Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Carla Meneghini

DROGAS N?O CLONE

"Entrevista / Glória Perez", copyright Folha de S. Paulo, 3/03/02

"A novela ?O Clone? tem recebido muitas críticas de leitores do TV Folha por mostrar o envolvimento da personagem Mel (Débora Falabella) com drogas e sua trajetória rumo à dependência química. Alguns consideram a abordagem do tema invasiva e, até mesmo, apológica (ver e-mails ao lado).

Na entrevista a seguir, a autora, Glória Perez, fala sobre a polêmica e nega que as cenas possam incentivar o uso.

Qual é seu objetivo ao mostrar o envolvimento de Mel com drogas?

É abrir o debate a respeito do assunto. As drogas estão aí, ganhando espaço e destroçando vidas. Não dá mais para fazer de conta que o problema não existe, que é algo que só acontece na família dos outros! Estou fazendo a minha parte, espero que a imprensa e as instituições façam as suas.

Como você pretende diferenciar conscientização de apologia das drogas?

Falar de um assunto não é fazer a apologia dele! Calar pode ser!

Mas uma parcela do público de ?O Clone? é formada por adolescentes…

Exatamente por isso acho que a novela pode prestar um grande serviço, esclarecendo esses jovens, permitindo que eles vejam, através de uma situação vivida, o que a droga é capaz de fazer com as pessoas. E que compreendam o que é dependência química.

Mostrar o consumo de drogas pode estimular a curiosidade de adolescentes?

Estou mostrando a Mel experimentando e o Lobato (Osmar Prado), que está no fim da linha. As cenas da Mel são coladas às cenas do Lobato, onde ele explica sempre o que ela está sentindo. Por exemplo, há uma cena em que ela diz que está só experimentando, pára na hora que quiser. Em seguida, corta para o Lobato contando que o problema está exatamente nisso: a gente sempre pensa que pára quando quer. E quando quer, já não consegue mais. Por outro lado, as incursões de Mel e Nando pelo mundo das drogas não são tratadas como uma coisa bacana. São sempre questionadas pelos personagens Xande [Marcello Novaes?, Telminha [Thaís Fersoza? e outros, que sinalizam os riscos que Mel corre.

Quais são as vantagens e desvantagens do debate provocado dentro de uma obra dramatúrgica em relação às campanhas antidrogas tradicionais?

Estou usando a dramaturgia para botar em cena pessoas reais: ex-dependentes e seus familiares vêm falar de suas experiências e contribuir para o esclarecimento maior da questão.

Todos os ex-dependentes com quem conversei acham que as campanhas tradicionais não dão certo porque elas partem de um pressuposto falso: a droga é ruim. O jovem que está experimentando acha que quem diz aquilo não entende nada, porque é claro que a droga não é ruim. Se fosse ruim, ninguém se viciava nela. Então o importante é mostrar que o prazer inicial que ela propicia logo se transforma em dor. Penso que a grande vantagem dessa campanha é que ela está sendo feita do ponto de vista das pessoas que viveram o problema. Estou abrindo espaço para que essas pessoas se dirijam ao público e digam o que elas acham que precisa ser dito, o que elas acham que teria eficácia.

Como evitar que o lado positivo da droga -o prazer, a euforia e a diversão- prevaleça na visão do telespectador?

É uma visão equivocada essa. A droga não tem dois lados. Há um lado só: o mal à saúde e à vida. Apenas estamos deixando claro que se a droga consegue pegar as pessoas pelo pé é porque ela se apresenta como uma possibilidade de prazer e de euforia. Mas, se a pessoa embarca nessa ilusão, encontra exatamente o contrário disso: a depressão, a dor, a vida escoada pelo ralo.

Você tem recebido muitas críticas?

Também tenho recebido muitas cartas emocionadas de ex-dependentes, dependentes, de gente que trabalha com o assunto, e de pais e mães que estão encontrando, por meio da novela, uma deixa para conversar claramente com os filhos sobre esse assunto."

 

JORNAL METRO

"Jornal grátis francês briga com CGT", copyright O Estado de S. Paulo, 01/03/02

"A direção do jornal gratuito Metro, lançado em Paris e Marselha pelo grupo norueguês Schibsted, no último dia 18, entrou com ação na Justiça contra o sindicato dos tipógrafos ligado à CGT (Syndicat du Livre) por entravar, desde então, ?com ameaças e violência?, a circulação do diário, acusado pela imprensa em geral de promover concorrência desleal e favorecer o ?dumping? econômico e social.

