Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Censura em tempos de guerra

THE WASHINGTON POST

Na opinião do ombudsman Michael Getler [The Washington Post, 23/9/01], a imprensa americana foi fundamental para ajudar os EUA a lidar com os ataques terroristas de 11 de setembro, e continua firme no trato dos desdobramentos do assunto. Para o ombudsman, não há grandes espalhafatos e sim organizações noticiosas individuais trabalhando em uma sociedade aberta, informando o público da forma mais precisa, profunda e rápida possível.

É difícil imaginar as duas semanas seguintes aos ataques sem ligar a TV ou o rádio para saber das últimas notícias, ou sem pegar aquele jornal gordo ou entrar naquele sítio sempre cheio de palavras para informar o leitor a qualquer hora do dia. Mas a mídia está prestes a velejar sobre águas mais perigosas e controversas com o início das operações militares americanas contra os perpetradores dos atentados.

Sempre houve certa tensão entre militares e a imprensa, em tempos de guerra, devido à disparidade de suas funções no cenário. Mas repórteres e fotógrafos americanos sempre arriscaram suas vidas para acompanhar a luta do país no campo de batalha, fornecendo à socidade americana registros detalhados, compilados e valiosos. Apesar disso, têm o bom senso de aceitar a censura se as informações que estiver transmitindo ou publicando puder colocar vidas em perigo, ou comprometer operações militares.

A situação nunca foi problemática para os EUA, exceto durante a Guerra do Golfo, quando a imprensa reclamou das severas restrições a que estavam sendo submetidos. No final, os americanos destruíram os iraquianos, tudo parecia perfeito demais para se preocupar com censura na imprensa ? realidade que todos conheciam. Para ter uma idéia, todas as reportagens que receberam o Prêmio Pulitzer naquele ano foram publicadas após o término da guerra.

Agora, o país parte para uma guerra sem precedentes. Os olhos dos jornalistas devem se voltar a Donald Rumsfeld, secretário de Defesa que controlará as informações. Essa questão não tira o sono do cidadão americano, mas será uma prova de fogo que mexerá com a estrutura da mídia em uma sociedade dita livre.

    
    
                     

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