Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Bernardo Ajzenberg

CRÍTICA DIÁRIA

"Crítica Interna", copyright Folha Online

25/09/2001 – Com exceção do ?JB? (?Brasil paga caro por atentados?), os principais jornais abriram hoje com a ofensiva ?financeira? dos EUA. Folha: ?Bush bloqueia bens de 27 suspeitos?; ?Estado?: ?Bush começa a bloquear dinheiro do terror?; ?Globo?: ?Bush congela bens do terror e ameaça bancos?. O segundo destaque foram a queda do dólar e o desempenho positivo das Bolsas ontem.

11 de setembro

1) Achei um equívoco a Primeira Página não trazer nada a respeito do anúncio feito pela Rússia de abertura de espaço aéreo para aviões norte-americanos e de apoio concreto aos oposicionistas do Afeganistão no combate ao Taleban. Não por acaso, o ?New York Times? coloca a decisão em manchete na edição de hoje. Da mesma forma, na página interna (Especial 6), creio que seria mais adequada uma inversão, abrindo com essa notícia e não com o discurso do Vaticano admitindo retaliação violenta. As duas notícias são, evidentemente, relevantes, mas houve, creio subestimação no caso da Rússia;

2) Didatismo: faltou na reportagem ?Taleban ameaça ?incendiar? EUA? (pág. Especial 2) remissão para o mapa da Especial 4. Seria uma forma de facilitar a vida do leitor;

3) O texto ?Bin Laden ?alerta? contra cruzadas? (Especial 2) começa cauteloso, dando de modo condicional a informação de que o fax contendo a mensagem teria sido escrito pelo terrorista saudita. A partir do quarto parágrafo, no entanto, o tom muda, e se utilizam afirmações como ?…disse Bin Laden?, ?…Bin Laden diz? etc. Dessa forma, o leitor pode ficar confuso. Se não há certeza absoluta de que o documento é de Laden, o correto seria manter o condicional até o fim do texto;

4) Posso estar enganado, mas tenho a impressão de que a ofensiva militar norte-americana, na prática, já começou. Não no deslocamento de militares, o qual não caracteriza agressão em si, mas por intermédio do apoio e da ação concreta da chamada Aliança do Norte, que parece ter avançado significativamente nos últimos dias. Não vale um comentário?

5) Chamo a atenção para a transcrição, feita pelo ?Valor? hoje, de trechos da entrevista concedida por Bin Laden à ABCNews e divulgada em 1998. Apesar de ser daquele ano, é válida a reprodução agora, pois pouca gente lhe deu atenção. As palavras do terrorista são cristalinas. Mostram detalhadamente o seu ?programa de ação?;

6) Sobre as investigações dos atentados, é interessante a retranca do ?Globo? informando detalhes contidos na caixa-preta do avião que caiu na Pensilvânia;

7) Ciência (pág. A10) traz texto curioso sobre o uso de raios laser nas operações de resgate nos escombros do WTC. Deveria ter sido feita ao menos remissão para o caderno especial e vice-versa.

Ora o Manual…

O ?Manual da Redação? (pág. 217) afirma que, ?ao publicar pesquisa de opinião, é fundamental que seja relatada a metodologia empregada?. Não é o que acontece no caso de ?Melhora avaliação de congressistas? (Brasil, pág. A4). Fala-se da margem de erro do levantamento, mas só.

Didatismo

Na reportagem ?Justiça mantém quebra de sigilo de Maluf? (Brasil, pág. A6), há uma citação de um juiz, introduzida no texto supostamente para tornar clara a sua posição. Ela diz: ?A materialidade das provas, no caso sua vinda aos autos, é que reclama toda a delicadeza no que concerne à observância do contraditório?. Deu para entender?

Marcação

A Panorâmica ?Luiz Estevão é acusado de remessa ilegal? (Brasil, pág. A6) noticia que a denúncia é ?…assinada por três procuradores da República, entre os quais Luiz Francisco de Souza?. Por que essa diferenciação, essa menção exclusiva a esse procurador? Não há motivo.

Machismo?

Tudo bem que o nome de Stanley Fischer ficou marcado entre jornalistas e leitores de noticiário de economia durante anos como vice do FMI, mas isso não justifica o título ?No 2 do FMI sugere subir os juros para frear dólar caro? (Dinheiro, pág. B3) para se referir a declarações da nova vice, Anne Krueger. Ela não fala pelo FMI?

