Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Bernardo Ajzenberg

CRÍTICA DIÁRIA

"Crítica Interna", copyright Folha Online (www.folha.com.br)

01/03/2002

Os dados oficiais do PIB são o assunto das manchetes de hoje da Folha (?País cresce 1,5%, abaixo do esperado?) e do ?Globo? (?Economia brasileira cresce abaixo da média mundial?). O ?Estado?, depois de cometer, ao que tudo indica, uma gafe na primeira edição (veja nota), trocou a manchete e ficou com ?Governo adia reforma da CLT para aprovar CPMF?. O ?JB? anuncia que ?Epidemia de dengue terá 1 milhão de casos até maio?.

Primeira Página

1) A chamada ?21 jogam ônibus em embaixada para deixar Cuba? fala em ?boatos falsos?. Existem boatos autênticos?

2) Faltou uma chamada para Oriente Médio, a meu ver obrigatória na edição de hoje. Ontem ocorreu um dos ataques mais violentos de Israel contra palestinos dos últimos meses.

Decisão do TSE

1) Talvez não sob a forma de um ?Erramos?, mas a Folha teria se mostrado mais transparente aos leitores se explicasse que se enganou ao responder peremptoriamente ?sim? a uma das dúvidas sobre a decisão do TSE na edição de ontem, quando fica claro, na edição de hoje (quadro na pág. A4), que se trata de uma questão ainda em aberto (?se um partido não se coligar com nenhum outro na eleição presidencial nem lançar candidato próprio, poderá compor com qualquer outra legenda nos Estados??);

2) O ?Globo? reproduz o que seria a íntegra do texto aprovado pelo TSE na terça-feira. Vê-se, por seu caráter genérico, que faltam, realmente, detalhamentos;

3) Não entendi por que no texto ?Ministros do TSE divergem sobre normas da vinculação? (pág. A5) o nome de Sepúlveda Pertence aparece e o do ministro que dele diverge fica oculto (?um ministro disse, por meio da assessoria…? . Ele pediu para não ser identificado? Se foi assim, isso deveria estar claro.

4) No terceiro parágrafo da retranca ?Revista inglesa vê vantagem de tucano? (pág. A6), está escrito ?seminário? em vez de ?semanário?. 5) Faltou didatismo na reportagem ?TSE vira jogo ?de pernas para o ar?, diz Serra? (pág. A6). Mencionam-se Jânio Quadros e Fernando Collor sem qualquer referência no tempo a seu respeito.

E a Globo?

Não necessariamente por causa do ?outro lado? –já que a Abert foi ouvida–, mas creio que faltou a posição da Globo em ?Rompidas com Abert, redes de TV vão criar nova entidade? (Brasil, pág. A8). A reportagem estaria mais completa com isso, já que se trata da emissora que está no centro da discórdia justamente por controlar, segundo os concorrentes, a Abert.

Imprecisões

1) O TCU baiano autorizou o governo a terminar as obras do aeroporto de Salvador (Panorâmica na pág. A8). Não dá para entender, pelo texto, o motivo dessa decisão. Concluiu-se que não houve a irregularidade (superfaturamento) que gerara a suspensão dos trabalhos? Ou a liberação ainda pode ser revista?

2) O mapa dos Bálcãs que ilustra o texto ?Otan tenta prender Karadzic, mas falha? (Mundo, pág. A11) destaca a cidade de Jemista, quando a localidade onde os fatos se deram é Celebici (que não aparece no mapa). Não deu para entender.

História

Detalhe: o texto ?Nixon cogitou usar bomba atômica? (Mundo, pág. A9) trata Robert Kennedy (1925-1968) como secretário da Justiça. Ocorre que quando foi morto ele já não ocupava esse cargo (tinha sido senador e concorria à Presidência). Tudo isso, ainda, antes do governo Nixon. Era, portanto, ex-secretário…

PIB

Senti falta de uma explicação para o excepcional crescimento de 11,9% no setor de Comunicações, o que mais avançou em 2001, conforme tabela na pág. B3 (Dinheiro). O jornal mostra o motivo do desempenho de vários setores que cresceram mais ou menos, mas não aborda esse, que teria sido o campeão.

