Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Eduardo Ribeiro

FOLHA DEMITE

"O coração de um demitido", copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 29/05/03

"Se listarmos neste mesmo Comunique-se, vamos ver, quase semana a semana, algum dos importantes veículos de comunicação do País promovendo corte de pessoal. O nosso tão temido passaralho, aquele que José Hamilton Ribeiro tão bem caracterizou em artigo histórico para o jornal Unidade, na matéria ?O tratado do passaralho?, nunca teve tanto trabalho. E nunca fez tanto estrago na carreira de tanta gente.

E nem me arrisco a citar nomes porque certamente cometeria a injustiça de esquecer alguma empresa, passando a idéia de que ela não demitiu… Quase todas o fizeram.

Esta semana foi a Folha de S.Paulo, mas do próprio grupo já tivemos cortes no Agora São Paulo, no UOL, no Valor Econômico, o fim da Folha da Tarde, do Notícias Populares. Na próxima, também teremos. Tenho certeza e assino embaixo. E assim iremos até sabe lá Deus quando.

Mas este não é um artigo para enumerar e comentar as demissões, para mostrar estatísticas ou coisa que o valha. Este é um artigo para mostrar o lado humano de uma demissão. Para revelar as nuances de quem dedicou bons anos de sua vida a um projeto, a uma empresa, a uma equipe e…adeus. Para ilustrar que de certo modo os profissionais, em que pesem todas as adversidades, estão do lado e torcem pelas empresas, porque sabem que será delas que virá o pão de cada dia. Mas, mais do que tudo, apresentar a angústia e motivação de alguém que sai de cabeça erguida com a convicção de saber que há, sim, vida inteligente lá fora.

Tomo a liberdade de pegar emprestada a carta de despedida do colega Luís Perez, um dos demitidos pela Folha, que sai de bem, que se orgulha do trabalho feito, e que certamente despede-se deixando as portas abertas. Nela vamos poder ver também o quanto é difícil para um profissional ver-se diante da despedida, depois de tantos anos de vida.

É dele a carta abaixo, enviada a todos os amigos amealhados ao longo de quase 13 anos de carreira:

?Gente,

Ontem foi meu último dia na Folha. Quase 13 anos após encontrar um Marcelo (nem lembro o sobrenome dele), da PUC, dizendo que estavam aceitando frilas na extinta ?Folha da Tarde?. A primeira matéria foi assinada em 30/7/1990. É impossível resumir tanto tempo, o interesse histórico que ainda nutro pela trajetória desse jornal, as alegrias e tristezas, as maluquices e pessoas incríveis que se pode conhecer em tanto tempo em poucas linhas de despedida.

Passei por praticamente todas as editorias do jornal, do qual, acho, saio ainda jovem (entrei aos 18, né?). Fui incumbido de transcrever os gritos dos caras-pintadas que expusaram Collor da Presidência. Comprei um exemplar em Lisboa quando FHC e Lula disputavam esse mesmo cargo pela primeira vez (áureos tempos do atlas Folha/NYT). Passei lá, naquela Redação, o melhor Réveillon da minha vida (sem contar o primeiro, visto que nasci num 31 de dezembro) aguardando o Bug do Ano 2000, que nunca veio e ainda me deixa na saudade. Fiz plantão na morte de Diana e na eleição de Lula. Ufa!

Foram tempos incríveis. Deparar com pessoas de caráter absolutamente irretocável ou até em certa medida retocável, acertos e erros (aprender sob pressão a arte de muitas vezes não se levar a sério), sem, no entanto, deixar de lá fazer amigos. ?Mala?, ?pentelho? etc., rótulos que levo com orgulho. Mas com a mesma disposição de desafiar os poucos dispostos a ousar a saber o porquê de tanto incômodo (por acaso, os que contam a história do nosso tempo). Ou a satisfação de fazer com que descubram que tais epítetos são de se orgulhar, de ter ficado perto da história de seu tempo sem a ela sucumbir. Ah, como às vezes dá vontade de mudar de profissão sem nunca contar para ninguém que um dia você teve o mesmo ofício de um… um repórter do ?NYT? que inventava verdades… Engenheiro? Advogado? Bem que minha mãe, que ficou muda com minha demissão (expliquei para ela que a CLT já morreu de caduca), queria que eu fosse médico. Quem sabe assim viraria ministro da Fazenda, não é mesmo?

