Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Conceitos “modernos” da mídia

Edição de Marinilda Carvalho

“Quando a comunicação fere e mutila”, excelente artigo da jornalista Thea Tavares, publicado na edição passada [ver remissão abaixo], mereceu elogios de três leitores, dois deles do interior.

É inegável que a imprensa é preconceituosa com “colonos”, “caipiras”, “interioranos”. E seria preciso lembrar que também o é com suburbanos, favelados e periféricos, no caso das cidades.

Antigamente, as redações cariocas eram um caldeirão de sotaques: chegava gente de todas as partes do país para ser jornalista no Rio. Há tantos exemplos de “interioranos” que fizeram carreiras brilhantes que é melhor nem citar nomes. Hoje, 90 em 100 têm sotaque da Zona Sul do Rio. Um fenômeno à espera de estudo.

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Nota da Redação: O Observatório da Imprensa não publica mensagens assinadas com pseudônimo ou iniciais. Cartas só serão acolhidas quando claramente identificada sua autoria.

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PRECONCEITO CAMPESINO

Queria parabenizar a jornalista Thea Tavares pelo artigo. Sou do oeste do estado de Santa Catarina, mais especificamente de São Miguel do Oeste, próximo a Chapecó, e convivi de perto com a realidade descrita por Thea. Muitos membros da minha família são agricultores, vivem da subsistência, e o preconceito quanto aos colonos é forte quando chegam a cidades maiores. Meus pais não são agricultores e, mesmo assim, quando nos mudamos e viemos para Blumenau (considerada uma cidade grande, comparando-se às demais cidades catarinenses), o sotaque regional e o fato de sermos do interior do estado eram motivos de chacota e piada de todo tipo, o que se tornou um preconceito claro, não somente relacionado aos agricultores do interior e também das cidades grandes, mas do interiorano em si.

São essas pregações de conceitos “modernos” que circulam na mídia que fazem com que a discriminação se sustente. É preciso repensar os pressupostos jornalísticos e mudar a cara da nossa imprensa, e, como estudante de Jornalismo, quero fazer parte dessa transformação na comunicação social, uma melhoria necessária para uma realidade construída sobre parâmetros ilusórios.

Cara Thea, como estudiosa da forma de ser da imprensa, parabenizo o seu tão lúcido texto “Quando a comunicação fere e mutila”, que já selecionei como material a ser analisado pelos professores com os quais trabalho, fazendo a leitura crítica de nossos jornais. Meus parabéns!

Excelente o artigo. Sou do Estado do Rio e minha falecida mãe sempre comentou sobre a realidade de sua vida em Trajano de Morais, há cerca de 70 anos, onde não havia o problema da fome, pois todos produziam ou tinham acesso a preços módicos ao necessário para a sobrevivência. Com o êxodo rural, vemos nas periferias milhares de pessoas que vieram em busca do milagre da grande cidade e encontraram o pesadelo do desemprego e da falta de solidariedade, característica maior do povo do interior.

Recentemente estive no interior do Rio Grande do Sul e, visitando uma vinícola eminentemente familiar, a Dom Laurindo, pude perceber no jovem que nos ofereceu a degustação dos vinhos o orgulho de nos mostrar um produto que foi fruto do trabalho de sua família, desde a produção da uva até o vinho; e tudo com tecnologia de ponta… É fundamental que haja apoio governamental para a agricultura familiar e cooperativada, dado por entidades diversas, bem como a valorização daqueles que produzem o alimento nosso de cada dia, em melhores condições de vida no campo e aumento de sua auto-estima.

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