Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Comissão de Especialistas na trincheira da privatização

EXAME NACIONAL DE CURSOS

Rogério Tomaz Jr. (*)

Com seu artigo publicado na última coluna desta seção, o professor Victor Gentilli mais uma vez desvirtuou a discussão sobre qualidade e avaliação da formação. Além disso, usou uma lógica inconsistente para distorcer o foco da nossa atuação e dos nossos argumentos. A Enecos não está “na mesma trincheira” da Anafi. Mesmo sem conhecer oficialmente os objetivos daquela entidade, podemos afirmar com certeza que são bem distintos e divergentes dos nossos. A Enecos e os estudantes de Comunicação não combatem o Provão somente.

Combatem o modelo privatista e mercantilista de educação superior da dupla FHC & Paulo Renato, do qual o Exame Nacional de Cursos é apenas um, dentre tantos, dos seus instrumentos de implantação. Nunca soubemos de qualquer incentivo da Anafi ao boicote ao Provão e à luta pela sua substituição por uma avaliação verdadeira e honesta com a sociedade. Aliás, nunca soubemos ? até a divulgação do fato gerador do texto do professor Gentilli ? da existência de tal entidade. Ademais, a Enecos nunca tentou, sob qualquer circunstância, proibir a divulgação dos resultados do ENC.

Ao contrário, a divulgação dos rankings e das letrinhas sempre foi um fato de grande relevância política nesta luta em particular. Pelo raciocínio do professor, poderíamos chegar à seguinte conclusão: se o ministro Paulo Renato, que é à favor da privatização das universidades públicas ? já declarou isso à Folha de S. Paulo e a vários outro veículos ?, tem como fiéis agentes de sua política os professores das comissões de especialistas de ensino e do Provão, podemos dizer que estes professores são a favor e estão na mesma trincheira da luta do ministro ? que visa acabar com as universidade públicas, gratuitas, de qualidade e de amplo acesso social.

Ou seja, podemos dizer que o professor Gentilli, assim como seus ex-colegas de comissões, são a favor da privatização das universidades públicas. A lógica parece simples, mas não é. Quando as premissas, os princípios, os meios e os objetivos são diferentes, é impossível igualar dois sujeitos políticos. Se os defensores do Provão ? o professor Gentilli entre eles ? são contra o ensino superior público e gratuito ou se vão ficar infelizes com o fim do ENC não vem ao caso, assim como não vem ao caso por qual caminho o MEC vai derrubar a decisão judicial que solicitou a Anafi. Todos sabemos que os resultados vão ser divulgados em breve (ou já foram, a esta altura dos acontecimentos) e seremos ativos, novamente, na revelação das farsas. De todo jeito, podemos aproveitar o último parágrafo do texto do professor para cobrar uma tomada de atitude: o Avaliação pra Valer! pode ser implantado no curso de Comunicação Social da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo), basta o professor Gentilli e seus colegas de departamento quererem e deliberarem. Nossos colegas em Vitória estarão atentos ao tema.

(*) Estudante de Comunicação (Jornalismo), integrante do Diretório Acadêmico de Comunicação Social da UFMA e da Enecos)

 

Jamais sequer insinuaria que a Enecos e a Anafi teriam objetivos assemelhados. Todos os jornais noticiaram a batalha judicial pela diretoria da Anafi. Todos os jornais noticiaram que a Comissão de Especialistas não se reúne desde outubro de 2001, que em fevereiro de 2002 foi anunciada sua dissolução; que desde o término dos mandatos, em junho de 2002, a Comissão não existe mais. Bastava ler o Observatório da Imprensa com atenção que encontraria a Anafi, encontraria meu vigoroso e recorrente apoio ao Avaliação pra Valer!. Lamento muito que um estudante de Jornalismo não leia jornais. Principalmente um dos coordenadores da Enecos. Outros esclarecimentos podem ser encontrados no artigo que deu origem a esta réplica e no artigo deste observador, que abre esta rubrica. Na remissão, encontrarão um trecho que deve ter passado despercebido por Rogério: “Os estudantes de Jornalismo e os donos de faculdades privadas combatem o Provão por motivos diferentes.”

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