Foram 13 anos. Treze anos!!! E saio extremamente feliz. Não porque dava sinais externos de descontentamento com o ?establishment?, mas porque, fora da Folha, do Projeto Editorial de 84, 87, 91, 97 etc. etc. etc., sinto-me livre de várias amarras, padrões, que já vinham dando sinais de fadiga primeiro pela economia e depois por terem sido assimilados por toda a imprensa. Mas tudo fica mais evidente agora, em que a Folha é um caminho que percorri, muito legal, cheio de pegadas, tempestades de areia, cicatrizes, alegrias e tristezas… Um passado, enfim. Que faz com que a gente torça nunca desaparecer (juro que nunca pensei que teria esse temor). Como instituição. Como sinal de que existe vida inteligente neste Hemisfério?.

Luís Fernando Matheus Perez, 28 de maio de 2003

(lperez2003@hotmail.com)"

FOLHA CONTESTADA

"Painel do Leitor", copyright Folha de S. Paulo

"1/06/03

CNBB

?Tomei conhecimento das notícias veiculadas por esse jornal, na edição de sexta-feira, sobre a recente reunião do Conselho Episcopal da CNBB, realizada em Brasília de 26 a 29 de maio (?Documento divulgado pela CNBB faz críticas às opções do governo?, Brasil, pág. A7). A respeito daquilo que o jornal cita como ?documento da CNBB?, tenho a esclarecer o que segue. A ?Análise de Conjuntura? é um texto de reflexão solicitado por esta presidência a um estudioso. As afirmações contidas no texto não são submetidas à aprovação dos bispos, mas permanecem sob a inteira e única responsabilidade do seu autor, que, por isso mesmo, assina o seu texto. Por isso afirmo que não se trata de um ?documento? dos bispos nem da conferência episcopal (CNBB). Lamento, pois, que tenham sido atribuídas à CNBB afirmações da ?Análise de Conjuntura? apresentadas na citada reunião do Conselho Episcopal em Brasília. Tal atitude leva à desinformação e à desorientação da opinião pública e não faz jus à verdade. A CNBB, por isso mesmo, acredita ser do seu direito exigir que não lhe sejam atribuídas afirmações que não são suas.? Dom Odilo Pedro Scherer, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil -CNBB (Brasília, DF)

Resposta da repórter Luciana Constantino – A reportagem informou que o documento ?Análise de Conjuntura? não é da CNBB, trouxe o nome do autor do estudo e deixou claro que o documento foi apenas discutido durante reunião da entidade.

30/05/03

TV

?Embora tenha retratado com exatidão os números cedidos por mim, bem como as minhas declarações e análises a respeito desses mesmos números, a capa da Ilustrada de 28/5 traz título desrespeitoso e com informação errada (?Ibope do SBT coloca em xeque audiência da Globo?). O título é desrespeitoso porque dá ao SBT o que dele não é, nunca foi e jamais será. Aliás, a reportagem correta do caderno Cotidiano de 28/5 (?Impasse cancela novo medidor de audiência?) deixa isso bem claro. Além disso, ela é desrespeitosa porque chama de ibope o índice que foi construído precisamente para quebrar o monopólio existente. A informação incorreta é a que diz que o ?SBT leva vantagem em seus [do novo órgão] números?. Bem, o SBT não leva vantagem, como aliás é possível ver até nos dados publicados na reportagem -há horários em que o SBT se sai pior no Datanexus do que no Ibope. Embora não tenha esperança nenhuma de que vá resultar em alguma mudança, sugiro à Folha que não sacrifique a decência em nome do suposto engenho que possa haver na solução encontrada para um título de reportagem.? Carlo Novaes, cientista político, presidente do Datanexus (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Daniel Castro – O Datanexus usou tecnologia desenvolvida pelo SBT e teve a sua implantação custeada pela emissora. Na primeira quinzena de maio, o SBT teve um ponto a mais de média no Datanexus do que no Ibope nas faixas vespertina e noturna. Nas manhãs, teve 0,2 ponto a menos.

