Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Apelo do sr. prefeito

CIDADE

O prefeito de Nova York Rudolph Giuliani pediu à mídia noticiosa que seja mais cuidadosa ao noticiar as operações de resgate nos escombros do WTC, dizendo que informações erradas estão levantando falsas esperanças e comprometendo a segurança dos trabalhadores no local. "Algumas informações podem ser perigosas e emocionalmente nocivas", disse o prefeito.

Conta David Bauder [The Associated Press, 14/9/01] que Giuliani citou falsas reportagens de um sobrevivente em potencial que entrou em contato com as pessoas por telefone celular e de 10 ou 15 sobreviventes que ficaram presos vivas num andar. Muitos veículos também noticiaram erroneamente que cinco bombeiros que estavam presos nos escombros desde o dia 11 foram resgatados.

Falsas informações, disse Giuliani, podem não só brincar com as emoções de pessoas à procura de parentes e amigos como também lançar a equipe de resgate a buscas perigosas e infrutíferas. O prefeito pediu que a mídia só reporte detalhes quando confirmados pelo FBI.

Respondendo ao pedido de Giuliani, a âncora da CNN Paula Zahn observou que tem sido difícil obter informações precisas sobre o local de resgate. "Estamos todos tentando seguir esse conselho", disse. "Infelizmente, todo mundo está recebendo informações conflitantes."

Até Giuliani anunciar, na quinta-feira, 13, que 4.763 pessoas estavam desaparecidas no WTC, as emissoras em geral foram cuidadosas, evitando adivinhar o número de vítimas. Houve uma exceção: uma emissora [ a CNN] informou que 800 pessoas morreram no Pentágono; o número estimado é de 190.

 

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Dados preliminares afirmam que cerca de 40 milhões de casas estavam com suas TVs ligadas nas quatro principais emissoras dos EUA no horário nobre (das 20h às 23h), no dia 11 de setembro. Outros 12 milhões de aparelhos estavam sintonizados em canais noticiosos a cabo. Um aumento de 75% sobre a terça-feira anterior, segundo Tom Bierbaum [Inside, 12/9/01].

Entre as TVs a cabo, a CNN teve seu maior índice de audiência desde a Guerra do Golfo, em 1991. O Fox News Channel atingiu sua audiência recorde no total do dia e no horário nobre. Com a Nielsen Media Research fechada em Nova York na quarta-feira, os principais índices de audiência saem esporadicamente. Estima-se que o total de televisores ligados seja superior a 40 milhões porque outras emissoras e serviços a cabo transmitiram as informações de alguma das principais emissoras.

Se a audiência astronômica foi um gol para as emissoras, elas nada ganharam com isso. Pelo contrário: perderam centenas de milhões de dólares por deixarem de exibir comerciais durante a cobertura dos ataques. Apesar de dizerem que não se arrependem da decisão, citando sua responsabilidade de manter o público informado, as companhias midiáticas podem vir a enfrentar recessão ainda maior no mercado publicitário.

Jack Myers, economista-chefe da agência de pesquisa Myers Reports, estima que as seis emissoras de TV aberta (CBS, NBC, ABC, Fox, WB e UPN) e os canais noticiosos a cabo devem perder, juntos, US$ 40 milhões por dia ao retirarem os anúncios. Disse que esse é "o pior tombo publicitário da história" americana, "uma bofetada devastadora na economia midiática."

De acordo com reportagem de Derek Caney [Reuters, 13/9/01], a ABC planejava manter a cobertura sem comerciais até a noite de sexta-feira, como também a NBC. Fox e CBS ainda não decidiram a agenda. CNN, CNBC, Fox News e MSNBC planejam continuar com programação direta indefinidamente.

Um profissional da mídia disse que anunciantes que já pagaram pelo tempo de transmissão podem até abrir mão do reembolso que costumam exigir, se em troca puderem pôr seus anúncios gratuitamente no ar. Segundo Donna Salvatore, executiva-chefe da MediaVest USA, "uma das razões pelas quais as emissoras mantiveram programação contínua é evitar que anunciantes passem a imagem de estar patrocinando a crise". Com a situação delicada no cenário nacional, analistas dizem que anunciantes devem ser cuidadosos quanto a campanhas que lançam e seus contextos.

    
    
                     
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