Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1280

Denúncia solitária em Jundiaí

Sandra Seabra Moreira

 

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eu nome é Sandra Seabra Moreira, sou jornalista e no começo de junho fui responsável pela publicação do jornal O Cidadão, um tablóide – tomara que mensal – de oito páginas, na cidade de Jundiaí. O jornal denuncia tráfico de influência na prefeitura local, envolvendo o ex-prefeito e ex-deputado federal André Benassi, além de nomes de empreiteiros da cidade.

A decisão de publicar as denúncias – embasadas nos mesmos documentos que estão sendo apreciados pela Justiça – se deve à sua gravidade e, também, pela omissão da imprensa local em apurar ou, no mínimo, relatar o conteúdo dos documentos que provam as denúncias, já publicadas em órgãos de imprensa de Campinas (Correio Popular e caderno regional da Folha de S. Paulo) e São Paulo (Diário Popular) , menos atrelados ao poder de André Benassi.

O fato é que a publicação provocou a ira de Benassi. Ele destacou sua assessora especial, Maria Cristina Castilho de Andrade, para acusar o jornal de panfleto difamatório e a jornalista responsável (eu!) por exercício ilegal da profissão. As duas alegações resultaram em inquérito policial, dois processos contra a jornalista e expedição de mandato de apreensão dos exemplares. Estas alegações da assessora especial também foram as versões publicadas na imprensa diária, merecendo página policial. Nenhum repórter me procurou para obter a outra versão dos fatos.

Para igualmente desviar a atenção do fato principal – as tais denúncias, obviamente – a assessora especial acusou e a imprensa assinou embaixo o fato de o engenheiro Gilberto Valverde, que vem sentindo de perto as conseqüências do tráfico de influência e que por isso mesmo vem processando os referidos políticos e empreiteiros, de ser o “mandante” do jornal. Para a assessora e seu chefe, o engenheiro tem objetivos políticos, já que sua esposa, Valéria Bulhões, é candidata a deputada federal pelo PDT.

Com estas duas falácias, a assessora conseguiu desviar a gravidade das denúncias e a imprensa comprou a versão.

No último dia 24, notícia sobre meu depoimento na polícia (prestado no dia 23) ganhou capa com foto no Jornal da Cidade, um dos dois diários existentes, e a legenda indicava “a mulher que se diz jornalista…”. O mesmo jornal tem em sua equipe o (como poderia qualificá-lo?) colega Anselmo Brombal, que mesmo não tendo registro profissional é chefe de reportagem e, pasme, está na folha de pagamento da prefeitura municipal como assessor de marketing.

Isso tudo nas barbas do jornalista Fernando Dias, o repórter policial que, sempre com ar destemido, publicou que a polícia estava à procura da tal “mulher que se diz jornalista”. Fernando é membro da diretoria do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo. Definitivamente, não há o ínfimo sinal de ética na imprensa diária jundiaiense.

O caso de Anselmo Brombal está em discussão na Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas, como informou o próprio Sindicato.

Mais indignado ainda está o engenheiro Valverde, que há um tempão vem tentando trabalhar com honestidade. Por não se conformar em pagar propinas, tem seus projetos tramitando por meses na Prefeitura à espera de aprovação. Por meio de requerimentos na Câmara obteve as provas de favorecimento das empreiteiras. Por ousar processar a Prefeitura e empreiteiros favorecidos, vive sob ameaças veladas. Coincidentemente, ele e o advogado Paulo Braga, que leva adiante os processos, tiveram seus escritórios arrombados e roubados.

Sou jornalista formada em 1995 pela FIAM – Faculdades Integradas Alcântara Machado. O número do meu MTPS é 026352.

Em parceria com o jornalista Sérgio Seabra, meu irmão, escrevo coluna semanal sobre cinema brasileiro para o semanário Correio da Cidadania, dirigido por Plínio de Arruda Sampaio, e para o Estado do Paraná, jornal diário de Curitiba; também ao lado de Sérgio Seabra, edito a revista eletrônica Webcine Brasil, publicação na Internet que divulga o cinema brasileiro contemporâneo (http://www.uol.com.br/webcine). Colaboro, ainda, com a revista Marketing Cultural, publicação de circulação nacional.