Números

1) O quadro referente à reportagem ?Corte de energia transfere para o Sul a abertura de vagas de trabalho? (Dinheiro, pág. B4) informa que em SP foram abertos 2.141 postos de trabalho na indústria em 2001. O texto fala em 12.141. Qual é o certo?

2) Em ?Brasil engole Scolari…? (capa de Esporte), afirma-se que a margem de erro da pesquisa do Datafolha sobre o técnico da seleção é de 2%. O correto é dizer que são dois pontos percentuais, certo?

Ovo e galinha?

O título ?Juros de 61% ao ano elevam calote em banco? (Dinheiro, pág. B5) vai no sentido oposto ao do seu próprio texto, segundo o qual ?o atraso nos pagamentos foi uma das causas do aumento nas taxas de juros…?. O que vem primeiro?

Recessão nos EUA

O título e o texto da retranca ?Entenda? (pág. B12, Dinheiro) afirmam que a recessão norte-americana começou oficialmente em novembro passado. Foi em março de 2001, certo?

Gafe?

Interessante observar a troca efetuada entre uma edição e outra da manchete do jornal e da capa de Economia do ?Estado?. Na primeira edição, interpretou-se que Bush não iria mais impor restrições ao aço brasileiro (o assunto foi à manchete). Na segunda, com mudança no texto interno e já sem referência na Primeira, o jornal assume que não é bem assim. O texto da Folha sobre o assunto vai mais longe e traz os percentuais que os EUA pretendem impor às suas importações do aço brasileiro.

Erro e acerto

1) O jornal, creio, acerta ao colocar na capa de Cotidiano (edição SP) a confusão inusitada criada pela carreta que quebrou e tumultuou parte da cidade de São Paulo na manhã de ontem. Mas erra ao manter essa capa -típica e saborosamente paulistana– na edição nacional do caderno. Terá sido esse o assunto mais relevante para os outros Estados?

2) Menciona-se que o veículo foi levado à ?rua Papa Paulo 6o? . Pelo guia de ruas, o que existe na região é a ?avenida Paulo 6o? (continuação da Sumaré). Uma rua com grafia próxima à registrada pelo jornal existe em São Bernardo do Campo. Erro pequeno, talvez, mas que não cai bem aos olhos do leitor que conhece a região.

28/02/2002

Depois de subestimar na edição de ontem a decisão do TSE que impõe a verticalização das coligações partidárias nas eleições de outubro, conforme apontei na crítica interna, a Folha, corretamente, traz o assunto hoje em manchete (?Partidos tentam barrar coligação única?). Assim como o ?Globo? (?Congresso reage mas acha difícil mudar decisão do TSE?) e o ?JB? (?TSE tumultua alianças partidárias?). O ?Estado? privilegia tema econômico (?Câmara aprova fim da CPMF para a Bolsa?).

Bomba eleitoral

1) O jornal traz um diferencial importante na cobertura do ?day after? da decisão do TSE: o texto ?FHC avalizou decisão do TSE que, em tese, beneficia Serra? (Brasil, pág. A4), com dados de bastidor sobre o ?dedo? do presidente da República na mudança definida pelo tribunal;

2) Mantém-se, no entanto, defasado em relação a um aspecto: independentemente das tentativas de reversão da decisão tomada (via recurso ao STF, decreto legislativo ou emenda constitucional) e do descontentamento quase unânime, fenômenos registrados pela Folha, o fato é que os partidos já se movimentavam ontem buscando redefinições concretas de alianças dentro do novo quadro _e sobre isso a cobertura (com exceção de três notas no Painel) inexiste;

