Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Daniel Castro

ASPAS

MERCADO & AUDIÊNCIA

"MTV negocia lançamento de segundo canal", copyright Folha de S. Paulo, 2/07/01

"A MTV do Brasil está negociando o lançamento de um segundo canal no país. As negociações prosseguem com a Viacom, conglomerado de comunicações dos EUA, proprietária das marcas MTV, Nickelodeon e VH1. A Viacom é sócia do Grupo Abril na produtora que gera a programação da MTV brasileira.

Estudam-se duas possibilidades de programação. Uma seria a da VH1, canal que nos Estados Unidos é uma espécie de MTV para quem tem mais de 30 anos. Toca jazz e blues. É mais jornalístico do que a MTV, com documentários e listas do tipo ?100 Momentos Mais Tristes do Rock? ou ?50 Clipes Mais Polêmicos?. É também onde a MTV passa os filmes que produz para o cinema.

A outra possibilidade seria a exibição de uma faixa de programação do Nickelodeon dos EUA, a ?Nick Night?, dedicada a seriados para adolescentes.

A programação do canal deverá ter apenas oito horas. Serão usadas concessões do tipo ?S? (canais inicialmente para TV paga, com 16 horas de programação codificada e oito horas abertas). O Grupo Abril tem pelo menos dois canais desse tipo ociosos: o 24 de São Paulo e o 54 do Rio.

O novo produto da MTV será uma ofensiva ao projeto da Globo de lançar um canal para jovens, o Young People, e também ao Muchmusic, canal da Cisneros Television Group que opera em duas concessões tipo ?S? do Rio."


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"SBT tenta tirar festa de Barretos da Globo", copyright Folha de S. Paulo, 30/06/01

"A Globo poderá perder o direito de exclusividade da edição deste ano da Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos, maior evento do gênero na América Latina, que ocorre a partir de 16 de agosto.

A emissora, que no ano passado pagou R$ 1,5 milhão (só) para que as concorrentes não tivessem acesso ao recinto da festa, tem prioridade na renovação de contrato, mas poderá perdê-lo para o SBT ou para a Band.

A Folha apurou que o SBT ofereceu R$ 2 milhões, além de promoções no ?Domingo Legal?, para ter exclusividade na transmissão de shows. A Band também fez uma proposta de exibição.

Os organizadores do evento preferem renovar com a Globo, onde a festa seria promovida em programas como o ?Caldeirão do Huck? e ?Domingão do Faustão?. Mas não escondem certo descontentamento com a emissora.

Para ter o Barretos-2001, a Globo se comprometeu a trazer uma grande estrela do pop internacional, como Madonna ou Ricky Martin. Acreditava que poderia recuperar o investimento em cachês com a venda de patrocínios pela transmissão do show, previsto para 18 de agosto, às 23h.

Mas, até ontem de manhã, a Globo não tinha concluído as negociações por nenhum show. A organização do evento vai aguardar uma resposta até a semana que vem. Sem show internacional, a Globo terá que pagar ou perderá a exclusividade."

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"Globo prepara lançamento de canal jovem", copyright Folha de S. Paulo, 29/06/01

"Projeto em gestação há mais de três anos, finalmente deve sair do papel o canal jovem da TV Globo. O canal já tem um nome de trabalho, Young People, e, segundo informações do mercado, deve ser lançado nos próximos meses.

O Young People deverá ser um canal misto, com veiculação em operadoras de TV paga (Net e Sky) e também em canais UHF.

A Globo, nos últimos anos, montou uma rede de canais UHF chamados ?S?. São canais dos primórdios da TV paga, com 16 horas de programação codificadas e outras oito abertas. Funciona assim, por exemplo, o canal Muchmusic, do Cisneros Television Group, em dois canais ?S? do grupo ?O Dia?, no Rio.

A Globo também negocia o arrendamento da rede de canais e retransmissoras do empresário João Carlos Di Gênio, dono da CBI (em São Paulo, canal 16) e dos colégios Objetivo. Nesse caso, o canal seria 24 horas aberto. A negociação com a CBI ?esquentou? depois que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) lançou plano em que extingue os canais ?S?, proposta rechaçada por grupos de comunicação.