Foto no ar

A foto gelada de um avião da Varig parado com o Pão de Açúcar atrás (Dinheiro, pág. B5) não tem sentido a não ser para preencher espaço. Inexiste relação entre ela e a reportagem, a não ser pelo fato de ambas ?falarem? de avião. Fotos como essa, com jeitão de arquivo, pegam mal num jornal como a Folha.

PT versus administração

Um detalhe sobre a interessante reportagem de capa de Cotidiano (?Plano Diretor prevê reindustrialização de SP?): não se trata de um ?Plano Diretor petista?, como diz o lide. Administração é uma coisa, partido é outra. O secretário do Planejamento Urbano, Jorge Wilheim, nem sequer é filiado ao PT.

26/09/2001 – O ?hiperisolamento? do Taleban (a rigor, isolamento já havia antes do 11 de setembro) é a manchete dos principais jornais. Folha: ?Arábia apóia os EUA contra Taleban?; ?Estado?: ?Arábia Saudita rompe relações com o Taleban? ;?Globo?: ?Cerco militar, diplomático e econômico isola talibãs?. O ?JB? (?Bush ataca os direitos civis?) optou por enfatizar o projeto que o Congresso americano discute para ampliar a margem de ação investigativa do Estado.

11 de setembro

1) A Folha marca um ponto positivo com o material das páginas centrais do caderno especial hoje sobre o xadrez da situação política e diplomática dos EUA na região do Golfo e no Oriente Médio. Fica clara a complexidade com a qual se trabalha na preparação da ?nova guerra?. Leigo no assunto, vendo o mapa fiquei com uma pequena curiosidade de ordem filológica que pode ser a de outros vários leitores: por que os nomes dos países da Ásia central (Paquistão, Afeganistão, Cazaquistão, Uzbequistão etc) têm a terminação ?ão?? Talvez o jornal possa esclarecer dentro de um material mais amplo;

2) Detalhe: contrariando o ?Manual?, o jornal voltou a grafar Candahar com ?K? (mapa da especial 2);

3) O ?Estado? foi mais feliz no tratamento dado ao assunto que na Folha tem como título ?Imigração busca brasileiro nos EUA acusado de ligação com Hizbollah? (Especial 7). Em especial, o concorrente ouviu o irmão do ex-comerciante aqui em São Paulo, desmentindo a suposta vinculação, e trouxe foto do brasileiro. Vale lembrar que a Folha publicou em agosto e outubro do ano passado reportagens sobre a ida de Saleh Hage aos EUA. Trata-se, portanto, de um personagem conhecido do jornal. Com base nesses textos, aliás, creio ser necessário um ERRAMOS: ele pediu asilo em abril, não em agosto do ano passado;

4) O título ?Países islâmicos não apoiariam ação dos EUA, diz autor? (Especial 8) generaliza e não traduz o que o texto da reportagem afirma. O cientista político em questão, Al-Jabri, diz que esses países não apoiariam ações ?que ameaçassem a população civil do Afeganistão?. É mais restrito e específico;

5) Não vi na Folha referência à Operação Veritas, nome que, segundo o ?Sunday Times?, foi dado às iniciativas militares e de espionagem já desencadeadas, desde a semana do atentado, pelo Reino Unido, em acordo com os EUA, no Afeganistão, com envio de aviões etc. É uma informação (traduzida hoje no ?Estado?) muito importante no teatro do conflito; 6) Creio que a Folha subestima a cobertura da mídia na ?nova guerra?.

Ontem, por exemplo, o secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, foi questionado sobre se mentiria aos jornalistas se achasse necessário. O ?Globo? traz material sobre isso hoje. Outro material interessante está na ?Gazeta Mercantil?, que traz um perfil da rede de TV ?Al-Jazeera?, aquela por meio da qual Bin Laden divulga seus comunicados.

Explosivos

1) A Folha confinou a três notas da coluna Mônica Bergamo aquilo que pode ser um grande escândalo de corrupção sujeito a séria investigação. Trata-se do material baseado em anúncio ?fúnebre? publicado nos grandes jornais, por trás do qual estaria um conflito pesado envolvendo a construtora Andrade Gutierrez, Maluf e Quércia;

2) Também ficou confinado (a uma notinha Panorâmica, pág. A7) o caso da abertura de inquérito pela Polícia Federal sobre a privatização da Telebrás. Aliás, aqui caberia outro ERRAMOS: a notinha fala em privatização da Telemar, quando esta foi quem comprou a outra;

3) O ?Estado? traz informação relevante sobre o caso Maluf: promotores estão ampliando para os EUA a sua devassa nas contas do ex-prefeito. A Folha publica material sobre o assunto hoje, mas de ordem, vamos dizer, processual, sem trazer novidades em termos de investigação. Nesse ponto o jornal começou na frente, mas não tem conseguido manter clara dianteira em relação ao concorrente.