Os 200 mil exemplares do jornal são impressos em Luxemburgo, transportados por caminhão para Paris e Marselha e então distribudos nas ruas e no metrô.

Diante dos protestos generalizados da mídia contra essa ?perversão do mercado?, a ministra francesa da Cultura e da Comunicação, Catherine Tasca, solicitou aos seus auxiliares um estudo sobre o impacto econômico e social efetivo dos jornais gratuitos na França e nos demais países europeus, a fim de determinar se este tipo de imprensa constitui um risco à sobrevivência dos jornais pagos, sobretudo dos mais frágeis.

A ministra não adiantou que medida tomará caso seja comprovado o caráter nocivo dos ?gratuitos?. Estes, por drenarem parte considerável dos recursos publicitários destinados à imprensa paga, já provocaram a falência de vários periódicos na Suécia, Noruega, Finlândia e uma diminuição, entre 10% e 15%, da difusão de outros tantos nos 14 países em que já circulam, entre os quais a Argentina e o Chile.

Ao condenar a ?invasão? dos gratuitos na França, Le Monde, o mais influente jornal francês, afirmou que tais veículos colocam um problema de credibilidade para a imprensa no seu conjunto, na medida em que maltratam a informação, ao condensarem de modo simplista e incompleto os despachos das agências internacionais.

Desde o século 19, concluiu Le Monde, os jornais dependem basicamente de duas fontes de renda: a contribuição dos leitores e o aporte da publicidade.

Renunciar à primeira fonte é preparar o terreno para a uniformização mortal da informação."

 

ERRATAS

"Transgênicos", copyright Folha de S. Paulo, 27/02/02

"Solicito a correção da nota ?Advogado transgênico?, publicada na seção ?Painel? em 24/2 (Brasil, pág. A4). O advogado encarregado de fazer a defesa do caso transgênico -realizado ontem- na 5? Turma do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1? região (DF) é o procurador-geral da União, Walter do Carmo Barletta, e não o advogado-geral da União, ministro Gilmar Ferreira Mendes, como foi publicado. Essa decisão foi tomada no início da semana passada e informada a todos os jornalistas interessados no assunto que fizeram contato com esta assessoria de imprensa.? Marcia Gomes, assessora de imprensa da Advocacia Geral da União (Brasília, DF)

Resposta do editor do ?Painel?, Rogério Gentile – Gilmar Mendes estava, sim, escalado para fazer a defesa no caso dos transgênicos. Pretendia, até mesmo, fazer a sustentação oral, mas mudou de idéia. A sua decisão de transferir o caso para o procurador não foi transmitida à imprensa por meio de nota oficial da AGU.

PL no Paraná

?A direção regional do PL do Paraná vem esclarecer que, diferentemente das informações divulgadas na reportagem ?Divergências nos Estados comprometem chapa PT-PL? (Brasil, pág. A5, 22/2), o partido não integra a base de apoio ao governador Jaime Lerner (PFL). Votações recentes são as maiores demonstrações dessa posição. Na votação mais importante da história política do Estado do Paraná, estivemos contra a privatização da Copel. O PL tem sistematicamente votado contra projetos governamentais. Também não há, até a presente data, nenhuma definição a respeito de coligações.? Serafina Carrilho, deputada estadual, líder do PL na Assembléia Legislativa do Paraná e

Edson Praczyk, deputado estadual, vice-líder e secretário-executivo do PL (Curitiba, PR)

Nota da Redação – Leia a seção ?Erramos?."

 

SEM DIPLOMA

"Catarinense vai poder trabalhar sem diploma", copyright Folha de S. Paulo, 3/03/02

"O desembargador Edgard Antonio Lippmann Júnior, do Tribunal Regional Federal da 4? Região, garantiu a Celio Ricardo Klein o direito de exercer a profissão de jornalista em Santa Catarina sem pagar multa por não ter diploma da profissão. A União tinha interposto um agravo de instrumento no TRF de Porto Alegre, pedindo cassação de uma liminar obtida por Klein na 2? Vara Federal de Florianópolis, em dezembro, contra o pagamento de uma multa à Delegacia Regional do Trabalho. Lippmann negou o agravo, mantendo a liminar. Para o desembargador, o decreto 972, de 1969, que regulamenta a profissão, ?não pode restringir o direito constitucional ao livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão?. A atividade, na opinião de Lippmann, ?não prejudica a sociedade, a saúde, a liberdade ou a segurança pública?. A expressão jornalística, diz o desembargador, é de responsabilidade dos donos de jornal."