Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Contra o inimigo invisível

NOTÍCIAS CONTROLADAS

Segundo reportagem de Dave Moniz para o USA Today (19/9/01), o Pentágono está empenhado em conduzir uma guerra silenciosa com os terroristas responsáveis pelos atentados. Se na Guerra do Golfo tudo foi extensivamente televisionado (e planejado para ser assim), desta vez, na luta contra um inimigo "invisível", que não tem exércitos, quartéis-generais ou um comando militar, o público pode passar a receber poucas notícias.

Os detalhes mais básicos da operação ? como, quando e onde os americanos atacarão ? não serão divulgados. O objetivo, alega-se, é proteger a vida dos soldados e garantir a surpresa do ataque contra as redes de comunicação terroristas.

Durante a preparação para a guerra com o Iraque, a intensa cobertura jornalística serviu para aumentar o apoio público à intervenção americana e intimidar o inimigo, demonstrando a determinação do país. Mas, para um conflito diferente as regras mudam, analisam os militares: esta será uma campanha contra numerosos grupos terroristas, espalhados em vários continentes, que se informam principalmente pela mídia. A informação deverá ser portanto controlada pelo governo. Michael O?Hanlon, da Brookings Institution em Washington, observa que o Pentágono quer evitar que notícias sobre os planos militares permitam ao inimigo se mudar para outro esconderijo.

Os EUA consideram que devem conduzir esta guerra nas sombras porque o vazamento de informações poderia ajudar grupos terroristas que ainda estejam operando no país, comprometer o trabalho de fontes de inteligência e tornar os países aliados um alvo. Mas para Sam Gardiner, coronel aposentado da força aérea e consultor de segurança nacional, a discrição vai além da conta. "Estamos envolvidos com um país, Paquistão, que tem armas nucleares. Isto é importante demais para ser feito secretamente", alerta.

RÁDIOS

Os dois novos conselheiros do Federal Communications Commission (FCC), o democrata Michael Copps e a republicana Kathleen Abernathy, enviaram sinais claros de preocupação com o material potencialmente indecente levado ao ar pelo rádio e a televisão. Em convenção patrocinada pela National Association of Broadcasters (NAB), os dois conselheiros pediram às estações que mantenham voluntariamente transcrições de seus shows, o que, segundo eles, pode evitar que o FCC decrete medidas draconianas que responsabilizem as redes pelo que transmitem.

Em junho, uma estação de rádio do Colorado foi multada em US$ 7 mil pela FCC por tocar uma versão editada de The Real Slim Shady, do rapper Eminem. Segundo a comissão, mesmo editada, a música ainda descreve imagens indecentes. A proprietária da rádio, Citadel Communications, está recorrendo da decisão.

Atualmente, o processo funciona da seguinte forma: se alguém ouve ou vê algo que considere obsceno ou indecente, deve apresentar à FCC prova de que isto foi ao ar. Como a comissão não exige que as estações mantenham gravados os programas que transmitem, muitas delas simplesmente negam que o material foi ao ar. Se o ouvinte não providenciou uma fita, a investigação é encerrada.

As transcrições voluntárias, para alguns analistas, serviriam como instrumento de auto-incriminação para rádios e TV. Copps, no entanto, argumenta que "se algo foi dito nas emissões de rádio e TV deve fazer parte de um registro público". "Temos que ter recursos para descobrir quais são os fatos", acrescentou. Abernathy também sugeriu às rádios que estiverem recebendo muitas queixas de certos apresentadores que comecem a manter transcrições destes shows.

Segundo Frank Ahrens [Washington Post, 8/9/01], a proposta foi vista como um aviso, já que Copps e Abernathy representam dois votos de uma comissão de cinco. As estações devem optar por se policiar, aponta o presidente da NAB, Eddie Fritts, para quem as transcrições voluntárias são preferíveis à uma ação intrusiva do FCC.

    
    
                     

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