Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Casamento de Jesus em debate

RELIGIÃO

O presidente da divisão jornalística da emissora ABC, David Westin, recebeu, junto com alguns colegas e jornalistas, seis líderes religiosos americanos para discutir o documentário Jesus, Mary and Da Vinci, exibido no dia 3/11.

O filme se baseia no best-seller The Da Vinci Code, em que o autor Dan Brown propõe que Maria Madalena não era uma prostituta, mas a mulher de Jesus Cristo. O segredo seria guardado por uma ordem religiosa da qual Leonardo Da Vinci teria feito parte. Assim, algumas de suas obras dariam indícios do fato ? como em sua representação da Santa Ceia, em que a figura que normalmente se considera ser o apóstolo João seria, na verdade, Maria Madalena.

O programa tem entrevistas com pessoas renomadas como o escritor italiano Umberto Eco, e outras com reputação não tão boa, como Henry Lincoln, autor do livro Holy Blood, Holy Grail, uma narrativa maluca sobre Jesus e os cavaleiros templários. Alguns deles possivelmente não sabiam que seus depoimentos seriam usados para corroborar a questionável proposição de Brown.

Depois que os religiosos fizeram seus comentários, alguns trechos do documentário foram alterados. Houve reclamação, por exemplo, do diretor de comunicações da Arquidiocese Grega Ortodoxa da América, Nikki Stephanopoulos, que não gostou do uso do termo "ortodoxo" pela repórter Elizabeth Vargas para qualificar a rígida hierarquia católica na Idade Média.

Segundo Virginia Heffernan [The New York Times, 3/11/03], foi consenso entre os presentes à reunião que Jesus, mesmo casado, poderia ser divino. Provavelmente, a principal virtude de Jesus, Mary and Da Vinci, é gerar alguma discussão sobre temas religiosos na sociedade. A idéia de que Cristo tinha uma mulher pode ser interessante para muitos católicos que se decepcionaram com os escândalos sexuais envolvendo padres que apareceram nos últimos tempos.