Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Cientistas e jornalistas lado a lado em curso pioneiro


 

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eve início em 8 de março o curso de Jornalismo Científico da Unicamp, uma iniciativa conjunta do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor), do Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT), do Instituto de Geociências e do Departamento de Multimeios (DMM) do Instituto de Artes da Unicamp. A proposta deste curso é pioneira no Brasil, enquanto experiência institucional, e espera-se que possa funcionar como uma referência, tendo em vista a demanda cada vez maior por uma qualificação de profissionais que atuem no sentido de dinamizar as relações entre a produção de conhecimento e a circulação da informação.

Na aula inaugural, o coordenador do Labjor, prof. Carlos Vogt, fez a apresentação dos professores com os quais os alunos terão contato neste primeiro semestre de curso. E salientou a importância dessa experiência institucional ? uma atividade integrada da qual participam, como alunos, jornalistas e cientistas de diversas áreas.

Não só por parte dos alunos a formação e a experiência é diversificada, mas também por parte dos próprios professores que compõem o quadro docente. Além da divulgação científica, o curso irá focalizar a prática do jornalismo como um todo, as relevâncias e implicações sociais da C&T para o desenvolvimento do país, bem como o funcionamento da linguagem ? esta uma questão de fundo tanto para a ciência quanto para o jornalismo. Essa abrangência, que está na base da proposta geral do curso, já pode ser observada neste primeiro semestre.

São quatro as disciplinas agora oferecidas: “Fontes de informação em Ciência e Tecnologia”, de responsabilidade do prof. Renato Sabbatini, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp; “Teoria e prática do jornalismo”, disciplina que o jornalista Alberto Dines abre com quatro palestras e que conta também com aulas do prof. Victor Gentilli, da Universidade Federal do Espírito Santo; “Linguagem: jornalismo, ciência e tecnologia”, a cargo da prof?. Eni Orlandi, do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp; e “Ciência, tecnologia e sociedade”, de responsabilidade dos profs. Sérgio Salles e Sérgio Queiróz, ambos do DPCT, Instituto de Geociências da Unicamp. Estão sendo organizadas também, para ocorrerem durante os três semestres de duração do curso, palestras de profissionais ligados à divulgação científica no Brasil.

O aluno vai, desse modo, estar exposto a uma diversidade de visões e posicionamentos sobre as relações institucionais entre a Ciência e o Jornalismo, sobre a divulgação do conhecimento e da pesquisa científica.

Qual o impacto, por exemplo, da informação on line para a divulgação científica? Certamente são distintas as considerações de um acadêmico integrado nas discussões de ponta da ciência, de um jornalista com experiência nas transformações tecnológicas da mídia durante estes últimos anos, e de um especialista em linguagem, para o qual importa pensar na sua materalidade, no seu funcionamento.

A tecnologia da Internet coloca-se hoje como uma forma diferente de acesso ao produto da pesquisa científica, acadêmica. De que maneira ela implica a transformação das relações de produção/circulação do conhecimento? A Internet reordena tecnologicamente tanto a atividade editorial quanto a atividade de organização de acervos, ou seja, atividades que envolvem a leitura. E, em um primeiro momento, tende a ser pensada como uma tecnologia que poderá substituir as formas “anteriores” de leitura, de acesso ao conhecimento. Este é um exemplo das questões que já começam a ser discutidas no curso.

Também fará parte das atividades a publicação de uma revista eletrônica ? um exercício de jornalismo científico para os alunos explorando recursos da multimídia. Com a revista, pretende-se tornar visível a própria produção do curso e contar ainda com possíveis colaboradores. Segundo um planejamento inicial, a revista deve estar disponível a partir do segundo semestre. Paralelamente, serão divulgados textos sobre jornalismo científico na Ofjor Ciência, aqui no site do Observatório da Imprensa.