3) Embora a afirmação apareça em três retrancas, em nenhuma delas o jornal esclarece em qual artigo da Constituição está escrito que não se pode mudar uma lei sobre o processo eleitoral a menos de um ano do pleito (leio no concorrente local, e confiro na Constituição, que é no artigo 16). Ainda assim, trata-se de uma formulação que, no caso em pauta, pode permitir interpretações diversas;

4) Não me pareceu claro no jornal o fato, apontado por alguns analistas em outros jornais, de que o PMDB, sem candidato próprio nacional, se reforça como ?fiel da balança? na definição das coligações na disputa pelo Planalto;

5) Faltou um perfil de Nelson Jobim, presidente do TSE, apontado como amigo de José Serra.;

6) É curioso notar a contradição entre a posição do senador petista José Eduardo Dutra, a favor de uma emenda constitucional que derrube a decisão do TSE, e a de seu correligionário na Câmara, Walter Pinheiro, para o qual isso seria uma ?aberração?. Por que o jornal não explorou esse fato?

7) A retranca ?Para analistas, TSE desestabiliza sucessão? (pág. A11) só ouve cientistas políticos contrários à decisão (posição assumida pelo editorial da Folha). Pergunto: não há nenhum analista que seja favorável? Vale a pena ir atrás.

Maluf na berlinda

1) O terceiro parágrafo do texto ?Ex-diretores ligam Maluf a desvio de verbas? (Brasil, pág. A15) traz afirmação entre aspas de Simeão Damasceno de Oliveira, de modo que se subentende ter ele falado à Folha. O mais provável é que tenha dado essa declaração ao Ministério Público, daí porque o mais correto teria sido escrever que o executivo disse isso, segundo o MP;

2) Há um pequeno erro: a pesquisa Datafolha para a sucessão estadual foi divulgada na segunda-feira, não no domingo, como consta do texto; 3) Duas informações que li no concorrente: a) a Mendes Júnior tem processo em curso contra o ex-executivo; b) no depoimento de ontem ao MP, houve denúncias não só contra Maluf mas também relativas a estatais e autarquias do governo estadual. Se isso for verdadeiro, a Folha deveria tê-lo mencionado, por uma questão, no mínimo, de buscar equilíbrio no noticiário, além do ?outro lado? do próprio Maluf, publicado.

Tênis ou sapato

A curiosa reportagem ?Segurança nos EUA faz Lafer tirar sapato? (Mundo, pág. A18), afirma que era tênis o calçado que o inglês Richard Reid usava com supostos explosivos para tentar explodir um avião em dezembro passado. O noticiário, na época, sempre falou em sapatos, não tênis. A verificar. Duas observações menores: 1) o mesmo texto afirma ?Os ministros… vieram aos EUA?. Melhor seria ?foram aos EUA?, certo? 2) pena que o jornal esteja dando esse material só agora, já que o constrangimento aconteceu nos últimos dias de janeiro.

Greenspan e o Brasil

Não vi no material sobre o ?testemunho semestral? dado pelo presidente do banco central americano ao Congresso (capa de Dinheiro) nenhuma menção ao fato de que ele, no encontro, comentou positivamente a situação dos mercados no Brasil. Está no ?Estado? e no ?Valor?. Essa omissão, se confirmada, alimenta a impressão de alguns leitores que consideram a Folha ?negativista? em relação ao país (Brasil).

Argentina

1) A legenda da foto da pág. B6 (usada também na Primeira Página do jornal na edição nacional) afirma que a mulher em questão está mostrando a língua para o policial. Posso estar enganado, mas isso me parece muito improvável. As duas figuras estão em planos visivelmente distintos, e os olhos da moça parecem muito mais voltados para alguém que está atrás do policial. A verificar;

2) No abre (?Militares voltam à cena; Duhalde afasta golpe?), faltou informar a que partido pertence (se é que pertence, e isso também é relevante) o ministro argentino da Economia, Lenicov, que tem entrado em atrito com o presidente. O mesmo vale para o ex-ministro Murphy, que, como diz o texto, estaria ?em conchavo? com militares.

