Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Daniel Castro

SBT vs. GLOBO
"Por R$ 12 mi, SBT tira o Paulista da Globo",
copyright Folha de S. Paulo, 9/11/02
"O Campeonato Paulista de futebol de 2003 será
transmitido pelo SBT. As negociações entre a emissora
e a Federação Paulista de Futebol (FPF) foram concluídas
na noite de quinta-feira. Assim, o SBT volta a transmitir futebol
tirando da rival Globo o principal campeonato estadual do país.

A Globo tinha preferência na transmissão do Paulista-03.
A FPF pediu R$ 12 milhões pelo evento, o que a Globo achou
muito caro. A federação passou então a negociar
com outras emissoras. A Band também achou caro. A Record
preferiu não criar atritos com a Globo, com quem negocia
os demais campeonatos de 2003. O SBT bancou a oferta da FPF.
O SBT irá transmitir em rede nacional três jogos por
semana: às quartas, às 21h, aos sábados, às
16h, e aos domingos, às 11h. Será sempre um jogo entre
um grande clube contra um pequeno, do interior, ou um clássico.

O Paulista-03 terá 21 clubes divididos em três grupos.
Diferentemente da edição de 2002, os grandes Corinthians,
São Paulo, Palmeiras e Santos participam de todas as fases.
O campeonato vai de 26 de janeiro a 23 de março.
Nesta semana, circularam rumores de que o SBT estaria negociando
com a Globo a transmissão de campeonatos como o Brasileiro.
Eram boatos alimentados pelo próprio SBT com a intenção
de desviar a atenção das negociações
com a FPF e encarecer o provável acerto entre Globo e Record.

OUTRO CANAL
Enquadramento 1 A Justiça Federal em Minas Gerais concedeu
nesta semana duas liminares, a pedido do Ministério Público
Federal, contra as principais redes de TV. A primeira obriga Globo,
SBT, Record, Band e Rede TV! a cumprir a classificação
do Ministério da Justiça para a exibição
de filmes.
Enquadramento 2 A ação foi movida após o Ministério
da Justiça confirmar que todas as redes exibiram em agosto
no horário livre (até 20h) filmes classificados como
inadequados para antes das 21h. Na Globo, por exemplo, passou às
13h ?Titanic?. A multa é de R$ 100 mil. As emissoras vão
recorrer da decisão, argumentando que a classificação
do Ministério da Justiça é apenas indicativa.

Enquadramento 3 A outra liminar impede a Rede TV! de exibir no ?Repórter
Cidadão? e ?Canal Aberto? ?cenas com armas de fogo, sangue,
assassinatos, estupros, troca de tiros, crimes passionais, exploração
da sexualidade, de dramas familiares, aberrações físicas
e toda e qualquer exploração de crianças e
adolescentes?.
Enquadramento 4 Em outras palavras, a decisão praticamente
censura tudo o que esses programas exibem. A Rede TV!, que diz que
seus programas prestam serviços, também vai recorrer.

Sopa Estréia amanhã na TV Gazeta, às 14h30,
o ?Rinaldi Show?."

