ‘o efeito perverso de engessar o texto e transformá-lo numa entediante ata’.

Jair Borin, chefe do Departamento de Jornalismo da Escola de Comunicações e Artes da USP, vê os manuais como fundamentais para conduzir o fazer jornalístico. Já Sandra de Deus, chefe do Departamento de Comunicação da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, diz que eles surgiram para ‘engessar’ a atividade do jornalista, mas ressalva que, hoje, são uma referência para consulta permanente.

Pioneirismo da Folha

O caráter pioneiro do manual da Folha é assinalado por Eduardo Refkalefsky, coordenador do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro: ‘Foi o primeiro a mostrar explicitamente normas e procedimentos. No Brasil, achava-se que o jornalista deveria trabalhar artesanalmente, dependendo do voluntarismo e da iniciativa individual. A Folha rompeu com esse paradigma em escala industrial’.

Para Borin, os procedimentos fixados em sucessivas edições do manual melhoraram a produção da Folha. Erasmo de Freitas Nuzzi, diretor da faculdade Cásper Líbero, vê no manual do jornal ‘um instrumento da mais alta eficiência’ para a padronização de estilo."

"Gosto e não gosto na Folha", copyright Folha de S. Paulo, 18/02/01

"Mário Covas, governador licenciado de São Paulo (PSDB) – O que mais gosto na Folha é o jornalismo independente. O que menos gosto na Folha é o fato de agir como um partido político, ditando rumos para o país.

Márcio Thomaz Bastos, advogado- A Folha é o jornal que leio primeiro e por inteiro, dos quatro que recebo diariamente. Na maior parte das questões, o jornal e eu estamos do mesmo lado; em alguns momentos (campanha das Diretas-Já, impeachment de Collor etc.) esta identidade foi total. Acostumei-me tanto a essa concordância que me parece estranho quando tenho uma opinião e a Folha outra.

D. Luciano Mendes de Almeida, arcebispo de Mariana (MG) e ex-presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) – Entre os pontos que mais aprecio na Folha, cito a adequada distribuição das matérias em cadernos e seções, que facilitam localizar, com rapidez, os assuntos. Lembro ainda a seção de debates, apresentando posições diferentes e às vezes contrárias, que suscitam a reflexão e o discernimento do leitor. A Folha, mesmo respeitando a liberdade de expressão, precisa manter a constância do nível ético nas respostas e conselhos, especialmente aos jovens.

Sergio Bianchi, cineasta, diretor de ‘Cronicamente Inviável’ – Leio os dois jornais, ‘Estadão’ e Folha, todos os dias. Na Folha, gosto do Simão, das colunas da página 2 e da parte cultural, que acho bastante diversificada. Não gosto, na Folha, do que acho que é uma espécie de modernidade meio boba. Também não gosto da coluna do Jabor e não leio o caderno Mais!, que acho pesado, carregado.

Marta Suplicy, prefeita de São Paulo (PT) – Gosto, na Folha, das colunas de opinião, especialmente Clóvis Rossi, Eliane Cantanhêde e Carlos Heitor Cony. Gosto do Janio de Freitas e do Elio Gaspari e adoro José Simão. Não gosto da tentativa permanente de provar a sua imparcialidade, mesmo que isso signifique distorcer algumas situações, principalmente nas manchetes.

José Mindlin, bibliófilo e empresário – Acompanho a trajetória da Folha praticamente desde os anos 30 –e sempre tive bons amigos no jornal. Bem sei que não foi um percurso tranquilo. A Folha, ao comemorar 80 anos, faz parte de nossa história.

Celso Lafer, ministro das Relações Exteriores- Gosto da vivacidade da cobertura da Folha, e gosto de ler as colunas dos articulistas que saem na Ilustrada. Às vezes, sinto falta de uma cobertura mais aprofundada e mais detalhada na reportagem comum e em algumas matérias de interesse.

Renato Mezan, psicanalista, professor titular da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e autor de ‘Freud – Pensador da Cultura’ – Gosto da independência, da seriedade do jornal, e creio que a Folha, em geral, apóia as causas certas, ou pelo menos as que eu considero assim. Não gosto de uma certa estridência, de seus exageros, estampados em manchetes que dizem: mercado despenca, dólar explode, chuchu estoura. Há um certo tom sensacionalista que frequentemente o jornal adota para notícias que poderiam ser dadas com menos pânico. E frequentemente não gosto da cobertura cultural da Ilustrada, que considero pouco técnica e muito ‘achista’.

Pelé, jogador de futebol – Sempre admirei a Folha, onde tive a oportunidade de almoçar, certa vez (ainda como jogador do Santos FC), com os sócios sr. Frias e sr. Caldeira (já falecido), o último, santista, era filho de Urbano Caldeira, que deu o nome ao estádio, cujo terreno até hoje pertence à familiar dele, pois o Santos FC tem apenas o comodato. Só tenho elogios, pois foi um jornal que sempre se preocupou com a verdade dos fatos, elogiando ou criticando na medida certa, especialmente ao longo de minha carreira de jogador de futebol. Desejo muitos anos de vida ao jornal, aos seu diretores e funcionários como também aos seus milhares de leitores.

Gabriel Cohn, professor de ciência política da USP – Há duas coisas que me agradam na Folha: a boa qualidade dos seus articulistas e colunistas e a abertura para o debate. As coisas que me desagradam na Folha também são duas: a tendência a reduzir o noticiário a uma coleção de fofocas e a maneira perversa como o jornal estimula o estrelismo entre os profissionais.

