Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Comunique-se

CRISE & CAPITAL ESTRANGEIRO

"Jornalistas da Gazeta Mercantil em São Paulo voltam ao trabalho", copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 21/11/01

"Jornalistas da Gazeta Mercantil em São Paulo estão voltando aos poucos ao trabalho. Segundo fonte grevista, houve um racha no movimento. ?Vamos esperar as negociações dos atrasados trabalhando?, disse a fonte. Nesta segunda-feira (19/11), houve assembléia no Sindicato onde se chegou à conclusão de que não haveria motivos para continuar uma paralisação se a grande maioria foi demitida.

Em Brasília, o clima continua tenso. Jornalistas esperam o depósito de parte dos atrasados até o final desta terça, conforme prometido pelo diretor de redação, Carlos Iberê. Eles prometem uma nova paralisação caso o pagamento não seja feito. Na última sexta-feira (16/11), eles entregaram indicativo de greve à direção da empresa. Duas fontes de Brasília disseram não estão conseguindo navegar no Comunique-se, nem no BlueBus e no Gazeta Blogspot – estranhamente os três sites que acompanham diariamente a situação na Gazeta Mercantil.

O site BlueBus conversou com o administrador da sucursal no DF, Fábio Barbachan. Ele negou que tenha recomendado aos demitidos procurarem a Justiça para receber seus direitos. ?A empresa está resolvendo a melhor forma de quitar suas dívidas junto ao Sindicato dos Jornalistas?, disse Barbachan a BlueBus. ?É mentira dele. Não nos procuraram para nenhuma negociação. Também porque não vamos negociar nada. O sindicato não abre mão de nenhum centavo?, rebateu o diretor do sindicato em Brasília, Paulo Miranda.

Em São Paulo, o presidente do Sindicato, Fred Guedini, esteve na sede do jornal para tentar uma negociação. Ele tentou uma reversão das demissões por justa causa. Segundo o diretor do sindicato, Amílton Vieira, a direção da empresa não apresentou nenhuma proposta financeira. O sindicato promete contestar a decisão do TST de suspender a sentença do TRT-SP.

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) suspendeu, na quarta-feira (14/11) a sentença do TRT-SP, favorável aos grevistas da Gazeta Mercantil, a pedido da empresa. O despacho foi assinado pelo presidente do TST, Almir Pazzianotto. Ficam suspensos a estabilidade de 60 dias, o pagamento dos dias parados e o das férias. ?É uma decisão absurda porque, ao mesmo tempo em que reconhece a legalidade da greve, vai contra os grevistas. Acho que o tribunal deveria mudar de nome. Deveria se chamar Tribunal Superior da Empresa?, disse o presidente do Sindicato de São Paulo, Fred Guedini, revoltado com a decisão.

Fontes grevistas se dizem surpresas com a decisão de Pazzianotto. Em outubro, o ministro recebeu uma comissão de greve e manifestou seu apoio ao movimento. Na época, disse: ?A principal responsabilidade de qualquer empresário é pagar em dia os salários e os direitos trabalhistas aos empregados. O compromisso trabalhista é absolutamente prioritário e essa prática de jogar os passivos trabalhistas para o espaço tem que parar no Brasil?.

Na Argentina, os jornalistas em greve por 48 horas voltaram a trabalhar depois que a GZM reconheceu dever 100% dos salários de outubro e prometeu pagar a metade do que devem."

 

"FHC quer apressar emenda que abre capital da mídia", copyright Folha de S. Paulo, 21/11/01

"O presidente Fernando Henrique Cardoso comprometeu-se ontem a apoiar a proposta de emenda constitucional que permite a participação do capital estrangeiro em empresas brasileiras de comunicação, até o limite de 30% do seu capital total e votante.

Em audiência concedida a seis dos principais empresários do setor, FHC concordou que é o momento de fazer essa modificação na legislação e disse que conversaria com o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), com o objetivo de apressar a inclusão da emenda na pauta de votações.

Aécio informou que a proposta deverá ser votada na semana que vem. A expectativa é que seja aprovada neste ano na Câmara e no início do ano que vem no Senado. São necessários dois turnos de votação em cada Casa.

Estavam presentes à audiência com FHC o presidente da Empresa Folha da Manhã Ltda. (que edita a Folha), Luís Frias, o diretor-superintendente de ?O Estado de S. Paulo?, Francisco Mesquita Neto -que é presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ)-, o presidente do Grupo Abril, Roberto Civita, o vice-presidente de Relações Institucionais das Organizações Globo, Evandro Guimarães, o diretor-presidente da Rede Brasil Sul, Nelson Sirotsky, e o presidente dos Diários Associados, Paulo Cabral de Araújo.

Os empresários representam, além da ANJ, a Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e a Associação Nacional de Editores de Revista (Aner).

Mesquita Neto disse que os empresários foram expor seu ponto de vista -consensual- a FHC. Segundo ele, a atual legislação é arcaica e deixa as empresas tradicionais de comunicação em condições desiguais de competição com os novos meios (TV por satélite, a cabo, internet), que não estão sujeitos às mesmas restrições.

Frias afirmou que o mérito da idéia é permitir não só a capitalização das companhias de mídia brasileiras, como também a permanência do controle e da gestão nas mãos de brasileiros.

?É importante frisar que 70% do capital tem de permanecer nas mãos de brasileiros e por conseguinte a gestão dos negócios permanecerá nas mãos de brasileiros?, disse Frias.

Sirotsky disse que os empresários da mídia estão sem condições de competir nos mercados nacional e internacional diante do anacronismo da legislação e do mundo globalizado. Ele considerou histórica a união dos proprietários de jornais, revistas e emissoras em torno da emenda.

Civita afirmou que o mais importante da emenda é a possibilidade de as empresas se capitalizarem, já que, pela proposta, a propriedade de meios de comunicação é aberta a pessoas jurídicas.

?Enquanto apenas pessoas físicas puderem ser proprietárias de empresas de mídia, não há como ampliar o capital significativamente. O único jeito de capitalizar é tomando empréstimo, que não é a coisa mais saudável?, afirmou.

Cabral, dos Diários Associados, disse que a restrição a pessoas jurídicas cria dificuldades de toda ordem quando as empresas querem fazer aumento de capital.

Mesquita Neto afirmou que não há uma previsão do volume de investimentos estrangeiros nesse setor, mas que a emenda abre a perspectiva para as empresas levantarem recursos, investir em tecnologia e em mão-de-obra e aumentar empregos.

Evandro Guimarães disse que as empresas podem decidir fazer a abertura do seu capital exclusivamente no mercado interno. ?A estrutura deixa de ser familiar e evolui para uma estrutura societária, mais moderna e adequada ao crescimento dos negócios?."