Almoço frugal

A Folha traz na capa de Esporte hoje uma versão que talvez venha a se revelar ingênua (ou pelo menos incompleta) sobre o que Ricardo Teixeira e Romário teriam conversado em almoço anteontem. Diz que o evento foi uma forma de o dirigente se mostrar publicamente a favor da convocação do atacante e que, segundo Romário, o presidente da CBF, ali, lhe perguntou se ele gostaria de voltar à seleção. O ?Diário de S.Paulo? e o ?Globo? trazem reportagem segundo a qual o que estaria emperrando a volta do ?baixinho? seria o seu contrato de garoto-propaganda da Coca-Cola (a seleção tem patrocínio da AmBev) e que este assunto, sim, teria estado no centro do almoço. Parece mais realista. A verificar.

Campanha

O título do abre da pág. C10 (?Alckmin quer combate à corrupção policial?) é do tipo que cairia perfeitamente bem num programa eleitoral de TV do governador. É preciso tomar cuidado. Como podemos saber se o governador quer mesmo isso? Melhor algo do tipo ?diz que…?, ainda mais em ano eleitoral. Por falar nisso, exatamente no sentido oposto, faltou o ?outro lado? do governador paulista na retranca ?Para Marta, Alckmin faz ?politicagem? (pág. C3).

Resposta

Reproduzo a seguir carta enviada por e-mail na noite de anteontem (dia 26) ao ombudsman, com cópia para a DR e a SR, pela colunista Marilene Felinto sobre nota da crítica interna daquele dia (Observo que não a publiquei ontem por falta de espaço na crítica):

?Caro senhor:

Para seu comentário de hoje:

?A coluna Marilene Felinto de hoje abre a campanha eleitoral explícita, por colunistas, dentro do jornal. A julgar por seu conteúdo, de agora em diante todos os demais colunistas estão autorizados a fazer campanha para seus candidatos preferenciais em seus respectivos espaços.?

Minha resposta:

Não tenho ?candidato preferencial?. Não tenho partido político. Não sou filiada ao PT. Não defendi a campanha de ninguém na coluna. Tratei apenas da luta desigual com que os partidos de oposição (com ênfase no PT, é claro, vítima inclusive de preconceito racial) se deparam diante da postura da mídia -ela é que explícita e ferozmente elege e insufla seus candidatos. Não é preciso ter partido preferencial nem candidato para enxergar isso. Somente uma coisa é certa: não voto no partido político do ombudsman – o partido da mídia. O senhor é quem já demonstrou, mais de uma vez, que está no cargo para defender seus interesses pessoais – e não os do leitor. Por isso mesmo não lhe envio agora a quase centena de mensagens que recebi hoje com comentários bem diversos dos seus – porque o leitor que me escreve não vale nada para o senhor.?

27/02/2002

Com manchete de duas linhas no alto de sua capa (?TSE muda regra da eleição e limita alianças dos partidos?), o ?Globo? foi o jornal que, acertadamente, mais valorizou a decisão de verticalização das coligações eleitorais (ver nota). A Folha (?Renda de brasileiro cai pelo 3o ano consecutivo?) optou por importantes dados divulgados pelo IBGE. O ?Estado? (?Acordo fiscal fracassa; Duhalde prepara plebiscito?) e o ?JB? (?Mortes por dengue batem recorde histórico no Rio?) mantiveram nas de hoje os respectivos temas de suas manchetes de ontem.

Programa do PT

1) O jornal deveria explicar ao leitor o que é o tal Instituto da Cidadania, presidido por Lula e que propõe o programa de segurança incorporado pelo partido (?Plano do PT quer Agência Nacional de Segurança?, Brasil, pág. A4). Qual a sua composição? De onde retira verba?