Augusto de Campos, poeta e tradutor – O que mais me agrada na Folha é que ela admite o contraditório, pontos de vista diferentes, prática que outros jornais importantes, mas menos democráticos, quando adotam, o fazem com relutância e de forma incorreta ou insatisfatória, não aceitando ser contestados. O que menos me agrada é certa crítica ligeira de produtos culturais que busca afirmar-se maltratando artistas consumados ou que se iniciam. Este, porém, é um mal do jornalismo brasileiro em geral, que prefere o sensacionalismo à sensibilidade.

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente de honra do PT – Entre os jornais que leio diariamente está a Folha. Gosto de vários dos colunistas e da seção ‘Tendências/Debates’. Não gosto do caderno Esporte, que considero fraco. Grande parte das reportagens também deixam a desejar. E sou totalmente contra a editorialização de reportagens, o que algumas vezes ocorre.

Antunes Filho, diretor de teatro – Apesar dos 80 anos no lombo, a Folha continua jovem, moleque, provocadora e atrevida. A favor ou contra, obriga-nos a remover e a reavaliar a nossa posição cultural – e isso é absolutamente fundamental, seja qual for o processo.

Washington Olivetto, publicitário, presidente da W/Brasil – Tenho menos isenção para falar da Folha do que a própria Folha. A W/Brasil é a agência do jornal desde 1987. Orgulho-me desse trabalho, eleito no ano passado, em Nova Orleans, nos EUA, na reunião do Inma (International Newspapers Marketing Association), como o melhor ‘case’ de comunicação publicitária de um jornal em todo o mundo nas duas últimas décadas. Gosto da Folha quando ela investiga. Não gosto da Folha quando, na obsessão de noticiar o inédito, acaba noticiando o irrelevante.

Modesto Carone, escritor e tradutor – A Folha tem cumprido o seu papel jornalístico de informar e opinar em vários níveis e de ângulos às vezes conflitantes, mas que servem de veículo à discussão de temas importantes. Não é sempre que eu, colaborador há anos do Mais!, do Jornal de Resenhas e da Ilustrada, concordo com as opiniões ou com o formato das informações, mas a verdade é que não deixo de ver a Folha todas as manhãs.

Edemar Cid Ferreira, banqueiro e presidente da Associação Brasil +500 – A Folha tem, entre seus muitos méritos, o fato de nunca deixar de ser instigante e provocativa. Destaco, nesse sentido, os seus editoriais e os textos da maioria de seus articulistas. Sinto, porém, falta de maior ênfase nas informações sobre novas tecnologias e desenvolvimento científico em geral.

Cacá Diegues, cineasta, diretor de ‘Bye Bye Brasil’ – A principal qualidade da Folha é a ausência de tabu. Não existe assunto intocável nem idéia impensável. O ruim da Folha é achar que o bom jornalismo é só o do contra e o da má notícia. O denuncismo é a doença infantil da imprensa democrática.

Lobão, músico – Gosto da Folha porque ela sempre tem um contraponto em relação às notícias dos outros jornais. Tem um ponto de vista muito próprio, personalidade. O problema é que, às vezes, tem personalidade demais.

Orestes Quércia, ex-governador de São Paulo – Gosto da Folha, leio todos os dias e até sinto falta quando não posso ler. É dinâmica, procura sempre se atualizar. Pessoalmente, tenho queixas, pelo fato de eu ser um político. Quando fui governador de São Paulo, a Folha publicou coisas que acho que foram um exagero… Mesmo como leitor comum, tenho restrições quanto à cobertura política. Mas esse não é um problema só da Folha. Outros jornais também exageram: fazem, às vezes, uma campanha contra uma determinada pessoa. Acho que a direção do jornal, às vezes, deixa que um jornalista faça uma campanha contra uma determinada pessoa. Mas apesar de tudo isso, acho que essa é a lei da vida.

Leyla Perrone-Moisés, crítica literária – O que gosto é o fato de ser um jornal com opiniões plurais e também com uma certa agilidade de informação. Mas há pouca informação internacional, e ela geralmente é centrada em fatos espetaculares. Não há informações mais detalhadas, muito menos de reflexão. Por isso gosto do Jornal de Resenhas e do Mais!. E por isso não gosto da Ilustrada. Parece-me muito ligeira. Ou seja, dá espaço muito pequeno para livros, exposições, concertos e teatro. Ressalto que não sou contra o jornal dedicar espaço a outros assuntos, mas há uma hipertrofia dos temas rock e moda, com prejuízo de outras manifestações culturais, seja da cultura mais elevada, seja da cultura de massa.

Paulo Maluf, ex-prefeito e ex-governador de São Paulo – O sucesso da Folha é a comprovação de que querer é poder. De um jornal sem credibilidade e com situação financeira discutível no início da década de 60, Octavio Frias de Oliveira e Carlos Caldeira Filho começaram a construir dia após dia, tijolo em cima de tijolo, um jornal imparcial que dá orgulho à imprensa brasileira.

Gerald Thomas, diretor de teatro – O melhor na Folha é o fato de que ela cria tendências, não espera o fato cultural acontecer. O que eu não gosto é o fato de que essas tendências estão cada vez mais medíocres, fracas e comerciais, por uma resolução editorial. Mas ainda é o melhor jornal do país. Particularmente, acho que está entre os melhores jornais do mundo. Percebo que tem um respeito pela notícia, pelo entrevistado, um ‘Manual da Redação’ genial e uma infra-estrutura muito boa, sobretudo no que diz respeito a uma preocupação em educar as pessoas que ali trabalham.’"

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