Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Apertem os cintos, as matérias de Veja sumiram!

Na edição de Veja, com data de 16 de julho, o índice anota que na pág. 106 há uma matéria vinculada à retranca aviação, intitulada “As melhores e piores companhias”. Na carta ao leitor, mostrando o esforço de reportagem, há a informação de que Veja fez um levantamento das melhores e piores companhias aéreas.

A carta ao leitor indica também que um repórter ficou até as quatro horas da madrugada acompanhando a festa de um grupo de passageiros “sobreviventes”. Foram publicados pífios quadrinhos, sem nenhuma novidade em relação ao que os jornais diários já haviam publicado.

Onde estão estas matérias? Algum fenômeno inexplicável fez as matérias desaparecerem da edição.

Aliás, a matéria sobre o acidente não faz referência ao vôo 402, muito menos aos problemas com suas “viúvas”. A revista também não registra o fato da ATA ter condenado a companhia, embora de fato os critérios desta entidade sejam questionáveis. Mas bom jornalismo não foge da notícia. E Veja é especialista em questionar fatos. Neste caso, anote-se, os jornais diários foram por caminhos diferentes: houve quem dissesse que o chefão da ATA jamais voaria numa companhia reprovada; outros, que ele mesmo dissera que o relatório era mera referência.

A reportagem de Veja sobre o acidente (o publicado) parece ter sido a mais completa, a mais informativa e a que explica com mais clareza o que se sabia até então sobre o acidente.

Apesar de Veja parecer trabalhar com a hipótese mais plausível, há fortes indícios de que se agregou, neste caso o elemento sorte. Desta vez, a prática – antijornalística – de primeiro formular uma explicação (e neste caso, escolher o “lado” da TAM) para o fato e depois buscar os argumentos que justificam a explicação, auxiliou a boa cobertura do que foi publicado.

Em outras palavras, a reportagem de Veja saiu boa porque circunstancialmente ela estava do “lado certo”. Estivesse disposta a bater na TAM…

Veja afirma que teve acesso à aeronave acidentada na sexta-feira. Outros veículos tiveram ou não este mesmo acesso? Por quê?

Mande-nos seu comentário.