Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

BBC confirma veto a free-lancers

REINO UNIDO

A BBC confirmou no dia 16/12 que vetará a participação de seus jornalistas e apresentadores, como Andrew Marr, Johns Humphrys e John Simpson, em outras publicações. A iniciativa abala fortemente o orçamento dos jornalistas envolvidos, mas a corporação disse que não abrirá exceções.

Apresentadores e correspondentes afetados pela nova norma receberam uma carta datada de 12/12 de Richard Sambrook, chefe de notícias, informando a decisão. "Imparcialidade é um elemento essencial à reputação da BBC e a nosso jornalismo. Quando nossos jornalistas escrevem em jornais, isso é visto como uma extensão de seu trabalho para a BBC ? mesmo se as colunas ou artigos de jornais sobre um tema polêmico exija que se expressem opiniões muitas vezes incompatíveis com a imparcialidade da BBC", disse Sambrook.

Segundo reportagem de Jason Deans [The Guardian, 16/12/03], a BBC negou veementemente que compensará sua equipe pelas perdas financeiras, mas sabe-se que o diretor-geral Greg Dyke revisará os salários se estes ficarem abaixo do padrão do mercado. Além disso, jornalistas da BBC ainda poderão escrever sobre programas da própria corporação como parte normal dos deveres promocionais, e artigos não-contenciosos ? apesar de que, mesmo estes, deverão passar pelo crivo de um administrador sênior da BBC.

A mudança faz parte de um amplo arrocho nas normas de conduta da BBC, cuja reputação foi fortemente abalada após receber críticas a sua cobertura da guerra no Iraque. O repórter Andrew Gilligan, do programa Today, alegara que, a partir de uma "fonte confiável da inteligência", soubera que o diretor de comunicações do premiê Tony Blair havia exagerado no conteúdo de um dossiê sobre armas de destruição em massa no Iraque. A alegação causou furor no governo e a fonte em questão, o cientista David Kelly, pressionado, aparentemente suicidou-se. Daí fora instalado o Inquérito Hutton, para determinar erros e acertos da conduta da BBC.

À época do escândalo, Gilligan escrevera um artigo ao Mail on Sunday sobre o assunto. Ele citava o diretor de comunicações Alastair Campbell como o autor das deturpações no dossiê ? o que não havia dito em seu programa na BBC, transmitido dias antes.

Agora, a BBC quer promover mudanças como forma de combater preventivamente as críticas que surgirão com a publicação do inquérito, em janeiro de 2004.

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