Tuesday, 16 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Bloomberg numa boa

MACONHA

O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, disse que não processará a Organização Nacional para Reforma das Leis sobre Maconha (NORML, sigla em inglês), pela campanha publicitária de US$ 500 mil que a instituição fez usando sua imagem. "Eu nunca minto", disse o sucessor de Rudolph Giuliani, em tom ameno. "Me perguntaram se já tinha fumado e eu respondi." A resposta é um dos slogans da NORML. Em cartaz, Bloomberg aparece ao lado da frase "Pode apostar que fumei. E gostei". Emily Gest e David Saltonstall [New York Daily News, 10/4/02] contam que a confissão foi feita em entrevista durante a campanha eleitoral, no ano passado. "Fumei quando era jovem, como penso que fez a maioria das pessoas da minha geração."

Com a campanha, a organização pede que os usuários de maconha tenham mais liberdade na cidade. No entanto, o prefeito garante que não vai relaxar a política de forte repressão à droga em Nova York. Em 2001, 52 mil pessoas foram presas por fumarem marijuana em público; em 1992, foram somente 720.

A NORML nega que queira arranhar a imagem do prefeito. "Nós o admiramos", afirma o diretor Keith Stroup. "Quero perguntar a ele ‘você deveria ter sido preso quando fumou maconha? ‘Claro que não. Ninguém deveria." Traficantes e usuários são simpáticos à campanha e ao prefeito. "Mostra que ele é uma pessoa de verdade", analisa Jay, que não quis dar o nome completo. "Amo o prefeito. Ele pode fumar comigo um dia."

PBS & GLOBALIZAÇÃO

A série da PBS (rede pública de TV dos Estados Unidos) sobre a economia global, que causou polêmica por ser patrocinada por grandes corporações, terminou de ser exibida no dia 17/4. Alto comando: A batalha pela economia global traçou panorama da luta entre governos e mercados pelo controle da economia no século 20, conta Eric Burroughs, da Reuters [14/4/02].

O diretor Daniel Yergin, autor do livro no qual a série se baseou, usou mais de 100 entrevistas, entre as quais com Mikhail Gorbachov e Bill Clinton, muitas com pessoas comuns, para mostrar a evolução histórica que conduziu o mundo à globalização.

O documentário afirmou que o novo consenso de livre-comércio e mercados abertos foi o melhor meio para elevar o padrão de vida. Mesmo na China comunista, disse, as reformas capitalistas ajudaram a tirar 300 milhões de pessoas da pobreza. Segundo Yergin, o relativo sucesso de países como Índia e Brasil (!) estaria ajudando as nações em desenvolvimento a assumir um papel mais importante nas negociações internacionais, o que é fundamental para levar o princípio do livre-comércio adiante. Após os ataques de 11 de setembro, a participação dos pobres tende a aumentar, pois os ricos foram obrigados a ver o problema do abismo social, que se acentua.

Pelo menos neste ponto ficou claro que os problemas que a globalização traz nem este vídeo, patrocinado pelos seus agentes, conseguiu esconder.