MÍDIA ESPORTIVA
"Manifesto aos jornalistas de bem", copyright
SiteProibido (www.siteproibido.com)
"IMPARCIALIDADE. Palavra que julgamos a mais
importante, apreciada e honrada pelos jornalistas de bem, por sorte
ainda parte da imprensa esportiva brasileira. É de conhecimento
de todos que esta não vende jornal, mas fornece as condições
básicas para a construção de um caráter
digno. Porém, o que está acontecendo em parte da imprensa
esportiva de hoje é motivo de nojo, de desprezo, de total
incredulidade.
Jornalistas preocupados em autopromoção, passando
por cima de conceitos éticos e profissionais; desrespeito
a símbolos e clubes; programas esportivos em que imperam
o ?puxa-saquismo? em detrimento da informação ao torcedor,
tratamento desigual dado aos clubes, factóides, boatos. Acreditamos
que seja o papel do bom jornalista analisar friamente, questionar,
levantar hipóteses, esclarecer. Mas o que vemos atualmente
é um festival de prepotência, despreparo, marketing
próprio, enfim, uma total descaracterização
do verdadeiro e são jornalista esportivo.
Profissionais como Milton Neves, que, ao chamar o símbolo
do São Paulo Futebol Clube de ?pedaço de pizza?, agride
a todos os torcedores que, antes de tudo são pessoas de brio,
e que exigem respeito, não admitindo que se falte com o mesmo
a um bastião tão importante de suas vidas. Profissionais
como o jornalista esportivo Alfredo Herkenhoff, que prega de forma
absurda uma ?virada de mesa? através de um artigo do ?Jornal
do Brasil? de 03.11.2002. Profissionais como Chico Lang, que ao
invés de praticar um jornalismo sadio, desrespeita e incentiva
a violência ao continuar chamando os são-paulinos de
?bambis?, ?engomadinhos?. A utilização de tais termos
nada mais é do que combustível gerador de animosidades
e desentendimentos em uma época em que o objetivo maior deve
ser o da convivência harmoniosa.
Outros nomes poderiam até ser citados, mas acreditamos que
aqueles que não agem de acordo com as boas regras de civilidade
acabem sendo identificados de longe por aqueles que têm discernimento
e bom senso. Queremos apenas nos fazer ouvir, conscientizar-los
que temos massa crítica, que reprova completamente o atual
modelo vigente na imprensa esportiva. Nós somos os que pagamos
e temos o direito de exigir qualidade. Será que a audiência
é assim tão vital a ponto de transformar potenciais
bom programas em shows de picadeiro, onde só falta o trapézio,
pois os animadores de palco já estão presentes?
Queremos uma postura também condizente dos patrocinadores
de tais programas, que não percebem que tais associações
só depreciam seus produtos e ainda pior, incentivam que mais
e mais programas de péssima qualidade surjam aos borbotões.
É necessário, enfim, um questionamento por parte dos
bons jornalistas acerca dessa doença infecciosa, perniciosa,
destrutiva que grita com mais força. O bom jornalismo esportivo
está sendo tragado por maus profissionais, péssimos
programas, que nada acrescentam, apenas retiram, sugam. Exigimos
respeito, exigimos ao menos um pouco de dignidade daqueles que levam
informações a milhões de pessoas. E pedimos
aos jornalistas que prezam, acima de tudo, a profissão que
exercem, que extirpem os cânceres do seu meio. Ou existiria
um corporativismo que impede tal ação? Queremos crer
que não. O poder do torcedor comum é limitado, mas
sua voz é uníssona e se faz ouvir de muito longe:
exigimos respeito, queremos imparcialidade. Se a nobreza de caráter
não advém de nascença, que ao menos o jornalismo
de bem ignore as ervas daninhas que insistem em envenenar o jardim
da decência, da vergonha na cara e da imparcialidade que insiste
em nascer em solo tão hostil.
Nós São-Paulinos, na qualidade de 3? maior torcida
desse País, não queremos privilégios, apenas
exigimos imparcialidade e respeito.
ISENÇÃO JORNALÍSTICA: Um Dever da Imprensa,
um Direito do Torcedor!"