Didatismo

1) Na reportagem ?Oposição hostiliza Tebet no Congresso? (Brasil, pág. A4), menciona-se um ?projeto de revisão do PPA? sem explicar o que é isso (PPA); 2) O último parágrafo de ?Fed quer socorro…? (Dinheiro, pág. B5) fala numa ?taxa básica? sem explicar ao que se refere;

3) Na Panorâmica ?UOL é o mais…? (Dinheiro, pág. B6), não fica claro se os percentuais de pessoas que acessam a internet em casa e no trabalho se referem aos 23 milhões de internautas ou ao conjunto da população.

PT e a Folha

1) O jornal não explica, mais uma vez, o que estaria por trás, inclusive tecnicamente, do fiasco da apuração eletrônica das eleições internas no PT.

No texto de hoje (Brasil, pág. A6), não se menciona, por exemplo, a ?briga? entre o partido e a empresa de informática contratada para cuidar do pleito;

2) Há um viés claramente contra a prefeita Marta e seu partido na reportagem de capa de Cotidiano (?Em ano de eleição, SP amplia gasto social?). Por que chamar o orçamento de eleitoreiro se ele, como diz o próprio texto, não faz mais do que traduzir em números as promessas de campanha e as bandeiras do partido? Ao contrário, parece-me meritoso.

Idade do papa

Nada justifica a ausência da idade de João Paulo 2o no texto ?Papa passa mal durante visita à Armênia? (Mundo, pág. A8).

Frutos dos atentados?

O lide de ?Governo não descarta novo acordo com o FMI? (capa de Dinheiro) afirma que essa possibilidade derivaria dos ?reflexos das turbulências em que o país está mergulhado desde os atentados terroristas nos EUA?. Há aí um exagero. O país já vinha mal de bem antes. Pode até vir a ?mergulhar em turbulências?, mas ainda não o fez. O risco, nesse tipo de apreciação, é dar ao governo a possibilidade de usar os atentados como pretexto para medidas que na verdade seriam necessárias com ou sem eles.

Da mesma maneira, falha, ao meu ver, o lide de ?Investimento externo é mantido? (mesma página) ao dizer que ?a disposição das empresas estrangeiras para investir no Brasil não parece ter sido afetada…?. O próprio texto, mais adiante, explica que os investimentos mantidos já haviam sido definidos antes do 11 de setembro e não teriam como ser sustados. É cedo, portanto, para avaliações.

Foto no ar

A foto de um agricultor em Portugal não tem nada a ver com a reportagem ?EUA atacam protecionismo agrícola? (Dinheiro, pág. B4). Está ali apenas para ocupar espaço.

Crédito

Faltou creditar à revista ?Época?, conforme orienta o ?Manual?, a informação, repercutida hoje (Cotidiano, pág. C8), do acidente ocorrido em maio em Angra 1.

27/09/2001 – Talvez por não ter nenhuma notícia de fato relevante (veja comentário abaixo), a Folha foi o único dos principais jornais a não dar manchete hoje para o 11 de setembro. Optou por privilegiar previsão do FMI (?FMI vê os EUA mais perto da recessão?), importante, sem dúvida, mas anterior aos atentados. Os demais deram manchetes da seguinte forma: ?Estado?: ?EUA e Paquistão já detalham ataque?; ?JB?: ?Refugiados afegãos já passam dos 2 milhões?; ?Globo?: ?Inimigos se aproximam e afegãos fogem do país?.

11 de setembro

1) É sintomático que a manchete de hoje não esteja na ?nova guerra? e que a chamada principal para o assunto, na Primeira Página, seja um texto que tem mais de análise do que de notícia. Na verdade, o caderno especial, na edição de hoje, carece de notícias;

2) Como se pode notar com uma leitura dos concorrentes, principalmente do ?Estado?, a Folha deve material noticioso sobre o que está acontecendo no Afeganistão. Segundo relato do correspondente do concorrente, baseado aparentemente em depoimentos de refugiados afegãos e na imprensa paquistanesa, a situação interna naquele país parece estar extremamente tumultuada, com crescente dificuldade para o Taleban de dar conta de seu conjunto. Pode-se dizer que a edição do concorrente tem um viés, talvez, pró-americano, mas o mais importante, considerando inclusive material de outras publicações estrangeiras ali apenas reproduzidos, é que a Folha nada traz, além da manifestação, incentivada pelo Taleban, contra a embaixada dos EUA vazia, sobre essas modificações internas (o ?Globo? também publica algo, reproduzindo texto do ?Washington Post?);

