Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Assassinos de jornalista

MÉXICO

A Justiça mexicana declarou culpados dois índios da tribo huichol acusados de matar o jornalista americano Philip True, do San Antonio Express-News, em 1998. Juan Chivarra de la Cruz e seu cunhado Miguel Hernández de la Cruz haviam confessado e depois negado a autoria do crime. Agora estão em liberdade aguardando a decisão do tribunal sobre apelo final que seus advogados fizeram contra a condenação, que resultaria em 13 anos de prisão. Eles já haviam sido condenados em 2001, mas, em seguida, inocentados. No processo, o americano chegou a ser descrito no tribunal como um gringo bêbado que caiu de um penhasco.

Tim Weiner, do New York Times [1/6/02], conta que True foi sozinho ao remoto território dos huichol, no Sudoeste da Sierra Madre, e apareceu morto. Chivarra foi preso com mochila, câmera e computador pessoal do repórter. As últimas anotações do americano revelam que ele havia sido ameaçado de prisão por um indígena chamado Juan, por tirar fotografias.

Os 23 mil huichol que vivem na área na qual o repórter ingressou sem permissão dos locais têm uma cultura conhecida pelo artesanato e pelos cultos religiosos que empregam o cacto peyote, de propriedades alucinógenas. Durante séculos, estes índios se mantiveram distantes da cultura européia, mas hoje têm sérios problemas com invasores como traficantes de drogas, soldados, rancheiros e turistas.

PRIMEIRA EMENDA

The Mountain Citizen, pequeno semanário da cidade carvoeira de Inez, no estado americano de Kentucky, teve seu nome expropriado por um inimigo político. Há 16 meses, o jornal, que tem circulação de 6 mil exemplares, vinha denunciando que a empresa Martin County Water fornece água de má qualidade aos moradores, com o resultado de testes feitos pelo governo e fotos coloridas de um líquido cor de cerveja saindo das torneiras.

O advogado John Tripplett, presidente da Martin County, que tem escrit&oacuoacute;rio em frente à redação do Citizen, percebeu que o jornal, ocupado em atacar a companhia de água, esqueceu de renovar sua licença de nome no governo. Então, como conta Francis Clines [The New York Times, 29/5/02], registrou o título em seu nome. Depois, ajudou um sócio a comprar um título de penhora do semanário, no valor de US$ 11.700, e imediatamente recorreu ao xerife local para tomar posse dos bens do jornal. O nome foi legalmente passado a Tripplett, que suspendeu as atividades do veículo no dia 28/5.

O editor Gary Ball imprimiu o jornal em vilarejo vizinho, mesmo com gasto extra. Já pagou o atrasado da penhora e pôde reaver seus bens. "Há um círculo político querendo nos calar. Mas isso não vai acontecer. Queremos água limpa", esbraveja o jornalista. Ele diz que Tripplet é figurão do grupo republicano que governa o condado. Eles teriam ficado insatisfeitos com denúncias contra um de seus associados. Tripplet acusa o jornal de publicar informações falsas. As reportagens sobre a água seriam incorretas e tendenciosas.

O Citizen entrou com ação na Suprema Corte para garantir o uso do nome, alegando que a jogada de Tripplet fere a Primeira Emenda (que garante liberdade de expressão).