Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Assimina Vlahou

"Árabes driblam censura com portais de internet", copyright Valor Econômico/Cox News, 02/10/00

"Os árabes correm o sério risco de se meter em encrenca caso resolvam criticar seus líderes publicamente em muitas capitais do Oriente Médio. Mas agora eles encontraram uma maneira de cometer essa ‘ilegalidade’: acessar a internet e participar do ‘Ridicularizem o Governo’.

Essa é uma das possibilidades oferecidas pelo portal Al-Bawaba, que lembra em muito o americano Yahoo!.

Os internautas do Al-Bawaba (‘portão’, em árabe) podem ainda entrar nas salas de bate-papo para discutir assuntos tabus na sociedade árabe. Ali, uma usuária contestou recentemente: ‘por que os homens árabes podem ter relações sexuais antes do casamento e as mulheres não?’

Ainda incipiente, o portal veio engrossar o clube dos pioneiros Arabia.com e do Planet Arabia, voltado ao público jovem.

Juntos, contribuem para a liberdade de expressão numa região onde dissidentes políticos e religiosos acabam na cadeia. ‘É uma válvula de escape poder dizer na internet o que não podemos publicamente’, diz o palestino Daoud Kuttab, da Universidade Al-Quds, em Jerusalém.

Os novos provedores, no entanto, estão arriscando-se em um setor considerado volátil até mesmo nos EUA. No Oriente Médio, os computadores ainda não chegaram às massas. Para isso, é preciso uma combinação de tecnologia, planejamento estratégico e impulso empreendedor.

O escritório editorial do Al- Bawaba, por exemplo, situa-se no moderno prédio da corretora Merrill Lynch, na capital jordaniana, Amã. Mas a empresa está registrada em Delaware e seus diretores trabalham em Nova York – o que dá à companhia condição de driblar as tentativas de controle do seu conteúdo.

Além da satírica página contra o governo, o Al-Bawaba pretende publicar literatura e artigos banidos em outros países. Os executivos dos websites dizem que os governos começam a perceber que a internet é um veículo duro de controlar, e os ‘hackers’ aprendem a burlar o cerco.

‘Não seremos nós que mudaremos, mas sim a maneira como as autoridades vêem as coisas’, diz o editor do Arabia.com.

Os computadores domésticos ainda são caros para a maioria dos árabes, mas os cibercafés pululam na Jordânia, Egito e Líbano. E o mercado é promissor: a expectativa é de 12 milhões de novos internautas– o número atual é de 33 milhões – na região nos próximos dois anos.

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