DE OLHO NO PARLAMENTO
Alberto Dines
O poder da imprensa deve exercer-se todos os dias. A fiscalização aleatória e intermitente tem o mesmo efeito do placebo nos testes terapêuticos: imaginário.
Um Congresso que não é acompanhado e verificado permanentemente pela imprensa e, portanto, pela sociedade, acaba tornando crônicas e perenes suas mazelas, inclusive a insensibilidade dos representantes para com os representados.
Apesar da qualidade da pesquisa, dos recursos nela investidos e da massa de resultados obtidos, o excelente e substancioso caderno Olho no Voto (Folha de S.Paulo, 27/9, 56 páginas) não tem efeito útil.
A uma semana do pleito para o parlamento federal, grande parte dos eleitores já fez suas opções ou não as fará num suplemento desconhecido, solitário e sem continuidade.
Custaria bem menos e teria um efeito muito maior o acompanhamento persistente e continuado do desempenho dos congressistas. Uma página mensal apenas, porém repetida ao longo de quatro anos, permitiria que: a) o eleitor fiscalizasse efetivamente a atuação do seu representante e b) o representante se sentisse fiscalizado por seu eleitor.
A iniciativa produziria valiosos benefícios colaterais: a imprensa voltaria a cobrir plenários e comissões como já fez no passado e o Legislativo ganharia uma credibilidade que não tem.
A democracia representativa não pode ser espasmódica.
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