Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Atentados a nossa liberdade

TRIPÉ SATÂNICO

Eraldo Bernardo Marques (*)

A praga censória denunciada por João Ubaldo não é o único tormento a que os provedores nos submetem. Há outros atentados contra nossa liberdade. Tenho notado que os servidores dos provedores ligados às companhias telefônicas gerenciam o tempo de latência das conexões comuns (dial-up) de forma a levar o usuário a consumir um maior número de impulsos telefônicos. Normalmente, o usuário comum é levado a pensar que a sua conexão dial-up é irremediavelmente lenta, e que não há nada a se fazer quanto a isso.

Mas minha constatação é de que há muita largura de banda nas linhas telefônicas, e que essa largura de banda está sendo sonegada aos usuários de acesso discado por meio da manipulação das conexões. Essa manipulação se dá pelo gerenciamento dos requests do programa cliente, o browser do usuário (para simplificar, entenda-se que cada clique no mouse durante a navegação pela internet através de um browser é um request). Pois bem, noto que os requests são colocados em fila e são processados a conta-gotas.

Tudo muito suspeito

Posso afirmar isso porque testei a conexão de duas maneiras:

1. Através do uso de objetos do tipo XMLsocket. Uma conexão socket permite um fluxo contínuo de informação entre um cliente e o servidor. Ela é usada em tarefas que exigem baixa latência. Ela força o servidor a permanecer recebendo o fluxo de informação de um programa cliente. Notei que durante minhas conexões socket o fluxo de dados se apresentou sempre contínuo, como seria de se esperar se largura de banda da rede física fosse adequada.

2. Através de conexões FTP. Durante a transmissão de pacotes FTP o fluxo não se altera, mantendo-se estável, com baixa latência. Isso também indica largura de banda adequada.

Portanto, devo concluir que as companhias telefônicas, através de seus provedores de acesso, usam de um expediente desleal para auferir lucros forçando uma maior latência nas conexões HTTP, obrigando o usuário a gastar mais com sua conta telefônica. Ao mesmo tempo mantêm sua estrutura de marketing freneticamente oferecendo serviços ADSL a custos inacessíveis à grande maioria dos usuários.

Tudo é muito suspeito e é necessário que os usuários sejam alertados. As telefônicas estão remando contra a inclusão digital.

(*) Programador, Bauru (SP)

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