Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Elisabeth Rosenthal

CHINA

"Governo chinês aumenta censura à imprensa", copyright O Globo / The New York Times, 16/09/02

"Enquanto o Partido Comunista Chinês prepara-se para o seu esperado 16 congresso em novembro, o chefe do seu Departamento de Propaganda, Ding Guangen, põe em prática a inglória tarefa de tornar dócil e obediente a nova e cada vez mais independente imprensa chinesa.

O departamento enviou um memorando à imprensa, detalhando o que pode e o que não pode ser publicado nos próximos meses. A recomendação óbvia é de que não haja independência de opinião neste ano de troca de lideranças no governo chinês. Problemas com a reforma dos impostos rurais, com acidentes em indústrias estatais e até o fato dos chineses comerem às vezes cães de raças estrangeiras foram considerados além do limite do publicável.

Relatos de crimes medonhos, como esquartejamentos ou múltiplas punhaladas, também devem ser desestimulados por serem considerados nocivos à estabilidade social, bem como reportagens sobre o crescente contraste entre ricos e pobres no país.

Punição gradual com cartões amarelos até o jornal fechar

Embora no ano passado o Partido Comunista tenha alardeado sua decisão de admitir empresários em seus quadros, este ano os editores foram orientados para não dar publicidade ao fato de que homens de negócios privados são membros do partido, mesmo que estejam atuando como delegados do congresso.

Dúzias de agressivos pequenos jornais e revistas bem como TVs regionais e por satélite surgiram na última década. Muitos estão mais inclinados a satisfazer o gosto dos leitores que as demandas do governo.

A advertência parece ter sido ouvida pela imprensa, mas não inteiramente. O jornal ?Jornal de Economia da China? noticiou recentemente o colapso do comando econômico, concluindo que os números do governo foram acidentalmente adulterados. O ?Notícias da China? investigou o abuso sexual de estudantes por professores, focalizando casos recentes em Pequim. O ?Diário dos Trabalhadores? noticiou que quase a metade das minas de carvão do governo tem níveis perigosos de gás e número semelhante não tem monitores de segurança.

A editora Hu Shuli da ?Caijing?, a maior revista de economia da China, considera muito bom que o governo tenha um órgão de propaganda, mas diz que agora a boa imprensa comercial está também se desenvolvendo, ainda que, segundo ele, seja pequena e abalada por muitos tormentos.

Esses tormentos aumentaram recentemente, quando o comando do partido resolveu fazer uma limpeza na mídia e também na internet durante a preparação do congresso.

A regra de punição agora é futebolística. Notícias equivocadas, segundo a orientação do partido, recebem cartões amarelos de advertência. Três cartões amarelos indicam que o jornal está sob risco de ser fechado. Uma vez que uma reportagem pareça inaceitável, o departamento ameaça seus editores ou proíbem outros jornais de publicá-la.

Recentemente, por exemplo, a propaganda oficial do partido obrigou o jornal ?Diário do Sul? a interromper a impressão depois que o governo descobriu que, na primeira página, havia uma denúncia de corrupção no Projeto Hope, de educação governamental para pessoas carentes. O texto foi censurado, mas cópias do original foram amplamente divulgadas na internet."

 

LÍBANO

"Fechada, TV libanesa vai à Justiça", copyright O Estado de S. Paulo, 13/09/02

"Um tribunal libanês marcou para o dia 16 a primeira audiência das acusações sobre a emissora de tevê MTV, fechada supostamente por violar as leis com sua cobertura de uma votação considerada um referendo sobre a dominação Síria sobre o Líbano. A MTV, cujo proprietário, Gabriel Murr, é contrário à presença da Síria no Líbano, foi tirada do ar há uma semana, quando as forças de segurança invadiram seus escritórios após um tribunal declarar que a estação havia violado as leis de difusão com sua cobertura sobre as eleições.

O fechamento da emissora, a mais recente medida da campanha das forças de segurança libanesas pró-Síria contra a oposição ao domínio sírio, liderada pelos cristãos, provocou agitação em um país amplamente considerado um reduto da liberdade de imprensa no mundo árabe. E também provocou críticas, incluindo da Embaixada dos EUA em Beirute e do grupo guerrilheiro libanês Hezbollah. No sábado, as forças de segurança dispersaram com jatos de água uma manifestação no centro de Beirute contra a decisão de tirar a emissora do ar."