2) Ao apresentar perfil do novo coordenador do programa de governo do PT, Antônio Palocci, a retranca ?Ribeirão Preto é ?laboratório? de idéias petistas?, pág. A4, caracteriza a chamada ?Libelu (Liberdade e Luta)?, &aagrave; qual o prefeito de RP pertenceu, como uma ?organização de extrema esquerda?. É impreciso. Conforme o jornal já mostrou em outras oportunidades, tratou-se de uma tendência estudantil, impulsionada por uma organização trotskista (extrema esquerda). Não destaco aqui apenas uma imprecisão de dados, mas um fato politicamente curioso e interessante na atualidade. O próprio jornal, recentemente, levantou que as divergências no PT gaúcho (Tarso x Olívio) poderiam refletir, de modo geral, confronto entre concepções trotskistas (não quero dizer que Palocci o seja hoje, não sei) e outras dentro desse partido.

Rossi no PFL?

O oitavo parágrafo de ?PL flerta com Maluf e cogita lançar Alencar a governador? (Brasil, pág. A5) trata Francisco Rossi como pefelista. Ele é do PL, certo?

Coligações

Acho que a Folha deveria ter dado mais destaque para a decisão do TSE, que impõe a verticalização das coligações. Suas consequências são muito amplas. Alguns aspectos de que senti falta:

1) Em qual ou quais instrumentos legais se baseou o TSE para tomar a decisão?

2) O que diz o PSDB, supostamente favorecido e no entanto ausente na repercussão publicada pelo jornal (ao menos no exemplar que recebi)?

3) O que disse Miro Teixeira (autor da consulta formal ao TSE)?

4) Quais partidos ganham ou perdem, em tese, com essa decisão?

Didatismo

1) Creio que o jornal deveria produzir um mapa mais detalhado da Colômbia, como fez pouco tempo atrás, por exemplo, no caso do Afeganistão. Cidades que começam a aparecer no noticiário, como Fómeque, Puerto Rico, Florencia, não são contempladas no mapa publicado hoje (pág. A11). Como se trata de conflito envolvendo guerrilha, seria interessante mostrar mais detalhes de deslocamentos;

2) Afirma ?Juros e tarifas fazem BB ter lucro de R$ 1,08 bi em 2001? (Dinheiro, pág. B3) que os investimentos cambiais do BB estão ?cobertos por dívidas denominadas em moedas estrangeiras. Por isso, quando o dólar sobe, sobem tanto os ativos como as dívidas…? . Não consegui entender. A formulação e a relação de causa e efeito entre uma coisa e outra ficaram obscuras para o leitor médio do jornal;

3) Faltou esclarecimento de metodologia (número de cidades envolvidas etc) do levantamento que dá base ao texto ?Pesquisa elege marcas mais lembradas? (Dinheiro, pág. B10).

Análise

A reportagem de capa de Dinheiro e manchete do jornal (?Renda do brasileiro cai pelo 3o ano seguido?) procura explicar os motivos dessa queda no que se refere a 2001, mas não traz explicações para o fenômeno que começou, na verdade, antes, como se informa no próprio texto. Por que a renda começou a cair a partir de 98? Fala-se genericamente numa ?piora das condições no mercado de trabalho?, com ?sinais de desaquecimento? (retranca ?Parte do ganho do Plano Real já foi corroída?), mas o leitor merecia mais esclarecimentos.

Santander/Base

Até o momento, creio que a cobertura segue adequada, mas o caso das fraudes realizadas supostamente por funcionários do Santander (pág. B3) é sério candidato a polêmicas de cobertura que fazem lembrar o caso Escola Base. Toda precaução, por parte do jornal, será pouca, para que se evitem possíveis assassinatos de reputação.

Desproporcional

Pareceu-me totalmente desproporcional (quase um quarto da página) a edição da foto das obras de Sepetiba 2 dentro de Panorâmica à pág. C3 (edição SP), ainda mais de comparada com ao pequena nota a que se refere.

Não é bem assim

O título ?Estado quer policiais de Marta nas ruas? (pág. C4) não corresponde bem ao texto da reportagem. Os policiais em questão, embora façam a guarda do gabinete da prefeita, são da PM, não de Marta, certo?

