Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Eduardo Ribeiro

JORNALISMO INVESTIGATIVO

“Associaç&atildatilde;o para o jornalismo investigativo”, copyright Comunique-se (www.comunique-se), 6/09/02

“Me permita o colega Marcelo Beraba, diretor da sucursal da Folha de S. Paulo, no Rio de Janeiro, pegar carona e tornar pública uma idéia lançada por ele esta semana, em e-mail que trocou com alguns colegas com tradição no chamado jornalismo investigativo: a criação de uma instituição formada e mantida por jornalistas, independente dos jornais e das entidades de classe (sejam dos trabalhadores, como os sindicatos e a Fenaj, sejam das empresas, como a ANJ, Aner e Abert) ?voltada para a troca de informações, para a formação e a reciclagem profissional, para o aprofundamento dos conhecimentos e uso de ferramentas na área do jornalismo investigativo, para a formação de uma literatura e banco de dados, para a promoção de seminários, congressos e oficinas de aperfeiçoamento profissional; que pudesse fazer parcerias com os jornais, com as tevês e rádios, com as entidades de classe, mas que fosse voltada principalmente para o trabalho de crescimento profissional dos jornalistas?.

Beraba levantou essa bandeira aproveitando um momento extremamente favorável, por conta da realização, no Rio, no último sábado (31/8), do seminário Jornalismo Investigativo: Ética, Técnicas e Perigos, organizado pelo Knight Center for Journalism in the Americas, instituição dirigida pelo colega Rosental Calmon Alves – que hoje reside e dá aulas nos Estados Unidos.

A reflexão e a bandeira levantada por Beraba vão buscar referências em instituições com esse perfil existentes em outras partes do mundo, reconhecidas e atuantes em todos os sentidos. Caso do IRE (Investigative Reporters & Editors), criado pelos jornalistas dos Estados Unidos, e do Centro de Periodismo de Investigación, dos colegas mexicanos.

Não sou porta-voz dos colegas que hoje cumprem na imprensa brasileira missão tão nobre e arriscada, mas a idéia pelo que tem de espontaneidade e idealismo merece ser difundida e conhecida por jornalistas de todo o País. Se temos hoje, por aqui, um grupo significativo de profissionais talentosos e que seguramente estariam em qualquer seleção mundial de jornalistas, não temos, de outro lado, quase nenhuma atividade de apoio, de aperfeiçoamento profissional, o que certamente aconteceria se uma entidade com o perfil aqui definido fosse criada.

Não seria, como bem lembrou Beraba, uma entidade contra nada e nem contra ninguém, mas a favor da melhoria profissional, o que significa um respeito à sociedade que nos cobra um jornalismo de qualidade: ?É possível que uma entidade desta, a médio ou longo prazo, possa ajudar a criar alternativas de mercado no Brasil, é possível. Bom, digo isso tudo porque senti uma disposição grande do David Kaplan, coordenador de treinamento internacional do IRE que participou do encontro no Rio, e do Rosental, da Knight, de ajudarem no ponta-pé inicial de uma iniciativa desta natureza.?

Beraba está propondo que o assunto comece a ser discutido entre quem se interessar para ?amadurecer um projeto que pode sair logo, pode demorar um pouco ou pode nem sair, se a gente não sentir firmeza?.

É um início, sem dúvida alguma, e também uma resposta dos próprios profissionais à violência praticada contra a imprensa e contra os jornalistas, que ultrapassou qualquer limite de racionalidade e civilidade com o brutal assassinato de Tim Lopes, pelo crime organizado.

Nomes para compor um núcleo inicial de uma possível Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ou o nome que venha a ter) não faltam. Listá-los, no entanto, é tarefa das mais ingratas porque certamente acabaríamos esquecendo nomes importantes. Importante é dar o apoio necessário à viabilização de tão estratégico projeto para o jornalismo e para os jornalistas.”

 

LILIAN WITTE FIBE

“Lilian Witte Fibe negocia volta à TV aberta”, copyright Folha de S. Paulo, 10/09/02

“A retração de investimentos publicitários nas TVs abertas e a consequente falta de disposição das emissoras para criar infra-estrutura para produção de telejornais têm sido os principais empecilhos nas negociações para a volta de Lilian Witte Fibe para a TV.

Há dois anos a jornalista deixou a TV Globo, onde apresentava o ?Jornal da Globo? e transferiu-se para o portal Terra para comandar o ?Jornal da Lilian?, na internet, de outubro de 2000 a agosto de 2002. Saiu do ar porque Lilian preferiu não renovar contrato.

Em entrevista à Folha, a jornalista afirmou ter recebido propostas de algumas TVs abertas, das quais preferiu não revelar o nome ?por questões éticas?, mas disse que a falta de estrutura dos canais foi o principal motivo pelo qual não fechou contrato. ?As emissoras não se importam de pagar fortunas para ter grifes, nesse caso, meu nome, à frente dos noticiários, mas não dão condições para produção?, disse.

A Folha apurou que a jornalista vinha negociando com o SBT, além de ter sido procurada pelo diretor de jornalismo da Bandeirantes, Fernando Mitre, paraapresentar um jornal à noite.

No caso do SBT, o departamento comercial havia convencido Silvio Santos a fazer um jornal para concorrer com o ?Jornal Nacional?, da Globo. Mas, pelo jeito, e como sempre, acabou prevalecendo a vontade de Silvio Santos. Ele continua certo de que jornalísticos nem sempre dão retorno publicitário. Justificativa que deu quando extinguiu o departamento de jornalismo em 1997.

Hoje a emissora exibe o ?Jornal do SBT?, à 0h30. Mas nesse horário o risco de perder audiência e investimentos publicitários não é tão grande como às 20h, quando tem um público cativo das classes C e D, com novelas mexicanas. Colocar um jornal nesse horário poderia significar perder esse público e não necessariamente conquistar as classes A e B, que têm por hábito assistir ao ?JN?.

Ainda mais porque a emissora não daria a Lilian condições de produção semelhantes ao do concorrente. ?Não acreditar que noticiário com credibilidade pode ser gerador de receita deixa nas mãos da Globo todo o filão do telejornalismo?, disse Lilian.”