O Young People não será exatamente um canal semelhante à MTV. Sua programação não será predominantemente musical.

O projeto da Globo envolveria o publicitário Nizan Guanaes, que também negocia com Di Gênio, em uma parceria com o grupo canadense Chumcity."

"SBT e Globo disputam público hispânico", copyright O Estado de S. Paulo, 1/07/01

"A Globo e o SBT vão disputar audiência também no exterior. As duas redes fecharam acordos que devem posicioná-las melhor no mercado hispânico, assumidamente noveleiro, nos Estados Unidos. A Globo enfim assinou o contrato de co-produção com a Telemundo para fazer uma versão em espanhol de Vale Tudo. E o SBT começa a gravar em um mês a primeira novela da Televisa em versão nacional.

A Televisa é mexicana, claro, mas a Univision, também voltada ao público hispânico, é a maior concorrente da Telemundo nos EUA. A Globo tentou atropelar o negócio da Televisa com o SBT, em vão. Buscou então a parceria da Telemundo justamente porque não conseguiria vender seus produtos com facilidade no mercado hispânico, liderado pela Televisa.

A Telemundo já tem usado novelas compradas da Globo para conseguir a liderança e sua estratégia começa a dar certo. Atualmente, no horário em que é exibida Terra Nostra, a Telemundo ganha, em Miami, da Univision, líder habitual naquele nicho.

O mercado hispânico não gosta de ver novelas dubladas. Por isso, a co-produção entre Globo e Telemundo será feita em espanhol. Por isso, a Telemundo bateu pé e não deixou entrar ator brasileiro no projeto. Eles temiam o sotaque ruim e a criação de resistências. Com atores latinos, o que se busca é uma novela de ?padrão global? com cara local, para ajudar na identificação.

No caso do SBT, as produções serão realizadas com elenco brasileiro, nos estúdios da emissora na Anhangüera, em São Paulo. Mas, para uma rede mais habituada a importar do que exportar, abre-se uma porta extra: dona de larga experiência na venda de seus produtos, a Televisa vai se encarregar de oferecer as novelas do SBT ao mercado externo.

O acordo entre Globo e Telemundo é restrito à produção de Vale Todo (título em espanhol), com possibilidade de realização de mais um folhetim. O do SBT é bem mais longo: reza que a emissora brasileira tenha 5 anos para produzir – e 7 para exibir – 30 novelas, todas versões locais para textos criados pela Televisa.

Pícara Sonhadora

– Para que o SBT dê conta desse estoque no prazo, cada novela terá entre 80 e 90 capítulos, praticamente metade da duração a que o público brasileiro está habituado.

Mais: por pura inspiração no modelo mexicano, o SBT quer abrir nada menos que cinco horários para o gênero, tendo novela das 17 às 21 horas. Isso não significa que todas serão fruto de versões produzidas aqui – o acordo prevê também a compra de produtos mexicanos, apenas dublados, como Silvio Santos faz há anos.

Segundo o diretor de teledramaturgia do SBT, David Greemberg, a primeira novela começa a ser gravada em um mês, com previsão de estrear no segundo semestre. O título, A Pícara Sonhadora, é motivo de risos, e por isso mesmo será mantido como no original. ?O Silvio gostou, eu gostei e convenhamos:

esse nome é um achado, nós queremos mesmo é que chame atenção?, diz Crayton Sarzi, responsável pela adaptação dos textos.

Jacques Lagoa integra o time de direção do núcleo, mas todo o processo operacional vem sendo acompanhado por Oscar Belaich, vice-presidente da Televisa e consultor para o SBT, que dá expediente na Anhangüera três vezes por semana."

"Globo quer exclusividade em Barretos", copyright O Estado de S. Paulo, 28/06/01

"Exclusividade tem seu preço e a cobertura exclusiva da Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos deste ano não sairá barata para a Globo. A emissora negocia o direito de transmitir sozinha a 46.? edição do evento, que ocorrerá de 16 a 26 de agosto.

Para tanto, terá de arcar com nada menos que o pagamento integral do show internacional previsto para animar a festa.

Os megastars mais cotados no momento são Rick Martin e o grupo Bee Gees.

