Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Daniel Castro

ELEIÇÕES 2002

“Artistas sabatinam presidenciáveis no SBT”, copyright Folha de S. Paulo, 6/09/02

“Começou na última terça, com Anthony Garotinho, o ciclo interno de sabatinas com presidenciáveis do SBT. O encontro, inédito, foi fechado, restrito a cerca de 400 funcionários, que lotaram o estúdio do ?Programa do Ratinho?.

Segundo a assessoria de Luiz Inácio Lula da Silva, que está na quarta campanha presidencial, nunca o candidato deu palestra exclusiva a funcionários de uma empresa na reta final de campanha. Lula deverá ser o próximo a ser sabatinado, no dia 24, segundo o SBT _a assessoria do candidato diz que a data ainda não está fechada. José Serra e Ciro Gomes ainda procuram espaço em suas agendas, segundo assessores.

As sabatinas do SBT fazem parte do ?Horário Inteligente?, série de palestras (a maioria com empresários), no hora do almoço, dirigidas aos funcionários.

No ciclo com os presidenciáveis, os candidatos têm 20 minutos para uma apresentação inicial. Depois, respondem a perguntas dos apresentadores da casa, pré-gravadas e iguais para todos. Gugu Liberato e Sonia Abrão, garotos-propaganda de Serra e Paulo Maluf, ficaram de fora. Hebe Camargo também não participa.

Carlos Massa, o Ratinho, pergunta se o candidato concorda com a tese de que a violência cresce porque as punições são brandas. Marília Gabriela questiona sobre política cultural, e Jackeline Peticovik, sobre como aumentar o patriotismo das crianças.”

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“Horário político é vantajoso para TV pequena”, copyright Folha de S. Paulo, 10/09/02

A propaganda eleitoral gratuita prejudica grandes TVs como Globo e SBT, mas pode ser até vantajosa para as pequenas e médias. Isso porque as redes têm direito a compensações fiscais pelo tempo gasto com veiculações eleitorais. Neste ano, segundo a Receita Federal, as emissoras deixarão de pagar em impostos cerca de R$ 121,5 milhões por causa da compensação pelas eleições.

As TVs têm direito a descontar de impostos 80% sobre o valor de suas tabelas de preços pelos 30 minutos que gastam por dia com aqueles anúncios que aparecem durante toda a programação. Até 2000, as TVs só podiam abater 80% de 25% desse tempo.

No caso do horário eleitoral gratuito, que são dois blocos de 50 minutos, as emissoras podem descontar 80% do valor de tabela de 25 minutos. Esses 25 minutos seriam o máximo que elas comercializariam se estivessem com programação normal no ar.

Nos dois casos, os cálculos são feitos sobre os valores de tabela. Ocorre que a maioria das emissoras dá desconto sobre suas tabelas (de até 80%), além de 20% de comissão das agências de publicidade. Esse desconto não ocorre com o horário eleitoral, que também não gera custos de produção. As perdas das TVs, a rigor, são as decorrentes da queda de demanda publicitária dessa época, de cerca de 10%, que afugenta grandes marcas (que só veiculam nas grandes TVs) e anúncios oficiais.”

“Rede TV! entrevista presidenciáveis”, copyright Folha de S. Paulo, 5/09/02

“A Rede TV! dá início à sua cobertura das eleições 2002 amanhã com o programa ?Vote Certo Eleições 2002?, que também será apresentado nos dias 13, 20 e 27 deste mês, sempre às 22h, no lugar do ?Superpop?.

Cada programa será dedicado a um candidato à Presidência da República. A sequência das entrevistas foi estipulada por meio de sorteio. A primeira será com Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As outras serão com Ciro Gomes (PPS), Anthony Garotinho (PSB) e José Serra (PSDB), respectivamente.

Segundo o superintendente de jornalismo, José Emílio Ambrósio, a emissora optou por entrevistas individuais em vez de realizar um debate com os quatro principais candidatos, como fizeram as redes Bandeirantes e Record, pois avaliou que ?o comparativo de idéias não esclarece muita coisa ao eleitor?.

?Pretendemos explorar ao máximo o plano de governo dos candidatos e questioná-los sobre as soluções que têm para os problemas do país?, afirmou Ambrósio.

Os programas serão divididos em quatro blocos de 15 minutos cada um. O primeiro mostrará um perfil dos candidatos, baseado em imagens e informações fornecidas pelas assessorias das campanhas. O segundo tratará de temas como saúde, educação, economia e habitação. O terceiro será todo dedicado à segurança e o quarto e último bloco contará com perguntas de jornalistas de diversos órgãos de imprensa.

Os candidatos terão dois minutos para responder a cada pergunta. Segundo Ambrósio, a intenção é dar às entrevistas um formato de programa de TV, para evitar a ?rigidez que normalmente os debates políticos apresentam?. O executivo disse que a rede não vai investir em entrevistas com candidatos aos governos estaduais.”

