Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Educação e responsabilidade

ENSINO PÚBLICO

Carlos Vogt

A educação no Brasil tem passado por grandes transformações, que vêm ocorrendo, em parte, em virtude dos cenários que a globalização da economia impõe aos processos sociais e, em parte, pela dinâmica interna das políticas públicas voltadas para o tema.

A demanda pelo ensino cresce numa velocidade muito superior à capacidade de oferta que caracteriza hoje o Estado brasileiro e as linhas de ação de seus governos, em todos os níveis de organização política e institucional.

O ensino público gratuito, obrigação inalienável do Estado, sobretudo em países que, como o Brasil, são ainda pobres, do ponto de vista de suas instituições políticas e sociais, tem passado por crises que contribuem para desestabilizar um sistema que, já em si, não é dos mais sólidos.

Há, é verdade, um grande esforço para levar nossas crianças e nossos jovens para a escola, mas, freqüentes vezes, por falta de recursos e por falta de projetos educacionais mais abrangentes e integradores, esse movimento resulta quantitativamente positivo e qualitativamente precário, como é o caso, por exemplo, do sistema de ciclos que, vê-se agora, mascara graves deficiências no processo de formação dos estudantes.

Problemática também é a atitude do poder público quando procura jogar um nível de educação contra o outro, buscando, dessa forma, identificar culpados fora de seu âmbito de atuação, quando se sabe que as boas soluções para o ensino não são isoladas e compartimentadas, mas integradoras e solidárias, por definição.

O ensino público superior, no Brasil, tem sido muitas vezes apontado como o grande vilão-papa-níquel das verbas do ensino e, desse modo, execrado em prosa e fúria por alguns órgãos da mídia e da imprensa.

Responsabilidade ética

Erro conceitual, ético e estratégico que pode trazer conseqüências graves ao processo de formação superior de nossos estudantes e gerar atrasos ainda mais comprometedores em nossa capacidade e em nossa competência profissional para enfrentar os sérios desafios que a nova organização econômica mundial vai determinando às sociedades globalizadas.

A interação sistemática com o mercado de trabalho é, desse ponto de vista, fundamental e indispensável para compor o perfil profissional adequado de nossos jovens formandos. Aqui, o ensino técnico tem um papel definidor.

Mas, ao lado da profissionalização do estudante, é preciso não esquecer a sua formação integral e humanista para que ele se desenvolva com forte sentido de responsabilidade ética e social, isto é, seja competente em sua especialidade e seja cidadão exemplar na sua convivência na comunidade em que atua e na sociedade em que vive.

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