Sísifo

Faltaram as idades de Aldaíza Sposati (?PSB perde secretaria para o PT?, pág. C5) e de Michael Jordan (?Michael Jordan fará cirurgia e pode ficar fora do resto da temporada da NBA?). Informação, nos dois casos, relevante.

Números

?Prefeitura terá de criar vagas em creche? (Cotidiano, pág. C5) traz estimativa de que haveria ?…entre 80 e 100 mil ?sem-vaga? nesses dois níveis de ensino (creche e pré-escola)?. O correto seria ?entre 80 mil e 100 mil?, certo?

Anúncio

Vejo na Folha informe publicitário em que SBT, Record e Band desautorizam a Abert a falar em nome dessas emissoras. Evidencia uma crise na entidade e um confronto exposto, ao que parece, com a Globo. Não vi no jornal reportagem sobre o assunto.

Esclarecimento

Recebi do colunista Luis Nassif o seguinte esclarecimento a respeito do item 1) da nota ?Colunistas? da crítica interna de ontem:

?Mando minhas colunas em arquivo Word. Incluí a URL da Dinheiro Vivo por um breve período, depois que vi outros colunistas incluindo seus endereços e quando mandar páginas pessoais se tornou hábito nos e-mail. Mas foi por um curto espaço de tempo, tão curto que fui conferir meus arquivos e desde fevereiro de 2001 (portanto há mais de um ano) as colunas vão sem meu e-mail e sem a URL.?

A decisão, portanto, estaria nas mãos da Redação.

Contestação

Recebo do editor de Mundo, Sérgio Malbergier, via SR, a seguinte contestação sobre o item ?Política colombiana? da crítica de ontem:

?Sobre a crítica interna de ontem (26/2), apontando que ?falta elucidar ao leitor aspectos mais de fundo da política colombiana?, gostaria de esclarecer que elucidamos as dúvidas do ombudsman na sexta-feira passada, após o início da ofensiva do governo, quando os candidatos se posicionaram sobre o tema. Fomos ainda, já antes da guerra, o único jornal brasileiro a entrevistar o favorito nas pesquisas e a registrar com destaque as posições de cada candidato, acompanhadas de análise e contexto. Acho impossível, dado o nosso espaço reduzido, dar o contexto eleitoral diariamente, ainda mais porque os candidatos não mudaram de posição desde que registramos suas declarações sobre a ofensiva. Como o assunto é relevante, tentaremos, na medida do espaço, ressaltar mais o tema.?

Li a edição de sexta-feira, e acho que ela deu conta apenas em parte do quadro político/eleitoral mais geral na Colômbia. Além disso, há uma pequena confusão para quem está seguindo o noticiário. Naquela edição, por exemplo, o candidato que ontem o jornal chamava de ?independente? aparecia como ?direitista?, enquanto o ?opositor? aparecia como ?liberal?. Compreendo as limitações do espaço e concordo com o editor que se deve tentar ressaltar mais o tema.

26/02/2002

A notícia que é manchete na Folha (?Dívida do setor público é a mais alta desde 1991?) não obteve nenhuma menção nas capas dos demais diários, com exceção dos econômicos. Isso não quer dizer que o jornal tenha errado (ver nota abaixo). O ?Estado? optou pela crise no país vizinho (?FMI volta a negar ajuda imediata à Argentina?). Os do Rio, mais uma vez, privilegiaram a epidemia da dengue (?JB?: ?Dengue esvazia estoque de sangue?, ?Globo?: ?Doentes de dengue passam até 9 horas em filas de postos?). Só o ?Estado? não estampou na capa o ?anseio popular? pela volta de Romário à seleção.