3) Também falta no jornal informação sobre o acordo de ofensiva antiterror fechado entre EUA e o Paquistão. O texto ?Paquistão só apóia ação contra terroristas? (Especial 1) afirma que não foram dados detalhes. Reportagem no concorrente, porém, traz alguns detalhes (definição de alvos, por exemplo);

4) No material sobre a ação militar (páginas centrais do caderno especial), senti falta de esclarecimento (confirmando ou não) a respeito de informação divulgada pelo ?Sunday Times? de que algumas forças da SAS britânica já estariam em atividade, numa operação denominada Veritas. É verdade mesmo? Acho que o leitor da Folha deveria estar informado a respeito;

5) Não vi na Folha informação de que agora chega a 100 o número de suspeitos que o FBI pede para o Brasil investigar.

Outro lado

Faltou a ?defesa? de Jader e Borges no texto ?Depósitos ligam fraudador da Sudam a Jader? (Brasil, pág. A4).

Didatismo

Ao falar dos anos 70, o box ?Declarações são ataque gratuito, afirma Tuma? (Brasil, pág. A4) diz que se trata de um ?período em que os militares reprimiram a esquerda revolucionária?. Não foi bem assim. Reprimidos foram os opositores do regime militar, fossem ou não da esquerda revolucionária, certo?

E os bancos?

Na reportagem de capa de Dinheiro, senti falta da avaliação que os bancos fazem a respeito do ?cerco? que o BC estaria montando para dificultar operações com câmbio e abaixar o dólar. Há uma retranca na qual comentam de forma ?neutra? as consequências práticas, mas não há opinião. Eles acharam ruim? Tanto faz? Gostaram?

Joalheria

Dois aspectos chamam a atenção no texto ?Ladrões engolem anéis em joalheria de SP? (Cotidiano, pág. C4): 1) não se informa ao leitor em que rua do centro da cidade o estabelecimento fica; 2) afirma-se que os dois ladrões homens vestiam trajes sociais, como terno e camisa. Nas fotos publicadas pelo ?Agora? e pelo ?JT?, não há ternos, apenas camisas, e que não parecem sociais. A verificar.

Orçamento do PT

Aparentemente não batem os números do quadro ?Os gastos de 27% do orçamento de SP? (Cotidiano, pág. C7). Se o total do orçamento é de R$ 9,5 bi, como está ali, 27% não são R$ 3.180 mi, mas sim R$ 2.565 mi. Outro detalhe: na entrevista, Marta fala que o orçamento será de R$ 9 bi, não R$ 9,5 bi. O jornal, talvez entre colchetes, deveria esclarecer.

28/09/2001

A Folha (?Bin Laden recebeu pedido para deixar o país, diz Taleban?) e o ?Globo? (?Talibãs localizam Bin Laden e pedem que ele deixe o país?) embarcam a meu ver de modo ingênuo numa espécie de jogo do Taleban em suas manchetes de hoje (leia abaixo). O ?Estado? (?Alívio para empresas faz dólar cair 2,3%?, mesma opção de tema, diga-se, dos diários econômicos) e o ?JB? (?Banco reage ao governo e eleva juros?) saem com a economia brasileira em dia sem grandes revelações sobre a ?nova guerra?.

11 de setembro

1) É difícil imaginar que o Taleban tenha tido dificuldades para encontrar Bin Laden. Não há dúvida de que eles estão ?fechados?, um lado e outro. Trata-se, mais provavelmente, de uma manobra política do ?governo? do Afeganistão (em acordo com o terrorista saudita) com vistas a, ao menos, ganhar tempo. Claro que é notícia o fato político de o Taleban anunciar que o pedido dos clérigos chegou a Bin Laden, mas não creio que merecesse ser manchete;

2) A situação interna do Afeganistão continua a ser o maior desafio da cobertura neste momento. Os textos reproduzidos do ?New York Times? (abre da capa de Mundo) já afirmam que o Taleban controla 90% do território, não mais, portanto, os 95% de que se falava antes. A reportagem ?Paquistaneses vão a Cabul para negociar? (capa), porém, ainda trabalha com a porcentagem de 95%. Não se trata de uma questão apenas de números, claro. O desafio é mostrar o que de fato está acontecendo internamente. Mesmo em relação a essas porcentagens, valeria a pena o jornal ter destacado a mudança (afinal, dobrou, em tese, a área ocupada pela Aliança do Norte);

