Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Dyke é o primeiro a admitir erro

BBC NA BERLINDA

O primeiro pedido de desculpas ? ainda em estágio embrionário ? da semana passada da BBC frente ao inquérito Hutton, partiu de Greg Dyke, diretor-geral da BBC. Informações de Matt Wells [The Guardian, 16/9] apontam que ele admitiu que “lições devem ser aprendidas” com a cobertura da briga sobre o dossiê do Iraque.

Dyke considerou “inaceitável” a decisão do repórter Andrew Gilligan de mandar um e-mail a parlamentares do comitê de relações internacionais inferindo que o especialista da biodefesa era fonte de outra jornalista da BBC, Susan Watts.

Dyke, no entanto, não poupou Alastair Campbell, que acaba de deixar o cargo de secretário de comunicações, de ter montado um “ataque pré-planejado” contra o jornalismo da corporação, na tentativa de “acertar contas antigas”.

Dyke, que também é editor-chefe, anunciou um planejamento de quatro pontos básicos para melhorar o jornalismo da BBC face à morte de Kelly. O novo manual para produtores da BBC regrará o uso de fontes anônimas e a forma como são descritas durantes as transmissões. Entrevistas chamadas de “two-way”, discussões informais ao vivo entre apresentadores e repórteres, podem não ser mais utilizadas em casos polêmicos de grandes dimensões.

Além disso, jornalistas da BBC não deveriam poder escrever artigos para outras publicações, como fez Gilligan para o Mail, sobre o conflito entre o governo e a corporação.

Gerald Kaufman, parlamentar do Partido Trabalhista (o mesmo de Tony Blair) famoso por sua índole combativa, membro do comitê especial de cultura, mídia e esporte, pediu a demissão de Greg Dyke do posto de diretor-geral da BBC após este confessar estar “na pior” em relação às intrigas sobre a reportagem de Andrew Gilligan.

Kaufman acusou Dyke de ser “tão negligente em exercer seus deveres de editor-chefe da BBC que deixou passar muitas semanas até fazer o mais elementar dos inquéritos” sobre o caso. Disse ainda que a história toda acerretou uma reputação abalada à BBC, de acordo com reportagem de Claire Cozens [The Guardian, 17/9].

O parlamentar disse achar apropriado que Dyke e sua equipe sejam demitidos, inclusive Richard Sambrook. “Apenas demissões em todos os níveis da BBC podem ser efetivas na restauração da reputação danificada da BBC.”