Colunistas

Não se discute a importância dos colunistas no jornal, tampouco a liberdade de opinião que lhes deve ser assegurada. Trata-se de um dos pilares do jornal. Duas ponderações, porém:

1) na coluna vertical de hoje (pág. A2), acrescenta-se ao crédito o endereço do site (idj.org.br) de um instituto que é, claramente, ?propriedade? do colunista e que, além disso, não esconde sua relação com a campanha eleitoral de Ciro Gomes. Faz par com divulgação semelhante e fixa de sites ?pessoais? de outros colunistas (exemplo: Luiz Carlos Mendonça de Barros, Luis Nassif). A meu ver, trata-se de uma extrapolação e de uso do jornal para divulgação gratuita de negócios particulares;

2) A coluna Marilene Felinto de hoje abre a campanha eleitoral explícita, por colunistas, dentro do jornal. A julgar por seu conteúdo, de agora em diante todos os demais colunistas estão autorizados a fazer campanha para seus candidatos preferenciais em seus respectivos espaços.

No lugar de Daniel…

O jornal anuncia (?Palocci substitui Celso Daniel na equipe petista?, Brasil, pág. A6) o novo coordenador do programa de governo de Lula. OK. Faltou, porém, o perfil pessoal do prefeito de Ribeirão Preto (idade, formação, histórico político etc).

Política colombiana

O recrudescimento da tensão na Colômbia tem merecido destaque na Folha. O jornal não tem conseguido, porém, mostrar ao leitor um quadro político mais aprofundado, para além da dicotomia guerrilha versus resto do país, ainda mais à véspera de uma eleição presidencial. Hoje, por exemplo, menciona-se haver um candidato independente (Uribe) e um opositor (Serpa). Qual é a diferença? Quais são os candidatos e qual é a relação de cada um deles com a questão histórica das Farc? E a esquerda? Falta, a meu ver, elucidar ao leitor aspectos mais de fundo da política colombiana.

Moscou e pastel

1) Posso estar enganado, mas vale a pena checar. A legenda da foto de Kissinger (de julho de 2001) na pág. A10 informa que o ex-secretário está em Moscou. Em redor dele, porém, só há jornalistas de olhos puxados. Não será China, Japão, Coréia?

2) Ficou incompreensível a primeira frase do segundo parágrafo da retranca ?Brasil exporta energia para evitar colapso? (Dinheiro, pág. B5). Há um pastel.

Como assim?

Informa a Panorâmica ?EUA querem a extradição de paquistanês? (Mundo, pág. A11) que o governo Bush pediu a extradição do extremista islâmico suspeito de ter sequestrado e assassinado o jornalista Daniel Pearl. Com base em quê? Qual acordo existe entre os dois países, do ponto de vista do direito internacional, que permitiria isso? O jornal fica na superfície.

Didatismo

1) O jornal não explica ao leitor qual é a importância e a composição da dívida pública no atual contexto da economia brasileira (capa de Dinheiro). Fora o fato de ser um recorde e de ser indicador apreciado pelo FMI, por que é tão relevante, a ponto de merecer manchete, a informação de que ela já atinge 55% do PIB? Não há explicações;

2) A mesma ausência de clareza aparece no texto ?País crescerá como no milagre, diz Fraga? (pág. B2), quando se menciona ?a questão do núcleo do índice inflação?. O que vem a ser isso?

3) Mais um caso: o que são os ?patacones?, mencionados no abre da pág. B5 (?Arrecadação fiscal cai 25% na Argentina?)?

Cerco a Andinho

Uma comparação entre o texto da reportagem da Folha sobre a prisão do sequestrador Andinho e o do ?JT? permite avaliar como o primeiro é burocrático, relatorial. O texto do ?JT? traz muito mais detalhes da operação policial (como foi cercada a chácara etc). Não estão em jogo, aqui, as informações (neste aspecto, acho que o jornal ficou devendo apenas uma foto quente da prisão, como a publicada, por exemplo, pelo ?Globo?, a partir da agência Anhanguera _a imagem, ao menos, é apresentada como sendo da prisão efetuada ontem). Procuro tratar, sim, da questão do texto e da apuração de detalhes que só fazem enriquecer (desde que não sejam inventados, claro) uma reportagem, em especial na área policial.

Romário na seleção

Faltou informar a idade do atacante do Vasco, considerado um veterano, em ?69% convocam Romário? (Esporte, pág. D1)."