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“?JN? é o mais afetado pelo horário eleitoral”, copyright Folha de S. Paulo, 4/09/02

“O horário eleitoral gratuito, exibido pelas TVs abertas desde o dia 20 de agosto, de segunda a sábado, das 13h às 13h50 e das 20h30 às 21h20, tem causado estrago na audiência de programas que foram antecipados ou adiantados nas grades de programação em função da propaganda política.

O ?Jornal Nacional?, da Rede Globo, foi o que mais perdeu audiência, segundo o Ibope, na Grande SP, nos períodos de 20 a 31 de agosto e de 8 a 19 de agosto -este anterior ao início do horário político. No último, o ?JN? teve média de 38 pontos (cada ponto equivale a 47 mil domicílios), contra a média de 34 registrada desde a estréia da programação política. O ?JN? teve seu horário antecipado das 20h15 para as 20h.

O levantamento do Ibope mostra que a Globo e o SBT foram as mais afetadas. Dos dez programas que tiveram maior queda de audiência, entre os que antecedem e os que seguem o horário eleitoral, quatro são da Globo (?JN?, ?Esperança?, ?Jornal Hoje? e ?Vídeo Show?), quatro do SBT (?Marisol?, ?Programa do Ratinho?, ?Um Maluco no Pedaço? e ?Festolândia?), um da Bandeirantes (?Sobcontrole?) e um da Rede TV! (?Interligado Games?).

?É natural que a Globo e o SBT sofram mais com o horário eleitoral já que têm mais audiência. O efeito na programação é péssimo?, disse Luis Erlanger, diretor de Comunicação da Globo.

?Marisol?, do SBT, aparece como o segundo que teve maior queda de audiência: de 18 para 15. Por estratégia, a novela foi dividida em dois blocos: de 20h às 20h30 e de 21h20 às 21h40. Segundo o diretor de programação, Mauro Lissoni, a intenção foi ?continuar concorrendo com ?Esperança?, já que antes do horário eleitoral tinha bom desempenho em cima da novela da Globo?.

De qualquer forma, ?Esperança? teve menor queda de audiência do que ?Marisol?. De 41 pontos caiu para 39. Perdeu dois pontos, assim como o ?Jornal Hoje? e o ?Vídeo Show?, da Globo, e o ?Programa do Ratinho? e ?Um Maluco no Pedaço?, do SBT.

A Rede TV! também optou por manter a estratégia de programação de antes do horário político. Antecipou a novela ?Betty, a Feia?, das 20h15 para as 20h, para que continuasse coincidindo com o ?JN?. ?Somos os menos castigados pois somos uma alternativa às emissoras maiores?, disse o vice-presidente Marcelo Carvalho.

Na Bandeirantes, segundo o diretor de programação, Rogério Gallo, os efeitos do horário político são sentidos nos intervalos comerciais. ?Não fazemos intervalos maiores do que três minutos para não haver evasão de audiência. Com a propaganda política, esse tempo foi para cinco minutos.? As emissoras têm que ceder 40 minutos por dia em seus intervalos comerciais para os políticos. Segundo Hélio Vargas, diretor de programação da Record, ?a rede teve queda de 30% de audiência?.”

“Não vi e gostei”, copyright Folha de S. Paulo, 4/09/02

“Tendo coisas mais interessantes a fazer, não vi o debate de anteontem entre os presidenciáveis. Não vi, mas gostei, pois li as folhas no dia seguinte e fiquei encantado. Ao contrário da maioria, edifiquei-me com todos eles, inclusive com o Boris, que teria roubado a melhor parte do programa.

A campanha eleitoral, até agora, foi produzida, pautada e editada pelos marqueteiros. Os candidatos foram vendidos como sabonetes, pastas de dente e desinfetantes contra mosquitos. Agora é que eles estão soltos, em estado puro -ou quase puro-, sendo o que são e pensando o que costumam pensar.

O ideal seria juntar dois programas recentes da TV, o ?Big Brother? ou ?A Casa dos Artistas?, com os debates do horário eleitoral. Deixo de graça a idéia: colocar os quatro numa casa, sozinhos, sem empregados nem assessores, a câmara registrando sem cortes o dia-a-dia deles, ou melhor, os dias e as noites. Ficaríamos sabendo quem ronca mais, quem vai mais ao banheiro, quem come ou fala demais.

Eles fariam os serviços domésticos entre si, distribuindo tarefas, teriam direito ao lazer, ou seja, a não fazer nada durante um tempo, ou a fazer tudo ao mesmo tempo.

Só assim o povo brasileiro ficaria conhecendo cada um, sabendo quem é quem, qual o mais capaz de governar uma casa, uma coletividade.

Adversários da minha sugestão dirão que estou brincando. Mas quem está brincando não sou eu, é todo o processo eleitoral em si mesmo, discutindo e projetando uma realidade futura para a qual as coordenadas estão sendo superadas por uma situação internacional em acelerado processo de mutação, tanto no campo econômico como no social e no político.

De maneira que o melhor desses debates é ficarmos sabendo não o que os candidatos foram ou prometem ser, mas o que são diante de si mesmos. Pelo último debate, a que não assisti, eu votaria mesmo no Boris Casoy.”