BALANÇA, MAS NÃO CAI
"Sem prazo de validade", copyright O
Estado de S. Paulo
, 10/11/02
"Desde sua chegada ao Brasil, há 52 anos,
muita coisa mudou na TV. A velha Telefunken com 13 canais deu lugar
a mais de 200 sintonias vindas do mundo todo, transmitidas por aparelhos
de tela plana que só faltam fazer pipoca. As sombrias imagens
em preto-e-branco foram arrebatadas, dando vez às de alta
definição, com nitidez que nos fizeram aposentar de
vez o Bombril sobre a antena. Mas, quando o assunto é conteúdo,
fica claro que a busca pelo sucesso passa pela insistência
da TV em perpetuar formatos antigos.
Que o digam Silvio Santos, Hebe, Raul Gil, Goulart de Andrade, que,
entre outros, há décadas investem na mesma fórmula
para fazer a receita de bolo dar certo. E dá. Prova disso
é a vontade da Globo de reativar o humorístico Balança,
Mas Não Cai, programa que nasceu no rádio, na década
de 50, pelas mão de Max Nunes, e depois migrou para a TV,
sob a direção de Maurício Sherman. É
a velha fórmula das piadas de sexo, de corruptos e bordões
que rechearam sucessos como Faça Humor, Não Faça
Guerra, Planeta dos Homens e que continuam rendendo pano em Zorra
Total.
Mesmo segredo de A Praça É Nossa, do SBT, que desde
1953 está na TV. Inicialmente batizada de Praça da
Alegria, a rotina dos Nóbregas sentados no banco, recebendo
vários humoristas, se repete há anos e continua dando
audiência. A Praça alcança em média 14
pontos de ibope, deixando o SBT em segundo lugar no horário.

?Em humor não há como fugir de velhas fórmulas,
que são eternas. É como pizza, a massa é mesma
há milhões de anos, mas continua agradando?, compara
Maurício Sherman, titular do projeto de reedição
do Balança. ?Desde a era do rádio ouço falar
que as piadas são velhas. E são mesmo. Elas são
reeditadas e viajam pelo mundo. Sou colecionador de livros sobre
humor e já vi versões das piadas de papagaio que conhecemos
em livros americanos de 40 anos atrás?, continua. ?Por isso
não ligo para essa coisa de ?velho?, pois o humor é
feito de princípios antigos como rir do erotismo, da desgraça
alheia, do jogo de palavras de duplo sentido e da sacanagem. Isso
é muito velho. Desde Adão e Eva já tinha alguém
querendo sacanear?, completa Sherman, aos risos.
O diretor conta que o Balança pode voltar à Globo,
a princípio como um especial de fim de ano em homenagem aos
50 anos do formato. Aproveitando boa parte do elenco de Zorra Total,
se der certo, a atração pode emplacar na grade de
programação da Globo em 2003. ?O nome Balança,
Mas Não Cai veio em homenagem a um espigão construído
na Praça 11, do Rio, um dos únicos da época,
que tinha um balanço próprio, de tão alto que
era. A região também era cercada por prostitutas,
que acabaram migrando para o edifício, o que ajudava na trepidação?,
conta Sherman, rindo. ?No programa nasceram quadros históricos
como o do Primo Pobre e Primo Rico, com Paulo Gracindo e Brandão
Filho, e de Ofélia (Sônia Mamede) e Fernandinho (Lúcio
Mauro)?, continua. ?O formato do prédio desorganizado pode
ser cenário para qualquer tipo de piada. Velhas ou novas,
se forem bem contadas, as pessoas vão gostar. É o
material humano que importa.?
Saudosismo – Para Geraldo Casé, diretor-responsável
pela versão do Sítio do Picapau Amarelo dos anos 70,
apesar de os humorísticos sofrerem mais com o estigma de
?antiguidade?, a TV vive bebendo da mesma fonte em diferentes tipos
de atrações. Casé não sabe a causa dessa
falta de renovação em um veículo que tecnicamente
evoluiu tanto, mas tem certeza de que só perpetuam os bons
de fato.
?Ao mesmo tempo que o público tem uma ânsia tremenda
por inovações na programação, gosta
e é fiel a formatos antigos. É assim nos Estados Unidos
e é assim aqui também. O sucesso das telenovelas é
a prova disso?, diz Casé.
?É a velha história do insatisfeito saudosista. Sempre
o carnaval do ano passado foi o melhor, o Natal do ano passado foi
o melhor, a novela do ano passado foi a melhor. O telespectador
brasileiro tem saudade, mas não tem memória. Busca
o novo, mas, se o antigo for realmente bom, ele continua assistindo.?

