Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Cláudia Croitor e Liege Albuquerque

ELEIÇÕES 2002

"Marqueteiros de FHC e Lula batem boca em seminário", copyright Folha de S. Paulo, 11/04/02

"Uma provocação do publicitário Nizan Guanaes, ex-marqueteiro da campanha de Roseana Sarney (PFL) à Presidência e que atualmente cuida da imagem do presidente Fernando Henrique Cardoso, gerou um bate-boca com o marqueteiro da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em debate entre os dois promovido pelo seminário MaxiVoto, que terminou ontem, em São Paulo.

?Eu amadureci nos últimos anos, mas não estou preparado para dirigir o país?, disse Nizan, em resposta à defesa acalorada do PT feita por Duda, que afirmou ter aceito trabalhar na quarta campanha de Lula à Presidência porque o petista estaria mais ?maduro?. ?O Lula se permitiu mudar, e o PT como um todo está amadurecido?, afirmou.

Depois da resposta de Nizan, Duda reclamou que o colega de estava espalhando ?brincadeiras? sobre o PT, referindo-se a declarações de Nizan que comparavam o PT ao Taleban (milícia extremista islâmica que governou o Afeganistão de 1996 até 2001).

Nizan rebateu: ?Não há nada que eu tenha falado do PT que seja ao menos parecido com o que você falou na campanha de Maluf [para a prefeitura de São Paulo, em 1992, na qual Duda trabalhou para o então candidato do PDS??.

Duda havia iniciado a conversa dizendo que apenas o candidato do PT tinha ?compromisso e história? com o social. ?Se um extraterrestre chegasse aqui durante a campanha, iria achar que todos os candidatos eram de esquerda, porque os discursos são todos iguais. Mas todo mundo sabe que ninguém tem mais compromisso com o social que o Lula? disse.

?Não é só honestidade e compromisso que contam. É preciso ter consistência para dirigir o Brasil?, respondeu Nizan.

O marqueteiro do PT reclamou quando questionado por que Lula passou a aparecer usando sempre terno e gravata, com ?cara de empresário?, distanciando-se da imagem de operário que o consagrou. ?Antes batiam no Lula porque ele não se vestia bem e era muito radical. Agora, o criticam porque ele está bem vestido e falando bem?, afirmou Duda.

Em mais uma ?alfinetada? no colega, Nizan afirmou que ?jamais falaria para [algum político? trocar de óculos ou mudar o jeito de se vestir? para uma campanha, em referência indireta a Duda, que em 92 fez algumas mudanças na imagem de Paulo Maluf, como trocar a armação de seus óculos, considerada ?pesada?.

?É uma aberração fazer alguém parecer o que não é numa campanha?, disse Nizan, usando o pré-candidato do PSDB como exemplo: ?Serra, por exemplo, não pode ser vendido como uma ?Nossa Senhora da Simpatia?. O Lula tem mais simpatia, mas tem menos preparo?.

O publicitário afirmou que seu maior erro como marqueteiro foi ter trabalhado para a campanha de José Serra (PSDB) à Prefeitura de São Paulo, em 1996. ?Eu não queria, ele também não. Foram dois equívocos: ele sair para prefeito e eu como marqueteiro?.

Nizan disse ainda que o ex-governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), teria sido seu candidato ideal à Presidência.

Depois da discussão sobre o PT, os dois publicitários passaram a trocar amabilidades e mostrar idéias parecidas. Ambos foram unânimes ao afirmar que a campanha atual tem ?excelente nível de candidatos? e que não há candidatos de direita. ?Mesmo Roseana, apesar do partido [PFL? e de tudo o que está acontecendo agora, não tem um passado de direita?, disse Duda.

Sem se referir diretamente à sua saída da campanha da pefelista, Nizan disse que prefere não trabalhar em campanhas. ?Engordo muito. É tudo muito tenso.?"

 

"Pimenta no vatapá", copyright IstoÉ, 12/04/02

"As receitas foram muitas, mas a melhor forma de se ganhar uma eleição ainda é ter um candidato com conteúdo e capaz de somar votos. Parece óbvio, mas a síntese defendida pelos papas da estratégia eleitoral dos EUA e do Brasil, que participaram do encontro internacional de marketing político MaxiVoto, realizado em São Paulo na última semana com apoio de ISTOÉ, foi desmistificar o poder do marketing nas campanhas. O ponto alto do encontro – que reuniu os americanos Dick Morris, que levou Clinton à reeleição, e Mark Mckinnon, conselheiro de George W. Bush, entre outros – foi o tempero baiano de Duda Mendonça, que está trabalhando para o PT e de Nizan Guanaes, que atua no marketing de FHC. Mestre e discípulo duelaram.