Banco Central

?Refutamos veementemente a leviana insinuação do sr. Luís Nassif na coluna (?A terceirização do BC?, Dinheiro, pág. B3, 29/5) de que profissionais que aceitam servir ao país como diretores do Banco Central o fazem apenas para ?alavancar? futuras carreiras no setor privado. Qualquer analista isento pode testemunhar as vantagens operacionais que esta instituição obtém por contar em sua diretoria com especialistas de diversas formações e origens -academia, setor privado e funcionários de carreira do próprio BC. Aliás, trata-se de prática adotada pela maioria dos bancos centrais e ratificada pelo Senado brasileiro, que, com a soberania que lhe concede o voto democrático, sabatina e aprova os indicados para essa diretoria. Não nos parece difícil entender que pessoas com alto espírito público aceitem prestar serviços ao país na diretoria do BC com a mesma isenção, honestidade e correção com que, acreditamos, jornalistas exercem seu inalienável direito de crítica.? Henrique de Campos Meirelles, presidente e João Antonio Fleury Teixeira, Paulo Sérgio Cavalheiro, Sérgio Darcy da Silva Alves, Beny Parnes, Ilan Goldfajn, Luiz Augusto de Oliveira Candiota e Antonio Gustavo Matos do Vale , diretores do Banco Central (Brasília, DF)

Resposta do jornalista Luís Nassif – A coluna não formulou acusações contra diretores do BC, mas contra a máxima de que a autonomia do banco tem de repousar nas mãos de profissionais de mercado incumbidos de regular seus futuros clientes ou empregadores. É enorme a relação de ex-diretores do BC que tiveram suas carreiras alavancadas pelo cargo. O senhor Meirelles poderia ser mais objetivo e esclarecer qual a razão por trás dessa manifestação de indignação."

CNBB PREMIA

"CNBB entrega prêmio Dom Hélder Câmara a jornalistas", copyright Radiobrás (www.radiobras.com.br), 31/05/03

"A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) entregou, ontem à noite, o prêmio Dom Hélder Câmara a jornalistas que fizeram trabalhos relacionados com a paz. Sérgio Dávila, da Folha de São Paulo; Ulisses Riedel, diretor da organização não-governamental União Planetária, e o Jornal de Opinião, pertencente à mídia católica, receberam o prêmio.

A categoria Grande Imprensa ficou com o jornal Folha de São Paulo, pelo trabalho de coberura da guerra no Iraque do repórter Sérgio Dávila, que cobriu a guerra entre Iraque e Estados Unidos direto de Bagdá, junto com o fotógrafo Juca Varela.

A categoria Imprensa Religiosa, mídia católica, ficou por conta do Jornal de Opinião, jornal semanal da Arquidiocese de Belo Horizonte, representada no evento pela repórter Edilene Ferreira. E a categoria Terceiro Setor Prêmio Especial, foi para o advogado Ulisses Riedel, que faz um trabalho direcionado para a paz mundial, a partir de uma rede nacional de tvs comunitárias.

A entrega do prêmio foi durante o encerramento do Seminário de Comunicação de Brasília, que este ano focalizou a ?Mídia e a Cultura da Paz?. Para Ulisses Riedel, esse prêmio é significativo porque a CNBB é um órgão de valores éticos e a mídia precisa usar a paz como instrumenrto de comunicação, tema tratado na carta do Papa João Paulo II sobre o Dia Mundial das Comunicações.

Participaram da cerimônia o jornalista Luis Martins, presidente da banca de jurados do Prêmio Dom Helder Câmara de Imprensa, o cineasta Sílvio Tendler, representante da Unesco, irmã Patrícia Silva, assessora de imprensa da CNBB, e Dom Raimundo Damasceno, Bispo auxiliar de Brasília."

"Jornalista da Folha recebe prêmio da CNBB", copyright Folha de S. Paulo, 31/05/03

"A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) entregou ontem em Brasília o Prêmio Dom Hélder Câmara de Imprensa ao jornalista Sérgio Dávila, 37, da Folha, em reconhecimento à sua cobertura da guerra do Iraque.

A premiação aconteceu durante o encerramento do Seminário de Comunicação de Brasília, evento anual cujo tema de 2003 é ?Mídia e Cultura da Paz?, promovido pela CNBB, pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e pelo Centro Cultural de Brasília, que sediou a cerimônia.?A premiação se deve à cobertura isenta, corajosa e independente que o repórter realizou como único representante da imprensa brasileira durante a invasão do Iraque pelas forças norte-americanas e britânicas?, disse d. Orani João Tempesta, diretor de comunicação da CNBB."