Para Casé, o que mantém um formato vivo durante anos
é o conteúdo. Um exemplo, diz ele, é a volta
do Sítio do Picapau Amarelo, totalmente repaginado. A criançada
de hoje, decerto, tem um olhar bem distinto das que viram as outras
versões do Sítio na TV (na Tupi, de 1951 a 1964, na
Band em 1968/69, e na Globo/TVE, entre 1977 e 86), mas continua
apaixonada pelas histórias do homem de sobrancelhas grossas.
O novo Sítio registra em média 15 pontos de audiência.

?O interessante desse programa é que ele tem uma faixa etária
específica, que vai se renovando. Nada impede que o Sítio
saia do ar daqui a alguns anos e volte mais adiante. Tenho certeza
de que crianças de uma nova geração também
vão se encantar. Para um bom conteúdo, não
há formato que fique velho?, diz Casé.
Madrugada – Há quase 25 anos, o bordão ?Vem Comigo?
invade a telinha de madrugada como uma espécie de marca registrada
do jornalista Goulart de Andrade. Especialista em reportagens sobre
o comportamento humano, mostrando os bastidores da sociedade, as
profissões de risco, as personalidades exóticas e
quem vive da noite, Goulart é um modelo de longevidade na
TV, apostando sempre na mesma fórmula. O seu programa, o
bom e velho Comando da Madrugada, já passou por todas as
emissoras: Globo, Gazeta, Record, SBT, Manchete, e está de
volta à Band, pela segunda vez, onde vem registrando um dos
melhores ibopes da casa. Comando alcança, em média,
5 pontos de audiência, ficando entre o segundo e o terceiro
lugar no horário.
?Comecei na Globo, em 1978, e entrei nessa história de fazer
reportagens de madrugada por uma questão circunstancial.
Só podia sair com o equipamento depois que a última
equipe de jornalismo voltasse, portanto, de madrugada?, conta Goulart
de Andrade. ?Quando saí da emissora, o nome Comando da Madrugada
continuou lá, pois era um registro deles, mas o Boni acabou
me dando de presente anos mais tarde, quando eu estava na Band.
Aí o levei para todas as emissoras por onde passei?, continua.?Sou
como um sapateiro que não sabe fazer outra coisa a não
ser consertar sapatos, por isso, não posso mudar o estilo
do meu programa. É só isso que sei fazer, e bem?,
diz.
Outro acostumado com as madrugadas é Amaury Jr. Há
quase 20 anos no ar, é o pai do colunismo social eletrônico
e, como Goulart, leva o formato de seu programa por onde passa.
Começou na Gazeta nos anos 80, passou 16 anos na Band, fez
uma passagem relâmpago e tumultuada pela Record, e estréia
dia 19, na Rede TV! O título Flash, que o consagrou na Band,
ficou na emissora dos Saad, que detinha o registro. Trocou para
Programa Amaury Jr., mas o conteúdo continua o mesmo: cobertura
de eventos que atraem celebridades, quase-famosos, artistas, empresários
e gente da alta sociedade. ?Sei que muitos programas e até
revistas que correm atrás das celebridades surgiram a partir
do meu formato, mas alguns acabaram enveredando por um caminho errado,
tratando qualquer um como celebridade?, ensina Amaury.
Além do seu habitual programa, que irá ao ar na RedeTV!
de terça a sexta-feira, à meia-noite, e aos domingos,
das 17 às 18 horas, Amaury ganhará uma nova atração
em 2003, o Empório Amaury. Nela, o apresentador receberá
vários convidados para um bate-papo informal, em gravações
que sempre ocorreram em pontos gastronômicos. ?É bem
diferente de tudo que eu já fiz?, conta Amaury. Pode até
ser, mas não é uma receita inédita. Segundo
a direção da RedeTV!, a atração será
uma espécie de Almoço com as Estrelas, programa de
sucesso dos anos 60, na Tupi, sob o comando de Ayrton e Lolita Rodrigues.
De novo, os velhos e bons formatos da TV."