Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1280

Dança das cadeiras

U.S. NEWS & WORLD REPORT

Stephen G. Smith, editor da U.S. News & World Report ? a terceira maior revista noticiosa dos EUA ?, deixará a revista e será substituído por Brian P. Duffy, editor-executivo. De acordo com Felicity Barringer [The New York Times, 2/6/01], Smith perdeu o gosto pelo trabalho nos últimos meses, aborrecendo o dono da U.S. News, Mortimer B. Zuckerman. A publicação enfrenta recessão no mercado publicitário e desgaste contínuo da circulação.

Duffy será o oitavo editor desde que Zuckerman comprou a revista, em 1984. Smith estava de férias na semana passada. A redação já esperava uma curta temporada do editor na revista. Na segunda metade de 2000, a circulação da U.S. News caiu 5,7% em comparação ao mesmo período em 1999. Mas foi a queda de 21% nas páginas de anúncios nos primeiros três meses deste ano que preocupou seu proprietário. Orçamentos têm sido afinados e demissões estão a caminho em futuro próximo, segundo funcionários.

SONY

David Manning é um dos críticos confiáveis de cinema da Columbia Pictures. "Mais um vencedor!" e "A nova estrela mais quente do ano!" são citações suas publicadas recentemente nos cartazes dos filmes A knight?s tale e The animal. Outras foram utilizadas em Limite vertical e O homem sem sombra. Contudo, na última edição da revista Newsweek [2/6/01], John Horn revelou que o comentarista, supostamente do pequeno jornal de Connecticut The Ridgefield Press que não sabia que seu nome estava sendo usado, é simplesmente uma criação do departamento de propaganda da Sony Pictures Entertainment, ligada à Columbia.

Um funcionário da Sony criou a personagem: usou o nome de um amigo e atribui críticas fictícias a ele desde julho do ano passado. Supervisores da empresa jamais questionaram a legitimidade dos comentários, e agora admitem o erro. As aspas estão sendo removidas dos cartazes, mas alguns já haviam sido distribuídos antes da revelação da farsa.

Depois da publicação da matéria da Newsweek, a empresa investigou o caso durante toda a semana e na sexta-feira, dia 8, anunciou que dois executivos do setor de marketing serão punidos e que novos mecanismos foram criados para "assegurar a exatidão das aspas de campanhas publicitárias futuras". A Reuters informou em 8/6/01] que o vice-presidente e o diretor da área de criação, Josh Goldstine e Matthew Cramer, foram remanejados e não receberão pagamento por 30 dias.

Embora o Ridgefield Press não pretenda processar a Sony, na terça-feira dois espectadores entraram com ação alegando terem sido enganados pela crítica. Omar Rezec, de Los Angeles, e Ann Belknap, da Califórnia, acusam a empresa de iludir os consumidores e violar a legislação do estado.

O escândalo chama a atenção não só para a regra transgredida, como para a que é aceita. Segundo Robert W. Welkos [Los Angeles Times, 5/6/01], a intenção de Horn era falar da proliferação de comentários favoráveis "comprados" de críticos geralmente desconhecidos ? com viagens, festas e jantares ?, que acabam tornando questionável o trabalho de profissionais sérios. A descoberta foi uma bomba que não deixou dúvida sobre sua teoria, anterior à reportagem.

Para Tony Silver, produtor de comerciais, não importa mais quem elogia um filme num anúncio, contanto que alguém o faça. "A ausência das ?aspas? é mais significativa do que sua presença", disse Silver a Anthony Breznican [AP, 5/6/01]. A maioria das pessoas nem sequer lê o nome dos críticos a quem são atribuídos os comentários elogiosos, e quando os consagrados do ramo falam mal de um filme os estúdios procuram os menos conhecidos.

Com esse excedente de bajulação vendida por pessoais reais, por que então alguém na empresa se preocuparia em inventar um crítico amigável? Segundo a Newsweek, porque com Manning em mãos não era preciso nem pedir.

    
    
                     

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