Duda e Nizan mostraram que no vatapá político de 2002 vai ter muita pimenta e dendê. No auge da discussão ideológica, o bate-boca: ?Você está perdendo o bom humor??, perguntou Nizan. ?Não faço demagogia, não planto notinhas em jornais?, replicou Duda. Na tréplica, Nizan fez piada: ?Esse negócio de plantar aqui e ali é coisa de agricultor… Não há nada que eu tenha falado do PT que seja ao menos parecido com o que você falou na campanha do Maluf.? Para Nizan, Lula não tem preparo para governar o Brasil e foi categórico ao afirmar que as eleições serão plebiscitárias, sem o contexto de bem contra o mal. ?Eu também amadureci ao longo dos anos, mas não estou preparado para ser presidente do Brasil?, afirmou Nizan. Na defesa de Lula, Duda ressaltou que o ex-metalúrgico ?mudou e quer mudar o Brasil. Você fez um discurso defendendo FHC nos dois mandatos e ainda quer um terceiro. Eu defendo o outro lado, principalmente a alternância de poder?.

Nizan aplaudiu Duda quando o publicitário do PT respondeu uma pergunta da platéia sobre as críticas da mídia à imagem de Lula, ora radical, ora aburguesado. ?Antes batiam no Lula porque ele era radical e não se vestia bem. Agora o criticam porque está bem vestido e falando bem.? Nizan confessou que preferia como candidato do PSDB o governador do Ceará, Tasso Jereissati, devido ao seu carisma, e admitiu que um dos seus maiores erros foi ter trabalhado para José Serra em 1996, quando ele disputou as eleições para a Prefeitura de São Paulo. Quanto à dificuldade de imagem de José Serra, Nizan, de forma bem-humorada, disse que o ex-ministro não é ?nenhuma Nossa Senhora da Simpatia?.

Um outro ponto polêmico ficou por conta de Dick Morris. Para o americano, os partidos políticos estão perto do fim. Ele previu o crescimento de Garotinho, defendendo a tese da personalização das eleições, e aconselhou Serra a desvincular-se da imagem de FHC, dando como exemplo Al Gore e Clinton. Disse ainda que o Brasil precisa aproveitar a economia globalizada para se fazer ouvir. Segundo Morris, a moeda forte brasileira é a Amazônia. ?Vocês têm a chave para salvar o planeta, mas precisam se dirigir ao Primeiro Mundo dizendo: ?Ok, vocês vão ter que consumir o nosso suco de laranja, a nossa carne. Vocês têm que nos dar capacidade de suprir nossas necessidades?.? O conselheiro de Bush também não se esquivou de comentar a política brasileira. Para Mackinnon, os maiores desafios enfrentados por Bush na campanha são os mesmos de Lula: o senso comum e a economia. ?Lula tem que transmitir perseverança, convencer o eleitor de que nunca desistiu porque nunca deixou de acreditar.?"

 


"Garotinho volta ao rádio para ?fiscalizar? PT", copyright
Folha de S. Paulo, 9/04/02

"O pré-candidato do PSB a presidente, Anthony Garotinho, deixou a caneta de governador de lado e assumiu novamente o microfone de radialista. No último sábado, ele reestreou na rádio Tupi, do Rio, o programa ?Show de Garotinho?, o mesmo que comandou entre 1994 e 1995, quando ficou sem cargo eletivo.

O programa irá ao ar todos os sábados, de 8h às 10h. Ele pretende, como disse na reestréia, fiscalizar a administração de Benedita da Silva, do PT, que concorrerá à reeleição contra sua mulher, a ex-primeira-dama Rosinha Matheus.

Pela Lei Eleitoral, Anthony Garotinho poderá comandar seu ?show? no rádio até o dia 15 de junho. Até lá, o ex-governador pretende mesclar as viagens de campanha com a profissão de radialista.

Atualmente, o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Rio examina duas representações contra Garotinho por propaganda eleitoral indevida. Ele é acusado de propagandear sua candidatura à Presidência no programa ?Prestação de Contas?, que foi ao ar no dia 26 de janeiro na rádio Tupi, e no jornal eletrônico ?A Força do Povo -Governo Garotinho?."