Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Efeitos sazonais

REVISTAS DOS EUA

As edições de setembro, mês importante no mercado editorial, não foram muito encorajadoras comercialmente para a maioria das revistas americanas, apontam David Carr e Allison Fass, do New York Times [19/8/02]. A televisão está se recuperando do ano terrível que foi 2001 para os negócios, mas muitas revistas ainda contabilizam porcentagens de dois dígitos a menos na quantidade de páginas de anúncios.

É importante notar que algumas publicações tiveram resultados excelentes, o que indica tendências de mercado. Anunciantes e executivos de editoras atribuem a desigualdade ao fato de que algumas áreas, como moda e decoração, continuam fortes e que, além disso, as publicações mais sólidas, líderes de mercado, estão sendo preferidas, deixando outras menores para trás. Isso explica, por exemplo, porque a GQ, que comemora seu 45o aniversário em setembro, teve alta de 30,7% no número de páginas de anúncios enquanto sua concorrente Esquire amargou queda de 8,4%. A Vogue teve sua melhor edição de setembro desde 1989 contra baixa de 11,5% da Elle com relação a 2001.

A sazonalidade é outro fator importante neste mês. A indústria da moda está lançando a coleção de inverno nos EUA ? motivo pelo qual a Vogue chega às bancas com cerca de dois quilos e 750 páginas. Como as revistas têm mais conteúdo, os leitores compram mais, o que é bom para o anunciante. Pode ser, todavia, que alguns patrocinadores, em vez de realmente terem aumentado investimento em setembro, tenham concentrado recursos neste mês que seriam gastos no resto do ano.

Com artigos mais curtos, muito mais imagens e o claro objetivo de conter a nova concorrente, Blender, são as características principais da nova versão da clássica revista de música Rolling Stone, que chegou às bancas recentemente. Observadores de mídia estão atentos para o desempenho da revista, pois ela pertence à Wenner Media, que tem dois outros títulos que vêm brigando duramente no mercado ? Men’s Journal e US Weekly. Os três títulos mudaram de editor este ano, reporta Keith Kelly [The New York Times, 26/8/02].

Jann Wenner, dono da editora, contratou Ed Needham como editor da Stone. Ele vem da versão americana da FHM, publicação masculina que atingiu aumento de 28,6% na circulação no primeiro semestre de 2002. Nos números mais recentes apresentados pelo Escritório de Auditoria de Circulação, a Stone teve queda de 15,6% nas vendas em bancas, embora sua circulação tivesse se mantido estável, com 1.254.200. O primeiro número redesenhado tem 76 páginas de anúncios de um total de 134, um número bom.

O maior indício de que há grande preocupação em concorrer com a Blender é o maior número de críticas de CDs. Há um ano no mercado, a Blender comenta 200 discos por mês e a Stone, tradicionalmente, comentava 20. Agora, quintuplicou esse número.

Jann Wenner espera que o novo design aumente as vendas da Stone, embora não fale publicamente a vendagem que almeja. Ele mantém o cargo de editor-chefe e tem fama de que controlava seus editores. Contudo, críticos dizem que teve de mudar de atitude, pois hoje é um milionário de 56 anos e não mais o rebelde que fundou a revista em San Francisco, há 35 anos.