3) Afirma-se em ?Bush pede paciência a americanos? (A10) que o governo apresentou na sede da ONU ontem o seu plano de ?guerra?. Mas fica por aí. Quais são os pontos principais desse plano?;

4) Relacionado com isso, ressalte-se artigo do secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, publicado originalmente no ?NYT? e reproduzido no ?Globo? e no ?Estado?. Fica bastante clara, nele, aquela que parece ser a estratégia, ao menos publicamente anunciada, de Bush;

5) Faltou mapa da tríplice fronteira em ?Argentina reforça segurança de espaço aéreo? (A11);

6) O texto ?Generais poderão abater aeronaves? (A11) toca de passagem numa das questões que Bush está submetendo ao Congresso em relação à segurança nos aeroportos e vôos. Falta no jornal, creio, material que mostre como está, justamente, o debate entre os parlamentares sobre a questão dos direitos civis. Parece haver resistências significativas. O ?Globo? traz algum material a respeito disso hoje, referindo-se a métodos de investigação do FBI;

7) A imprensa, de modo geral, e a Folha inclusive, está esquecendo o ataque ao Pentágono. Qual é a situação das investigações ali? Confirmou-se o número de mortos? Como está a retirada de escombros e corpos?

8) Outra questão pouco trabalhada está indicada ao pé do texto ?País deve impedir que Cabul seja base para o terror mundial? (A14), originalmente publicado no ?Financial Times?: ?Manter uma coalizão dependerá das distinções sutis entre grupos terroristas domésticos… e grupos terroristas de alcance internacional…?. Eis um inusitado aspecto que exige aprofundamento;

9) Difícil entender por que a Folha não deu o ?pendant? das fotos que mostram o executivo Edward Fine no dia do atentado, cheio de pó (uma das imagens que marcaram o evento), e ele agora, com uma gravata da bandeira dos EUA (vi nos concorrentes). Da mesma forma, a curiosa foto do Bush pai em vôo de carreira. Na contracapa do caderno de hoje da Folha (só para mencionar um exemplo), há duas fotos frias que bem poderiam ceder espaço a algo mais interessante em matéria de visual;

10) Também não vi na Folha importante notícia de que o Paquistão congelou as contas bancárias de dois importantes grupos religiosos que integravam a lista de 27 ?nomes? elaborada pelos EUA.

Jader

O material sobre a abertura de processo contra o senador paraense (Brasil, A4 e A5) não deixa claro o motivo formal que levou à decisão do conselho de Ética. Aparece somente a questão do desvio do Banpará. Nada se fala sobre o fato de ele ter ou não mentido em plenário. Não era esse um dos motivos principais? Ele desapareceu hoje.

Marcação

O chapéu ?A incrível conta que encolheu?, na capa de Dinheiro (?BC muda regras e corta o déficit público?), traz uma ironia que não me parece fazer sentido. A própria reportagem, em diferentes retrancas, mostra claramente que a adaptação de critérios pelo BC está sendo feita de forma transparente e obedece a padronização internacional. Qual é, então, o problema?

Outro lado

Dois textos-legenda (?Leitão na faixa?, na pág. B8, Dinheiro, e ?Álcool?, em Cotidiano, C7) fazem afirmações que exigem o ?outro lado?. Ele está, ali, totalmente ausente. O formato, convenhamos, não ajuda, mas essa dificuldade não deveria anular um dos princípios editoriais mais caros ao jornal.

Menores

1) Merecia muito mais destaque a Panorâmica ?OEA processa Brasil por assassinato de 19 meninos? (Cotidiano, pág. C5). Na edição nacional, o texto é um pouco maior, mas, mesmo assim, fica como Panorâmica. Trata-se de um caso escandaloso;

2) A reportagem ?Doze são indiciados por morte de estudante? (Cotidiano, pág. C6), sobre assassinato em Campinas, traz em iniciais os nomes dos envolvidos –corretamente, pois são menores. No caso do rapaz apontado como autor do tiro, publica-se, no entanto, além das iniciais, o apelido (?Chambinho?). A meu ver, é uma forma de identificar o jovem. Do ponto de vista estritamente legal, não tenho instrumentos para dizer se aí há ou não uma falha. Mas do ponto de vista do princípio de manter o anonimato em caso de menores de idade, creio que o jornal errou."

    
    
                     
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