Corre nos bastidores que um show desses não sai por menos de US$ 1 milhão, cifra alta para uma emissora que se recusa a desembolsar um só tostão, alegando que se trata de uma cobertura ?jornalística?. Mesmo que a Globo banque o show, a bilheteria caberá à organização do evento.

Segundo Marcelo Murta, um dos proprietários da Rodeios Place, que comercializa a Festa de Barretos, uma das moedas de troca pela exclusividade é que a Globo aprofunde a cobertura. Para Murta, só os flashes e reportagens espalhadas por noticiários, como em 2000, não compensam a exclusão de outros canais.No ano passado, sob o pretexto de abrigar no seu portal o site oficial do evento, a Globo desembolsou R$ 2 milhões e derrubou do cavalo a Record – que transmitiu a festa em 1999.

?Além dos flashes, a Globo pensa em fazer um Caldeirão do Huck na boate de Barretos, talvez um Globo Repórter e especiais com os shows Amigos e o internacional?, diz Murta. A assessoria de imprensa da Globo confirma a negociação, mas não adianta detalhes da cobertura."

O CRAVO E A ROSA

"Novela das 6 resgata certa brasilidade", copyright O Estado de S. Paulo, 30/06/01

"Desde da comédia O Cravo e a Rosa, enésima versão da shakespearina A Megera Domada, feita desta vez por Walcyr Carrasco, a faixa das 6 da Globo mantém audiência em torno de 30 pontos de média no Ibope (na Grande São Paulo são cerca de 2,5 milhões de telespectadores). Esses índices resistiram ao talento pouco dramático de Sandy na new hippie Estrela Guia e mantêm-se firmes agora com A Padroeira, também de autoria de Carrasco.

Essa série de sucessos mostra que a Globo acertou na receita do horário porque compreendeu que o público de cada faixa tem preferências específicas que, respeitadas, rendem dividendos em forma de audiência. É fato que as chamadas histórias de época são constantes no horário, mas parece que não é o estilo que fideliza o público das 6, mas o esquema da narrativa: mais direto, pueril até. O maniqueísmo dá o tom de sempre: os bons são mais doces do que mel e os maus, o demônio em pessoa.

Diante do mundo-cão da vizinhança – o policialesco Cidade Alerta é o principal concorrente da novela – essa platéia opta por navegar no mar de aventuras dos amores proibidos, torcer pela felicidade de donzelas ingênuas e pelo castigo de vilões desalmados, participar de um mundo mais assertivo e menos dúbio do que o atual.

A heroína de A Padroeira, interpretada por Débora Secco, torna-se objeto do ódio de dom Fernão (Maurício Mattar) por causa de uma bofetada que leva da mocinha (claro, em reação a um beijo roubado). Não bastasse ser ruim, ele enuncia suas más intenções a cada momento: ?Por orgulho eu quero ter Cecília.? Dom Fernão mente, engana e fica excitado com qualquer possibilidade de acabar com a pouca alegria dos pobres. É o primeiro a se oferecer – com todo entusiasmo – para integrar a caravana dos poderosos que decidem destruir a santa (a Virgem Maria negra) achada no rio pelos pescadores.

Ambições desmedidas (da cigana interpretada, em legítimo portunhol, por Patrícia França, e pelo impostor vivido por Luís Mello), paixões recalcadas por ?maus passos? na juventude – a personagem de Elizabeth Savala aconselha a heroína com definições do papel do papel feminino: ?A mulher não tem direito ao amor, deve casar para ter filhos e segurança?, vaticina a matrona. ?Quando uma moça tem o coração quente é melhor casar logo para não dar um mau passo?, recomenda.

Puro folhetim, mais fantasioso ainda que os dramalhões mexicanos (e nacionais) que pipocam na concorrência, mas com a vantagem de ser uma produção bem-feita. Do elenco de peso (Paulo Goulart, Ioná Magalhães e Laura Cardoso, para citar alguns) aos cenários e figurino, A Padroeira tem qualidades. Mas a maior delas é levar para a TV uma certa brasilidade. A de resgatar para o grande público a história de um dos seus maiores ícones, Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil."

    
    
                     

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