Tuesday, 16 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Cooptados pela grande mídia?

BLOGS

Em 1999 apareceram na internet os primeiros weblogs ? ou simplesmente blogs ?, sítios de constante atualização, espécie de diários virtuais. Desde então, viraram uma onda e hoje se calcula que existam entre 200 mil e 500 mil. A inclusão do termo blog no respeitado dicionário Oxford está sendo estudada. Os bloggers (como são chamadas as pessoas que publicam esse tipo de página) passaram a formar comunidades, tanto com o público que acessa seus sítios como com outros editores de blog, criando links entre si.

Aspecto notável dessas páginas é seu potencial jornalístico. Mesmo que não apresentem informações novas, podem fornecer sempre um ponto de vista diferente sobre determinado assunto. "Eles atingiram a massa crítica", afirma David Weinberger, autor de Small pieces loosely joined: a unified theory of the web (Pequenas peças livremente reunidas: uma teoria unificada da rede). "Pode-se escolher uma voz bem pesquisada, verificada, confiável. Pode-se também achar, num blog, 50 vozes desordenadas, apaixonadas, muitas vezes unilaterais e comumente erradas, mas com um espectro mais amplo de pontos de vista. Freqüentemente esse é um melhor caminho para se chegar à verdade." Nos ataques terroristas de 11/9/01, o poder de informação desses sítios pessoais ficou mais evidente. Quando os grandes portais de notícias ficaram sobrecarregados com o excesso de visitantes, muitos internautas começaram a procurar informações em blogs. Em vários deles havia relatos em primeira pessoa sobre os eventos daquele dia.

Muitos desses sítios são criados por jornalistas com espaço na mídia tradicional, que, por sua vez, tem tentado incorporar a mania. A emissora MSNBC e o jornal San Jose Mercury têm blogs produzidos por profissionais. As escolas de Jornalismo também têm atentado para seu crescimento, como mostra Renee Tawa, do Los Angeles Times, 12/9/02. A Universidade de Berkeley, por exemplo, criou curso exclusivo sobre blogs.

Agora, sua incorporação pelos grandes meios e pelas universidades preocupa antigos usuários: "Logo agora que estava ficando bom, os acadêmicos aparecem para sugar o tutano de uma arte infante e amarrar seus pés para que manque como a mulher chinesa de algum homem rico", lamenta o sítio Daily Pundit.

Paul Grabowicz, criador do novo curso de Berkeley, não acredita na cooptação dos diários virtuais. Ele prevê uma trabalho conjunto em que os jornalistas continuarão aplicando seus princípios de apuração correta e objetividade e o público responderá com mensagens que construirão "um conhecimento mais coletivo".