Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Do catastrofismo à euforia (De como a recessão evaporou em menos de 30 dias!)



Meados de novembro, depois do aumento nas taxas de juros e o anúncio do pacote fiscal, a mídia vestiu-se de Cassandra e saiu profetizando um Natal Negro – vendas desastrosas, falências em cascata e desemprego generalizado no comércio.

De repente, os jornais de meados de dezembro apresentam um quadro diametralmente oposto: os estoques nas lojas estão no fim, os shoppings estão abarrotados e o consumidor, embora mais cauteloso, continua comprando o que precisa comprar.

Como explicar a fulminante virada macroeconômica? E este descompasso entre a previsão e a realidade?

A explicação é simples: logo depois do pacote, a mídia deixou-se levar pela pressão inicial dos seus anunciantes que queriam um refresco das autoridades. Como o governo não se assustou com o noticiário alarmista, os comerciantes, que não são bobos, fizeram o que deviam fazer: sapecaram promoções, descontos nas compras à vista e as facilidades de pagamento sem juros.

Resultado: as vendas surpreenderam.

A verdade é que estamos praticando um tipo de jornalismo reativo e não antecipatório ou preventivo. A mídia está bancando a grande Maria Vai Com as Outras, a reboque de quem pressiona primeiro e mais forte.

Ao invés de antecipar-se e cobrar do comércio um ajuste nas margens de lucro e taxas finais de juros menos escorchantes, a garotada saiu em campo para fazer "jornalismo crítico". Ferrou-se.

E deixou escapar outra bela oportunidade de liderar o interesse público convocando as chamadas classes produtoras para enfrentar as dificuldades.

Um dia, os leitores vão descobrir que os jornais são dispensáveis e então vai ser um deus-nos-acuda.